18 de setembro de 2015

HÉLIO SCHWARTSMAN Padrão para o ensino


SÃO PAULO - Não era fácil a vida de consumidores e comerciantes na Idade Média. O padrão de pesos e medidas era bastante diversificado, variando às vezes de cidade para cidade. Não é uma coincidência que uma das exigências que o barões ingleses impuseram ao rei João, na Magna Carta, de 1215, tenha sido a uniformização de medidas para vinhos, cervejas e cereais.
Podemos ir mais longe e afirmar que a revolução científica experimentada pela humanidade a partir do século 16 só foi possível porque pesquisadores conseguiram desenvolver unidades de medida cada vez mais precisas e entrar em acordo quanto à sua utilização.
Por incrível que pareça, a educação brasileira ainda vive uma fase pré-Magna Carta, já que não contamos com um currículo nacional padronizado que permita a professores, alunos e pais saber com algum grau de detalhamento o que precisa ser ensinado (e aprendido) em cada fase da vida acadêmica de crianças e adolescentes. Sem esse consenso, fica bem mais difícil planejar e preparar aulas, desenvolver mecanismos de avaliação e recuperação e mesmo produzir material didático de qualidade. Até a mobilidade do estudante fica comprometida, já que diferentes escolas podem em princípio estar ensinando conteúdos muito distintos.
A boa notícia é que, ainda que com um atraso de quase 30 anos em relação à previsão constitucional, o Ministério da Educação acaba de apresentar sua proposta para a Base Nacional Comum curricular (BNC). A ideia é que ela seja discutida e aprimorada nos próximos meses.


Numa primeira passada de olhos (são 300 páginas), o nível de detalhamento me pareceu adequado, ainda que com alguns exageros. Não acho, por exemplo, que caiba ao BNC determinar que os jovens entrem em contato com o tai chi chuan. Também limparia o documento do pedagoguês politicamente correto que o marca. Mas agora temos um começo.

Folha de ZS.Paulo,18/9/2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário