17 de setembro de 2015

Um em cada quatro alunos do 3º ano do fundamental está no nível mais baixo de alfabetização e de matematicas




 ANA RIO — A Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) divulgada nesta quinta-feira revelou que 22,21% dos alunos brasileiros do 3º ano do ensino fundamental na escola pública estão no pior nível de alfabetização no que diz respeito à leitura, ou seja, podem até ler palavras, mas não são capazes de compreendê-las. No que diz respeito à escrita, a ANA aponta que 11,64% dessas crianças não conseguem escrever palavras e relacionar os sons às letras.
A avaliação foi elaborada com base em questionários contextuais e teste de desempenho, nos quais foram verificados os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa e a alfabetização em Matemática. Os resultados da ANA não compõem o Índice de Desenvolvimento Educação Básica (Ideb), mas funcionam como um diagnóstico das crianças na alfabetização. Este ano, a avaliação, que começou a ser aplicada em 2013, seria aplicada pela terceira vez, mas foi suspensa em função dos cortes de gastos.
As crianças que estão no nível 1 conseguem ler palavras, mas é só na categoria seguinte que elas demonstram capacidade de localizar informações explícitas em textos curtos, como piada, poema e quadrinho, e reconhecer a finalidade de texto.
A diretora-executiva do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, considerou os dados "muito preocupantes". Segundo ela, a alfabetização é base da aprendizagem e o percentual de crianças que alcançaram os níveis máximos na avaliação — patamar ideal de letramento — são muito baixos: 11,20% em leitura e 9.88% em escrita.
— A meta do Todos pela Educação é que toda criança esteja plenamente alfabetizada até os 8 anos. Nessa idade, é importante que isso esteja consolidado para que ela alcance autonomia para continuar aprendendo e evoluindo na escola. Se isso não acontece, fica mais difícil corrigir as deficiências e ela é atropelada pelo currículo.
DISCREPÂNCIA ENTRE LEITURA E ESCRITA CHAMA ATENÇÃO
A discrepância entre os índices de leitura e escrita chamou a atenção de especialistas. De acordo com Inês Kisil Miskalo, gerente-executiva de Educação do Instituto Ayrton Senna, é estranha a diferença de resultados, já que uma depende da outra.
- Isso pode revelar dois quadros. O primeiro é que os alunos estão melhor na escrita do que na leitura, o que seria improvável, já que a criança precisa ler bem para ter repertório para a escrita. O segundo é que a avaliação da leitura foi mais rigorosa que a da escrita. Mas, para descobrir isso, precisamos nos debruçar sobre os instrumentos de avaliação.
Entre as regiões brasileiras, a que apresentou maior número de crianças no nível 4 de leitura (considerado ideal) foi o Sudeste com 16,75%. O índice mais baixo de alunos na faixa ideal foi registrado na região Norte: 4,84%. No recorte sobre o desempenho em escrita, o Sudeste também apresentou a maior quantidade de alunos no último nível, 15,43%. O quantitativo mais baixo, neste ponto, foi registrado no Nordeste, onde apenas 3,72% dos estudantes estão na última faixa de desenvolvimento.
Priscila Cruz ressaltou o caso de estados como Maranhão, Alagoas e Amapá, que têm os piores índices, quadro que vem se arrastando ao longo de várias avaliações.
— Mais de 40% das crianças no Maranhão são analfabetas, visto que estão no nível 1, ou seja, não conseguem ler uma sentença. As crianças só começam a entrar no contexto de pré-alfabetização no nível 2 — ilustrou. — É preocupante porque estes estados sempre ficam mal, mas nada acontece. Se o Brasil quer universalizar a aprendizagem, precisa garantir a alfabetização das crianças.
No Rio, 21,59% das crianças avaliadas estão na faixa mais baixa de leitura e 10,74% no mesmo patamar em relação à escrita. O número de crianças no patamar ideal de alfabetização é de 10,13% em escrita e 8,38% em escrita.

