- 3 março 2017
O vídeo de um professor surpreendido com um "corredor de aplausos" em seu último dia numa escola pública de São Paulo levou muitos leitores da BBC Brasil a compartilhar histórias de educadores que marcaram suas vidas.
Mas a homenagem a Luiz Antônio Jarcovis, que dava aula de Ciências na Escola Estadual Almirante Custódio José de Mello, também motivou comentários sobre as dificuldades vivenciadas por professores brasileiros.
Para que se destaquem, muitos deles têm de enfrentar uma série de obstáculos, como baixos salários, longas jornadas de trabalho e até o risco de agressões frequentes.
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Em estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que agrega 34 economias avançadas ou emergentes, o Brasil desponta como um dos países mais hostis para professores de escolas públicas.
Segundo a pesquisa Um Olhar sobre a Educação 2016, que compara a situação da educação em 45 países, professores brasileiros dos ensinos médio e fundamental recebem menos da metade do que a média dos países membros da OCDE.
O salário médio da categoria no Brasil é de US$ 12,3 mil ao ano (R$ 38,6 mil), valor também inferior ao de outras nações latino-americanas como Chile, Colômbia e México.
Além disso, professores brasileiros são, entre todos os países do estudo, os que trabalham mais semanas ao ano.
No Brasil, eles lecionam em média 42 semanas anuais, enquanto a média da OCDE são 40 semanas no pré-primário e 37 nos cursos técnicos.
Padrões escandinavos
Em compensação, professores universitários em instituições federais públicas no Brasil recebem entre US$ 40 mil e US$ 76 mil ao ano (de R$ 125,5 mil a R$ 238,6 mil), valor mais elevado do que em vários países da OCDE e equivalente ao de países escandinavos, como Finlândia, Suécia e Noruega.
O Brasil gasta US$ 13,5 mil (cerca de R$ 42,4 mil) por aluno universitário ao ano, índice próximo à média da OCDE (US$ 15,8 mil).
Por outro lado, o gasto do Brasil com cada aluno do ensino fundamental ou médio, US$ 3,8 mil ao ano (cerca de R$ 11,9 mil), é menos da metade da média da OCDE (US$ 8,5 mil no fundamental e US$ 9,8 mil no médio).
Agressões e intimidações
Outra pesquisa da OCDE pôs o Brasil na liderança de um ranking sobre violência nas escolas.
Em 2014, a organização entrevistou mais de 100 mil professores e diretores de escola em 34 países. No Brasil, 12,5% dos educadores ouvidos disseram sofrer agressões verbais ou intimidações de alunos ao menos uma vez por semana.
A média entre todos os países foi de 3,4%.
Em alguns deles, como Coreia do Sul, Malásia e Romênia, o índice foi zero.
O estudo revelou ainda que 12,6% dos professores no Brasil acreditam que sua profissão é valorizada. A média geral foi de de 31%.
Nesse indicador, o Brasil ficou à frente de países tidos como mais avançados em educação, como França e Suécia. Nas duas nações, apenas 4,9% dos professores disseram que são devidamente valorizados.
Os líderes da lista foram Malásia (83,8%), Cingapura (67,3%) e Coreia do Sul (66,5%).
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