Educação 360 ilumina caminhos para o aprendizado na infância
Seminário no Museu do Amanhã reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros
POR O GLOBO
01/07/2016 4:30 / atualizado
RIO- Antes relegado a segundo plano, o ensino infantil passou a ocupar o centro do debate não só na área da educação, mas em diversos setores preocupados em promover o desenvolvimento das nações. A importância dessa etapa para o sucesso do indivíduo e os rumos das políticas públicas sobre o tema foram discutidos ontem, durante o seminário “Educação 360 - Educação Infantil”, no Museu do Amanhã, promovido pelos jornais O GLOBO e “Extra”. O evento foi realizado em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), a Fundação Lemann, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Mundial e teve apoio da revista “Crescer”, do Unicef, da TV Globo e do Canal Futura. Ao longo de quatro painéis, especialistas brasileiros e estrangeiros discutiram sobre investimentos na área e recursos disponibilizados pelo país para promover uma educação de qualidade. Educadores e profissionais de outras áreas, como economistas e psicólogos, falaram também sobre práticas pedagógicas de sucesso e aspectos relevantes do desenvolvimento das crianças.
A necessidade de expandir as vagas em creches, levando em conta que a educação infantil é o espaço onde as crianças precisam ser estimuladas desde cedo para obter melhor rendimento escolar, foi defendida ontem na abertura do encontro. Daniel Santos, doutor e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), afirmou que a criança que passa pela pré-escola apresenta desempenho melhor ao longo da toda a vida escolar.
— Quem passa pela pré-escola leva uma vantagem enorme que perdura até o fim da educação básica, gerando impacto de longo prazo sobre o aprendizado e também sobre diversos aspectos de sua vida social e emocional — acredita. — Lá na frente, na idade adulta, elas vão ter famílias mais estáveis, menos envolvimento com drogas e violência, e vão apresentar melhores indicadores de saúde, como longevidade, por exemplo.
A chefe da Divisão de Educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Emiliana Vegas, também participou da primeira mesa do evento, com o tema “Por uma educação infantil de qualidade”, e criticou o baixo investimento e a falta de parâmetros para medir a qualidade do ensino infantil.
Segundo ela, países como Brasil, Chile, México, Peru e Nicarágua direcionam mais recursos públicos para as crianças mais velhas, na faixa de 6 a 12 anos, em detrimento dos alunos mais novos, entre zero e 5 anos de idade.
— Os países da América Latina investem pouco em educação e não levam em conta os resultados, por isso são ineficientes — criticou a representante do BID.
A América Latina, segundo ela, investe apenas 0,4% do seu Produto Interno Bruto (PIB) na pré-escola, enquanto nos países com alto rendimento em educação este gasto é de 1,7% do PIB. Emiliana Vegas defendeu ainda a necessidade de reduzir o abismo existente entre o atendimento às crianças mais ricas e as mais pobres nessa fase da vida.
Reform-minded researchers, techno-enthusiasts, and skeptics in the U.S. have created an immense, convoluted literature on the use and effectiveness of computers in classroom, schools, and districts. It is a literature that is bipolar.
At one end there is the fiercely manic accumulation of success stories of teachers and schools that use devices imaginatively and, according to some researchers, demonstrate small to moderate gains in test scores, increased student engagement, teacher satisfaction, and other desired outcomes (see here and here). These success stories, often teacher surveys and self-reports, clothed as scientific studies (see here and here) beat the drum directly or hum the tune just loud enough for others to hear that these new technologies, especially if they are student-centered (see here) and "personalize learning" (see here), are just short of magical in their engaging disengaged children and youth in learning.
At the other end is the depressing collection of studies that show disappointing results, even losses, in academic achievement and the lack of substantial change in teaching methods during and after use of the new technologies (see here and here). Included are tales told by upset teachers, irritated parents, and disillusioned school board members who authorized technological expenditures (see here, here, and here).
These two poles of manic and depressive research studies replicate the long-term struggle between factions of Progressives who vowed to reform public schools beginning in the early 20th century. The efficiency-driven, teacher-centered wing of these Progressives whipped the experiential, whole-child, student-centered wing then but these losers in the struggle have returned time and again to preach and teach the ideology they hold so dear. Each pole of this spectrum, then, recapitulates the century-old struggle but this time the slogans and phrases are embedded in the language of new technologies. "Project-based learning" and "personalized learning" have been appropriated by current reformers who, still seeking efficiency and productivity in teaching and learning have adopted the language of their historical opponents. Knowing this historical backdrop, however, does not create a middle to this continuum. And that is necessary.
Reducing modestly the bipolarity of this literature are individual and collective case studies (see here), carefully done ethnographies (see here), and meta-analyses of research studies done over the past half-century to ascertain the effects (or lack thereof) of computers and software upon students and teachers (see here, here, and here).
Even with these meta-analyses, the overall literature oscillating between manic and depressive has yet to develop a midpoint. Inhabiting that midpoint in this bipolar distribution of computer studies would be rigorous (and longitudinal) studies of classrooms, schools, and districts that combine technology exemplars and failures; carefully done classroom and school analyses that go beyond teacher responses on questionnaires to show the pluses and minuses of "blended learning, "project based teaching," and "personalized learning" (see here, here, and here). Yet such studies are occasional, not common, entries into the research swamp of technology-in-schools.