 ANA RIO — Apenas 25,15% dos alunos brasileiros do 3º ano do ensino fundamental nas escolas públicas alcançam níveis máximos de aprendizado da Matemática, enquanto 24,29% estão na outra ponta, ou seja, no nível mais baixo. Os dados foram revelados pela Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) divulgada nesta quinta-feira.
A ANA classifica os estudantes em quatro níveis, no que diz respeito à matemática. No pior deles, espera-se que o aluno saiba ler horas e minutos no relógio digital, medidas em termômetro e régua, reconhecer figuras geométricas, comparar comprimento de imagens, entre outras. Segundo a ANA, os alunos que estão no último nível certamente sabem ver as horas em relógios analógicos e têm a percepção sobre cálculos mais complexos, com maior número de algarismos, além de saber multiplicar.
A avaliação é direcionada a unidades escolares e estudantes matriculados no 3º ano do ensino fundamental, fase final do ciclo de alfabetização, e produzirá indicadores no âmbito das escolas públicas brasileiras. Através de questionários contextuais e teste de desempenho, foram verificados o nível de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa e a alfabetização em Matemática.
Entre as regiões, a que registrou maior índice de alunos no pior nível de matemática foi Nordeste, com 38,59% dos alunos avaliados nesta faixa. No cenário oposto, com maior número de estudantes no nível 4 (o mais elevado) está a região sudeste com 36,13%.
Para Inês Kisil Miskalo, gerente-executiva de Educação do Instituto Ayrton Senna, o cenário é alarmante e precisa ser analisado com atenção. Como ela ilustra, em vários estados, mais da metade dos alunos estão nos níveis 1 e 2 em Matemática.
— Se pensarmos que o raciocínio lógico é construído pela Matemática, percebemos o quanto essa defasagem é significativa. Essas crianças terão dificuldade para construir um pensamento financeiro e, consequentemente, problemas na compreensão de outras disciplinas— disse.
Segundo Inês, esse aprendizado inadequado é fruto de um ensino falho ao longo das outras duas séries que antecedem o 3º ano. E ela atribui parte dessa baixa a falhas na formação de professores.
— Percebemos que muitos professores que atuam nessas turmas não passaram pela faculdade e não tiveram muito contato com a prática. A formação deles ainda é muito teórica — avalia. Precisamos ter uma rede de professores mais bem preparados para lidar com a alfabetização.
No Rio, a maior parte dos estudantes encontra-se no nível 2 de desempenho, índice que concentra 37,32% do total. Na pior faixa estão 23,94% dos alunos e, na melhor, 19,97%.
Os resultados da ANA não compõem o Índice de Desenvolvimento Educação Básica, o Ideb, mas funcionam como um diagnóstico das crianças na alfabetização. Este ano, a avaliação, que começou a ser aplicada em 2013, seria aplicada pela terceira vez, mas foi suspensa em função dos cortes de gasto.


No Brasil, uma de cada cinco crianças de oito anos não sabe ler

O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta quinta-feira (17), os dados da Avaliação Nacional de Alfabetização, que mede aprendizado de leitura, escrita e matemática

 - Atualizado em 
Sala de aula
Mais da metade dos alunos brasileiros até oito anos tem baixos níveis de leitura e não consegue solucionar questões com números maiores que 20 ou ler as horas em um relógio de ponteiros.(Joel Silva/Folhapress/VEJA)
Quando chegam ao fim do terceiro ano do Ensino Fundamental, uma em cada cinco crianças de oito anos (22,2%) não consegue ler uma frase inteira. Nesse período, em que deveriam estar completamente alfabetizadas, elas decifram apenas algumas palavras isoladas, de acordo com os dados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), nesta quinta-feira (17).
Além disso, mais da metade dos alunos (56,17%) só é capaz de encontrar uma informação em textos se ela estiver na primeira linha, o que revela o baixo fôlego de leitura dos alunos. Se precisa escrever um texto, um em cada três estudantes (34,4%) produz frases ilegíveis, com troca ou omissão de letras nas palavras. Em matemática, a maioria dos estudantes (57%) não consegue solucionar questões com números maiores que 20 ou ler as horas em um relógio de ponteiros.

