EDITORIAL
A avaliação de qualidade no ensino superior brasileiro sempre enfrentou resistências corporativas, associadas a uma noção equivocada de autonomia universitária.
Tais atitudes retrógradas, felizmente, parecem ter perdido impulso. Já o que hoje se pode conhecer a respeito do nível e da evolução dos cursos de graduação do país está longe de ser animador.
Relatório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostra resultados medíocres apurados entre os 8.121 cursos de graduação em humanidades avaliados em 2015.
Segundo o levantamento, mais de um décimo deles recebeu notas insatisfatórias, e só 1% obteve o conceito mais alto. Submeteram-se à avaliação cursos de 26 áreas de ciências sociais e humanas, como administração, direito e psicologia.
Na avaliação anterior das mesmas áreas, realizada em 2012, o desempenho foi similar, conforme os conceitos atribuídos com base nos resultados do Enade (exame nacional prestado pelos estudantes), na qualificação dos docentes e na infraestrutura das universidades.
Uma explicação para a ausência de progresso pode ser o maior acesso ao ensino superior, que tornou-se menos elitizado nos últimos anos. Há dados interessantes —alguns, perturbadores— coletados a respeito dos alunos.
Dos concluintes de curso de graduação que participaram do Enade em 2015, mais da metade (56,5%) declarou viver em famílias de renda até 4,5 salários mínimos. Dois terços dizem trabalhar regularmente.
Talvez por isso o número de horas semanais dedicadas ao estudo seja tão baixo: de uma a três, segundo 49% dos entrevistados; nenhuma, de acordo com 6%.
Por relevantes que sejam as informações, o país ainda carece de estatísticas mais completas e precisas a respeito da educação superior. O processo de avaliação pode e deve ser aperfeiçoado para dar mais acuidade às notas.
Em iniciativa meritória, o Inep cogita mudar o Enade para torná-lo semelhante ao Enem (do ensino médio), cuja metodologia busca medir o conhecimento em termos absolutos —já as notas do Enade são atribuídas conforme a distância em relação à media, que pode variar ano a ano.
Além disso, hoje os alunos têm pouco incentivo para levar o Enade a sério, pois a nota individual não consta do histórico escolar. Ainda que o exame seja obrigatório, o empenho do examinado não é.
Persiste a desconfiança, assim, de que um componente crucial da avaliação não meça com precisão o aprendizado obtido nos cursos.
Tais atitudes retrógradas, felizmente, parecem ter perdido impulso. Já o que hoje se pode conhecer a respeito do nível e da evolução dos cursos de graduação do país está longe de ser animador.
Relatório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostra resultados medíocres apurados entre os 8.121 cursos de graduação em humanidades avaliados em 2015.
Segundo o levantamento, mais de um décimo deles recebeu notas insatisfatórias, e só 1% obteve o conceito mais alto. Submeteram-se à avaliação cursos de 26 áreas de ciências sociais e humanas, como administração, direito e psicologia.
Na avaliação anterior das mesmas áreas, realizada em 2012, o desempenho foi similar, conforme os conceitos atribuídos com base nos resultados do Enade (exame nacional prestado pelos estudantes), na qualificação dos docentes e na infraestrutura das universidades.
Uma explicação para a ausência de progresso pode ser o maior acesso ao ensino superior, que tornou-se menos elitizado nos últimos anos. Há dados interessantes —alguns, perturbadores— coletados a respeito dos alunos.
Dos concluintes de curso de graduação que participaram do Enade em 2015, mais da metade (56,5%) declarou viver em famílias de renda até 4,5 salários mínimos. Dois terços dizem trabalhar regularmente.
Talvez por isso o número de horas semanais dedicadas ao estudo seja tão baixo: de uma a três, segundo 49% dos entrevistados; nenhuma, de acordo com 6%.
Por relevantes que sejam as informações, o país ainda carece de estatísticas mais completas e precisas a respeito da educação superior. O processo de avaliação pode e deve ser aperfeiçoado para dar mais acuidade às notas.
Em iniciativa meritória, o Inep cogita mudar o Enade para torná-lo semelhante ao Enem (do ensino médio), cuja metodologia busca medir o conhecimento em termos absolutos —já as notas do Enade são atribuídas conforme a distância em relação à media, que pode variar ano a ano.
Além disso, hoje os alunos têm pouco incentivo para levar o Enade a sério, pois a nota individual não consta do histórico escolar. Ainda que o exame seja obrigatório, o empenho do examinado não é.
Persiste a desconfiança, assim, de que um componente crucial da avaliação não meça com precisão o aprendizado obtido nos cursos.
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