14/03/2016
- Relatório demonstra que a região apresenta vulnerabilidades “potencialmente devastadoras”
- Quatro em cada cinco países carecem de uma estratégia de segurança cibernética
Os líderes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) fizeram hoje um apelo aos países da América Latina e do Caribe para que acelerem seus trabalhos em segurança cibernética, após a apresentação de um novo estudo elaborado por ambas as instituições, com o apoio da Universidade de Oxford, que demonstra que a região é altamente vulnerável a ataques cibernéticos potencialmente devastadores.
O relatório Segurança Cibernética 2016 - Estamos preparados na América Latina e no Caribe?revela que quatro em cada cinco países da região não possuem estratégias de segurança cibernética ou planos de proteção da infraestrutura crítica. Dois em cada três não possuem um centro de comando e controle de segurança cibernética. A grande maioria das promotorias não tem a capacidade de processar crimes cibernéticos, entre outras carências.
O relatório analisa o estado de preparo de 32 países com base em 49 indicadores. Essa é a primeira radiografia profunda do nível de preparo da América Latina e do Caribe diante da crescente ameaça dos crimes cibernéticos.
O Uruguai, Brasil, México, Argentina, Chile, Colômbia e Trinidad e Tobago estão em um nível intermediário de desenvolvimento, mas ainda distantes de países avançados como os Estados Unidos, Israel, Estônia e República da Coreia.
“Este relatório é um chamado de ação para que protejamos nossos cidadãos e nossa infraestrutura essencial do século XXI", afirmou o Presidente do BID, Luis Alberto Moreno. “Nossa região chegou tarde à Revolução Industrial. Não podemos perder a oportunidade inaugurada pela revolução digital. Por esse motivo, a segurança cibernética precisa ser uma prioridade".
O Secretário-Geral da OEA, Luis Almagro, enfatizou que o espaço cibernético, cada vez mais, constitui parte integrante das vidas cotidianas das pessoas nas Américas, sendo imprescindível para seu desenvolvimento. “Por esse motivo, temos que perceber a segurança cibernética como qualquer outra forma de segurança: um tema de altíssima prioridade para nossos povos, sem o qual estamos expostos a perdas potencialmente catastróficas. Nesse contexto, nosso lema “Mais direitos para mais pessoas” se traduz no compromisso de continuar trabalhando para fortalecer as capacidades de nossos países de proteger as pessoas, as economias e a infraestrutura crítica de nossa região".
O risco de abusos aumenta à medida que a América Latina e o Caribe são incorporados à revolução digital. A região é o quarto maior mercado móvel do mundo. A metade da população usa a Internet. Existem países na América Latina que processam 100% de suas compras governamentais pela via eletrônica. Os riscos serão multiplicados com o advento da “Internet das Coisas”, em que não apenas os computadores estarão interconectados, mas também um universo de máquinas e sensores inteligentes, controlando virtualmente tudo o que usamos no nosso dia a dia.
Essa avaliação do amadurecimento das políticas de segurança cibernética inclui 49 indicadores distribuídos em cinco áreas: política e estratégia, cultura e sociedade, educação, marco jurídico e tecnologia. O relatório inclui datas técnicas de todos os países e analisa elementos fundamentais como a situação das legislações e a capacidade dos países de responder aos incidentes.
Em 16 países, a capacidade de resposta a incidentes cibernéticos não é coordenada. Somente quatro países da região superam o nível intermediário de desenvolvimento nesse aspecto.
Apenas seis países da região contam com um programa estruturado de educação em segurança cibernética com orçamento estável e mecanismos de investigação e transferência de conhecimento.
O relatório também contou com a colaboração do Center for Strategic International Studies, Fundação Getúlio Vargas, Organização FIRST, Conselho da Europa, Potomac Institute e Fórum Econômico Mundial.
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