A avaliação do MEC mede as habilidades de leitura, escrita e matemática de todos os alunos do país até o terceiro ano do Ensino Fundamental. No ano passado, os cerca de 2,3 milhões de estudantes de 49 000 escolas públicas dessa etapa foram avaliados de acordo com o nível em que se encontram nas três áreas. Na escala de leitura, por exemplo, o nível 1, onde estão 22,2% das crianças, é considerado inadequado. Na de escrita, os níveis 1 a 3, em que estão 34,4% dos alunos, são inadequados.
Em evento em São Paulo, nesta terça-feira (15), o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, adiantou que os níveis 1 e 2 da avaliação "inquietam". "Em países desenvolvidos e em boas escolas, as crianças estão alfabetizadas muito antes dos oito anos e isso precisa ser uma meta no Brasil", afirmou.
Diferenças por Estado - No país, as regiões Norte e Nordeste têm os piores resultados. Na escrita, apenas 3,72% dos estudantes do Nordeste e 4,12% do Norte alcançaram o melhor nível da avaliação. No Sul e Sudeste, o registro de alunos nesse patamar foi, respectivamente, de 32,55% e 36,13%. Para a escrita alcançar o melhor nível de avaliação, os estudantes precisam ter capacidade de escrever palavras com diferentes estruturas silábicas e um texto corretamente e com coerência.
Na leitura, apenas sete Estados (Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo) alcançaram resultados positivos, ou seja, mais de 50% dos alunos ficaram nos níveis mais altos.
Em matemática, alunos de cinco Estados (Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo) alcançaram as notas mais altas. Nos outros 22 Estados, as notas ficaram nos níveis mais baixos de aprendizado.
Matemática - De acordo com os resultados da ANA, 17,7% dos estudantes brasileiros estão no nível 3 em matemática, ou seja, são capazes de solucionar problemas com números maiores de 20 e fazer divisões exatas com o apoio de imagens. No nível 4, o mais alto da escala, estão um quarto dos estudantes (25,15%). Eles conseguem ler as horas em relógios analógicos, alguns elementos em gráficos de barras e são capazes de fazer subtrações com centenas e divisões em partes iguais sem o auxílio de imagens.
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do MEC responsável pela ANA, os resultados do exame de matemática estão ligados às notas da avaliação de leitura, pois, para interpretar os problemas e transformá-los em cálculos é necessária a habilidade de leitura e compreensão dos enunciados.
Exame cancelado - A ANA foi criada com o Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), lançado pela presidente Dilma Rousseff em 2012. Os indicadores de 2014 são semelhantes aos números de 2013, primeiro ano em que a avaliação foi feita. Na época, o MEC não divulgou oficialmente os dados da edição por considerá-los apenas um diagnóstico inicial.
Em relação à edição anterior da ANA, houve estagnação nos indicadores. Naquele ano, 57% dos alunos ficaram nos dois primeiros níveis de leitura. Em Matemática o porcentual foi de 58%. Já em escrita, 41,5% haviam ficado nos dois patamares inferiores - à época, a escala usada era de quatro níveis (este ano são cinco).
No início de julho, o MEC cancelou a realização da ANA de 2015. De acordo com o professor Francisco Soares, presidente do Inep, a decisão refletiu a necessidade de cortes financeiros, mas também questões pedagógicas. "Todos tinham de contribuir (com o ajuste fiscal). Mas tem um caráter pedagógico importante", disse. Há a possibilidade de que a prova seja aplicada a cada dois anos.
(Da redação)

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