O estudo da Fundação Varkey mostra que a maioria tem uma visão pessimista do futuro e poucos são influenciados por políticos
GABRIELA VARELLA
17/02/2017 - 08h00 - Epoca
O ranking de bem-estar dos jovens foi medido pela escala Warwick-Edimburgo de Bem-Estar Mental, desenvolvida pela Universidade de Warwick em parceria com a Universidade de Edimburgo, a serviço do departamento de saúde pública de Edimburgo, na Escócia – o NHS Health Scotland. No teste, o indivíduo atribui notas de 1 a 5 a cada resposta sobre experiências pessoais. Quanto mais alta a avaliação, maior o nível de bem-estar. O Brasil teve o pior desempenho entre os 20 países estudados. Apenas 16% dos jovens afirmam se sentir emocionalmente bem e menos da metade dos brasileiros – 46% – acredita que o país é um bom lugar para viver. Na pesquisa, o sentimento que definia a satisfação era o de não pensar demais nos próprios problemas, a ausência de ansiedade, não se sentir intimidado, nem rejeitado ou solitário. Os melhores índices de bem-estar foram os de jovens da Indonésia, com 40% de afirmações positivas, e de Israel, com 38%.
Os homens se declararam mais felizes que as mulheres. O mesmo ocorre com os jovens de países emergentes. Eles se sentem mais felizes que os de países desenvolvidos. Os maiores temores dessa geração são motivados pelo terrorismo: oito em cada dez têm medo do extremismo e 81% temem a guerra. Entre outras preocupações, foram citadas a desigualdade social (69%), as alterações climáticas (66%), as pandemias (62%) e o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas (30%). Por outro lado, existe um predomínio de confiança na tecnologia, vista por 84% dos entrevistados como uma perspectiva de esperança para o futuro.
Qual a opinião dos jovens sobre imigração?
Há receptividade de boa parte dos jovens em todo o mundo em relação ao acolhimento a imigrantes: 43% afirmam que o governo não está fazendo o suficiente para enfrentar a crise dos refugiados. Em 14 países, a juventude é favorável a facilitar o emprego dos imigrantes em seu país. De acordo com a pesquisa, a Índia liderou o ranking de apoio aos exilados. Por lá, 47% têm uma visão positiva sobre o auxílio aos refugiados. Uma exceção é a Turquia – que já recebeu mais de 3 milhões de refugiados –, onde 49% dos jovens afirmam que o governo fez mais do que devia ao receber os exilados do país vizinho. Assim como os indianos, a China e o Brasil demonstram uma atitude positiva na acolhida de refugiados. Para 45% dos brasileiros, o país deveria oferecer caminhos mais fáceis para o imigrante viver e trabalhar no país.
Em todos os países que participaram da pesquisa, os jovens são favoráveis à maior tolerância e ao fim do preconceito racial, religioso e de gênero. Entre os entrevistados, 89% se mostraram favoráveis à igualdade entre homens e mulheres; 74% apoiam a política de direitos a transexuais; 66% aprovam o aborto seguro e 63% querem a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. “Os jovens creem apaixonadamente no direito de cada um ter a vida que escolher, livre de qualquer tipo de preconceito”, afirma Vikas Pota, executivo-chefe da Fundação Varkey.
Religião
A fé e o compromisso com a religião foram um dos tópicos mais populares entre os motivos que trazem felicidade aos jovens na África e nas Américas. Oito em cada dez africanos (77%) enxergam a fé como algo relevante. No entanto, quase 39% dos entrevistados dos demais países dizem que a religião não tem nenhum significado em sua vida pessoal. A religião foi especialmente impopular para os europeus na pesquisa. Considerando jovens de todas as nacionalidades, 64% demonstram ser tolerantes e respeitar a decisão de amigos seguirem outras religiões. Nesse ponto, a exceção foi a Nigéria. Por lá, 43% acreditam que a religião é determinante para decidir se convém ter ou não amizade com alguém.
Carreira
A Geração Z tem um mal em comum: pouco tempo para dormir, descansar, praticar exercícios e outras atividades pessoais. Nesse ponto, somente 17% se dizem satisfeitos. A Nigéria registrou o grau mais elevado de bem-estar quanto a necessidades pessoais. Ainda assim, menos da metade (41%) dos entrevistados deu respostas positivas. Israel apresentou o pior resultado nesse quesito. Apenas 8% dos jovens israelenses se mostraram satisfeitos com o tempo que têm para cuidar da vida pessoal.
O dinheiro é motivo de preocupação e ansiedade para metade dos jovens que respondeu à pesquisa. A educação é a maior preocupação para 46% deles. Os maiores índices de apreensão foram registrados entre os jovens da Coreia do Sul e do Canadá, que estão entre os melhores países no ranking de matemática e leitura do PISA (Programa de Avaliação Internacional de Estudantes), avaliação trienal feita pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Acompanhe os dados do Brasil no videográfico:
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