Para diretora do programa de formação de professores de Harvard, Katherine Merseth, o processo de ensino-aprendizagem ganha mais o processo de ensino-aprendizagem ganha mais quando o foco está no docente e não no aluno
docente e não no aluno.
Toda vez que uma família entrega uma criança para a escola, um voto de confiança está sendo feito. Cabe, pois, aos educadores honrar esse pacto. Com essa observação, a americana Katherine Merseth, diretora do Programa de Formação de Professores de Harvard, dá a dimensão do papel do professor na vida de seus alunos e familiares.
Em visita a São Paulo, onde participou do debate “Como transformar a carreira de professor no Brasil”, promovido pelo Instituto Península na quinta-feira 17, a estudiosa ganhadora de diversos prêmios de ensino e pesquisa e com mais de 30 anos de experiência como docente, frisou a importância da figura do professor comprometido e capacitado para uma educação de qualidade.
“Todo mundo sabe que a educação tem uma missão transformadora. E o que muitas pesquisas mostram é quando falamos sobre o quanto um aluno consegue aprender, o maior determinante nesse aspecto é o professor. O sucesso do estudante tem como seu maior fator influenciador a figura do docente”, diz.
Eis a importância de formar bem o professor. Escolas de alta qualidade são aquelas que têm a expectativa em mesma medida que responsabilidade para com seus alunos e educadores. “Nos Estados Unidos, nós responsabilizamos o professor, mas não o formamos adequadamente. Se quisermos responsabilizá-los é preciso antes oferecer formação”.
A especialista ressalta que o professor precisa ter um conhecimento muito sólido sobre a disciplina que está lecionando, ou seja, do conteúdo curricular, mas também precisa ter conhecimento dos métodos de ensino. “A gente aprende a ser professor na sala de aula, mas precisamos de um coach. É preciso saber o que funciona e o que não funciona”.
Segundo Katherine, nos Estados Unidos, já é sabido que algumas estratégias não são eficazes como reduzir o tamanho da classe de 30 para 15 alunos por professor ou desmembrar escolas maiores em núcleos menores. “A Gates Foundation [maior fundação de caridade do mundo mantida pela família de Bill Gates] gastou 2 bilhões de dólares ao longo de 10 anos transformando grandes escolas de Ensino Médio em escolas pequenas de 400 alunos cada. E isso não melhorou o desempenho dos alunos”.
Outro mito é que professores não necessariamente se tornam mais eficientes quanto maior for o tempo que estão ensinando. “Se não houve um trabalho de planejamento e acompanhamento, isso não se torna verdade”. Além disso, gastar mais dinheiro em educação nem sempre se traduz em melhores resultados. “Os Estados Unidos gastaram 73% mais na escolarização em 2005 em relação a 2004 e mesmo assim o aprendizado dos alunos não teve melhora significativa”.
Então quais são as estratégias que trazem, de fato, melhorias para a educação? Gravar boas aulas para depois assisti-las, exemplifica Katherine. “É importante que o professor se observe e observe outros mais experientes que ele. Assim ele vai conseguir visualizar situações do tipo ‘aquela hora que fiz isso, o aluno reagiu daquela maneira’ e aprender. É como um esporte, é preciso treinar para ficar cada vez melhor. Na Harvard, a formação inicial de professores passa por 500 horas de supervisão”.
Para que essa prática seja bem-sucedida, a cultura da escola também precisa ser de colaboração. “Os professores precisam se visitar, ter salas de aula abertas, dizer para os outros ‘venha ver como dou aula’”, defende a especialista.
Katherine, no entanto, é receosa quando se trata de falar sobre políticas de bonificação. “Pagar o professor pelo desempenho dos alunos é algo polêmico e não é uma estratégia de incentivo efetiva, durável”, pondera. “Tem resultados a curto prazo apenas. Não posso recomendar, mas é o que estão fazendo nos Estados Unidos.”
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