A reforma na estrutura do ensino médio, em discussão no Congresso Nacional e no Ministério da Educação, pode tirar da gaveta uma esperada mudança de rota na educação dos jovens brasileiros: a aproximação dessa etapa ao interesse dos estudantes e ao mundo do trabalho.
A expansão do ensino técnico de nível médio deve ganhar força com a reformulação. Mas esse movimento depende da superação de desafios econômicos, burocráticos e pedagógicos.
O número de matrículas no ensino técnico teve em 2015 uma queda inédita, o que não se via pelo menos desde 2007. Os dados coincidem com a piora da crise econômica e cortes em iniciativas como o Pronatec (programa federal de educação profissional).
A retração de 3% na quantidade de alunos entre 2014 e 2015 interrompeu um avanço anual de matrículas de 9%, registrado desde 2011. A meta do PNE (Plano Nacional de Educação) é triplicar essas matrículas até 2024. O que exige um ritmo de crescimento de 20% ao ano.
Havia no ano passado 763 mil estudantes de ensino médio em cursos de formação técnica. Isso representa 9% do total de alunos da etapa.
Outros 1 milhão de alunos já haviam terminado o médio, mas faziam curso profissional. Somando, são quase 1,8 milhão de alunos no ensino técnico de nível médio.
O que pode estimular a educação profissional é a flexibilização do ensino médio, prevista no novo modelo. Metade da grade será comum e, para o restante das aulas, haverá a opção de aprofundamento em cinco habilitações: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico.
Hoje, todos os alunos do ensino médio devem cumprir a mesma carga horária de 13 disciplinas. Isso vale até para quem está em cursos integrados (em que o aluno faz o técnico e o médio normal na mesma escola).
ENGESSAMENTO
Para estudiosos, esse "engessamento" de disciplinas obrigatórias não permite uma trajetória de estudos que seja do interesse dos alunos.
"A escola não faz parte do projeto de vida do estudante, que não vê sentido no que estuda. Ele aprende quase nada de muita coisa", diz a presidente do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz.
Daniel Cava, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz que o projeto em discussão falha por não envolver professores e alunos. "Conclusão: tende a não dar certo."
Além do novo currículo, parcerias com entidades, como o Senai, escolas privadas e empresas devem ser contempladas no novo modelo.
"Talvez o aluno possa ter atividades na escola e uma integração com empresas com o jovem aprendiz, valendo como parte da formação", diz Eduardo Deschamps, presidente do Consed (entidade que reúne os secretários estaduais de Educação do país).
A expansão desse tipo de formação atende a vários desafios, segundo especialistas. Além de tentar mudar um ensino que não dialoga com os jovens, ainda colabora com a melhor qualificação da força de trabalho no país.
Diretor do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), Rafael Lucchesi afirma que a educação profissional tem papel chave na melhora da produtividade.
"Precisamos entender que o ensino médio é a transição. Uma parte vai para a universidade, outra vai direto para o mundo das profissões", diz.
Laura Laganá, do Centro Paula Souza, responsável pelas escolas técnicas paulistas, lembra que ensino técnico não é só para a indústria. "Há formação em artes, tecnologia, vídeo. Por isso, a oferta tem de ser casada com as vocações regionais", diz.
Em tempos de crise, a diretora de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin, afirma que o país precisa estabelecer prioridades para os investimentos. "O ensino técnico demanda laboratórios bem equipados, professores competentes tecnicamente e com didática sólida".
O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), diz que o governo deve ter políticas de indução às redes, mas não deu detalhes. "A discussão tem sido com os Estados, que demandam mudanças. Não haverá dificuldades".
As mudanças são discutidas desde 2013 na Câmara federal. O MEC deve enviar texto complementar até outubro. Só após a aprovação dessa lei é que as discussões da base curricular comum para o médio serão retomadas.
A expansão do ensino técnico de nível médio deve ganhar força com a reformulação. Mas esse movimento depende da superação de desafios econômicos, burocráticos e pedagógicos.
O número de matrículas no ensino técnico teve em 2015 uma queda inédita, o que não se via pelo menos desde 2007. Os dados coincidem com a piora da crise econômica e cortes em iniciativas como o Pronatec (programa federal de educação profissional).
A retração de 3% na quantidade de alunos entre 2014 e 2015 interrompeu um avanço anual de matrículas de 9%, registrado desde 2011. A meta do PNE (Plano Nacional de Educação) é triplicar essas matrículas até 2024. O que exige um ritmo de crescimento de 20% ao ano.
Havia no ano passado 763 mil estudantes de ensino médio em cursos de formação técnica. Isso representa 9% do total de alunos da etapa.
Outros 1 milhão de alunos já haviam terminado o médio, mas faziam curso profissional. Somando, são quase 1,8 milhão de alunos no ensino técnico de nível médio.
O que pode estimular a educação profissional é a flexibilização do ensino médio, prevista no novo modelo. Metade da grade será comum e, para o restante das aulas, haverá a opção de aprofundamento em cinco habilitações: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e ensino técnico.
Hoje, todos os alunos do ensino médio devem cumprir a mesma carga horária de 13 disciplinas. Isso vale até para quem está em cursos integrados (em que o aluno faz o técnico e o médio normal na mesma escola).
Para estudiosos, esse "engessamento" de disciplinas obrigatórias não permite uma trajetória de estudos que seja do interesse dos alunos.
"A escola não faz parte do projeto de vida do estudante, que não vê sentido no que estuda. Ele aprende quase nada de muita coisa", diz a presidente do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz.
Daniel Cava, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz que o projeto em discussão falha por não envolver professores e alunos. "Conclusão: tende a não dar certo."
Além do novo currículo, parcerias com entidades, como o Senai, escolas privadas e empresas devem ser contempladas no novo modelo.
"Talvez o aluno possa ter atividades na escola e uma integração com empresas com o jovem aprendiz, valendo como parte da formação", diz Eduardo Deschamps, presidente do Consed (entidade que reúne os secretários estaduais de Educação do país).
A expansão desse tipo de formação atende a vários desafios, segundo especialistas. Além de tentar mudar um ensino que não dialoga com os jovens, ainda colabora com a melhor qualificação da força de trabalho no país.
"Precisamos entender que o ensino médio é a transição. Uma parte vai para a universidade, outra vai direto para o mundo das profissões", diz.
Laura Laganá, do Centro Paula Souza, responsável pelas escolas técnicas paulistas, lembra que ensino técnico não é só para a indústria. "Há formação em artes, tecnologia, vídeo. Por isso, a oferta tem de ser casada com as vocações regionais", diz.
Em tempos de crise, a diretora de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin, afirma que o país precisa estabelecer prioridades para os investimentos. "O ensino técnico demanda laboratórios bem equipados, professores competentes tecnicamente e com didática sólida".
As mudanças são discutidas desde 2013 na Câmara federal. O MEC deve enviar texto complementar até outubro. Só após a aprovação dessa lei é que as discussões da base curricular comum para o médio serão retomadas.