Avaliações educacionais mostram que o ensino médio não apresenta as melhoras vistas no fundamental.
Os alunos do 5º ano tiveram um avanço de 27 pontos em leitura e 34 em matemática, na avaliação nacional de aprendizagem. Isso significa que os alunos do 5º ano de 2013 obtiveram pontuação equivalente aos alunos do 7º ano de 2003. Já no ensino médio, houve recuo de 3 e 9 pontos, respectivamente.
Pesquisas também têm destacado uma faixa etária crítica para a evasão escolar. O pico ocorre entre os 14 e 18 anos, a idade em que os jovens deveriam cursar o ensino médio.
Estes fatos reforçam a ideia de uma crise no ensino médio: a noção de que ele traz poucos benefícios para os jovens com baixa expectativa de ingressar no ensino superior, e de que há um descompasso entre o currículo e as necessidades dos estudantes.
Não há dúvidas que o ensino médio enfrenta problemas, tanto de qualidade quanto de desenho. Mas é preciso não exagerar nestes argumentos, afinal, nossos problemas educacionais não começam nesta fase e a ideia de que ela é inútil para a maioria dos jovens não condiz com as evidências.
Primeiramente, o decréscimo no desempenho dos concluintes do ensino médio precisa ser mais bem estudado.
É necessário reconhecer que a composição dos alunos que fazem a prova vem mudando: boa parte dos estudantes que chegam ao fim do ensino médio não alcançariam este feito há uma década. A taxa de matriculados com a idade ideal passou de 38,4% em 2001 para 55,5% em 2013, o que pode ter contribuído para prejudicar o crescimento das notas na Prova Brasil.
Em segundo lugar, é bem documentado que o principal previsor da evasão é o atraso escolar. Alunos que não atrasam praticamente não deixam a escola. E uma parcela significativa das repetências é obtida ainda no fundamental.
Por fim, o prêmio salarial por cursar o ensino médio é significativo. Dados da PNAD de 2013 mostram que o diferencial de renda entre indivíduos que deixaram a escola após terminarem o ensino médio e após terminarem o fundamental é de 33%. O prêmio é similar ao obtido na segunda fase do fundamental, e superior ao da primeira.
Mesmo que a melhoria da qualidade do ensino e a adequação do currículo às necessidades dos alunos sejam bem-vindas, é preciso reconhecer que eles têm muito a ganhar em concluírem o ensino médio que aí está. E para isso, é importante que cheguem lá na idade correta.
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