So What?
What's the big deal about a skewed distribution of research studies and non-scientific articles and books? Here are a few reasons.
By making clear that the literature is bipolar, readers can be more discriminating and less promiscuous in assessing claims researchers make and picking and choosing which research studies meet minimum standards of acceptability (e.g., rigorous qualitative, random controlled trials; size and representativeness of samples; brief or extended time of study; sponsored or independent research studies).
Without much of a middle to the spectrum, readers seeking accurate information about the use of computers in public schools, would end up sampling studies at either end of the bipolar continuum and would get a grossly inaccurate picture of computer use and its effects in U.S. schools.
Being aware that the current pushing and shoving over the aims of the new technologies and how they are implemented in school mirror historic strugglesamong different wings of educational Progressives a century ago can give the current generation of reform-driven policymakers and practitioners a broader perspective on the fractious rhetorical and policy choices both educators and non-educators face now.
Thiago Guimarães - @thiaguimada BBC Brasil em Londres
29 junho 2016
A má qualidade da educação de base jogou o Brasil para baixo na nova edição do "Relatório Sobre o Capital Humano", estudo do Fórum Econômico Mundial sobre o êxito dos países em preparar sua gente para criar valor econômico.
O Brasil ficou em 83º lugar entre 130 países. Dono da oitava maior economia do mundo, pontuou menos que países da América Latina e Caribe de menor desenvolvimento relativo, como Uruguai (60º), Costa Rica (62º), Bolívia (77º) e Paraguai (82º). Cuba, na 36ª posição, lidera na região.
Calculado desde 2013, o chamado Índice de Capital Humano compara 130 países e uso do potencial de capital humano.
Sintetiza indicadores de ensino, capacitação e emprego disponíveis a cinco grupos etários diferentes (menos de 15 anos a mais de 65 anos), como qualidade de escolas primárias, taxa de desemprego e treinamento no trabalho.
Para o Fórum Econômico Mundial, o capital humano de um país "pode ser um determinante mais importante para seu sucesso econômico de longo prazo do que virtualmente qualquer outro recurso". Isso se explica, diz a organização, pelo seu papel chave na produtividade, mas também no funcionamento das instituições políticas, sociais e cívicas das nações.
Índice de Capital Humano 2016
Ensino, capacitação e emprego em 130 países pelo mundo
1 Finlândia - 85.86
2 Noruega - 84.64
3 Noruega - 84.61
4 Japão - 83.44
5 Suécia - 83.29
Thinkstock
O índice de 2016 continuou a ser dominado por pequenas nações europeias, sobretudo países nórdicos e do chamado Benelux, como Bélgica e Holanda.
A Finlândia foi a líder do ranking que mede como os países constroem e mantêm seu potencial de capital humano. O país se beneficia de uma população jovem bem educada, da melhor educação primária e da maior taxa de ensino superior completo na faixa de 25 a 54 anos. Noruega e Suíça completaram o top 3.
Resultado brasileiro
Maior economia da América Latina e do Caribe, o Brasil ficou abaixo da média da região, com uma pontuação de 64.51 - o que significa que mais de 35% do capital humano do país continua subdesenvolvido.
Quem puxou o desempenho do país para baixo foi o preparo dos jovens de 0 a 14 anos, o 100º entre 130 países. Pesaram nesse sentido a chamada "taxa de sobrevivência em educação básica", a capacidade de o aluno sair bem preparado do ciclo primário de ensino (98º lugar), e a qualidade da educação primária (118º lugar).
Outro ponto negativo foi a percepção de empresários sobre a disponibilidade de mão de obra qualificada (114º lugar). O país teve melhor resultado em capacitação no emprego e taxa de ocupação para o grupo etário de 25 a 54 anos.
Índice de Capital Humano 2016 - América Latina e Caribe
1 Cuba - 36ª posição geral
2 Chile - 51ª posição geral
3 Panamá - 52ª posição geral
4 Equador - 53ª posição geral
5 Argentina - 56ª posição geral
Thinkstock
Os 24 países da América Latina/Caribe listados no estudo ficaram no meio do ranking, com uma pontuação média de 66.95, logo atrás da região do leste da Ásia e Pacífico. A diferença entre os países com melhor e pior desempenho da região é a mais baixa de todas - Chile (51º lugar) e Argentina (56º lugar), por exemplo, tiveram as mesmas qualidades e fraquezas.
"Em contraste, o Brasil acabou de alguma maneira atrás da média regional", diz o relatório. Como a África do Sul (88º lugar no ranking), o Brasil apresentou uma pequena diferença entre os níveis de aprendizado de pessoas com menos e mais de 25 anos - o que mostra ausência de melhora na educação entre gerações, aponta o texto.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, aprimorar o capital humano é essencial diante de uma nova onda de inovação tecnológica - a chamada Quarta Revolução Industrial - que irá trazer grandes mudanças radiciais à indústria e ao mercado de trabalho nas próximas décadas.
A organização destaca que 25 mil pessoas irão entrar no mercado de trabalho por dia no mundo em desenvolvimento até 2020, e mais de 200 milhões de pessoas continuam sem emprego no planeta hoje. Ao mesmo tempo, estima-se para a próxima década um deficit de 50 milhões de trabalhadores de alta capacitação.
Ao identificar que cerca de 35% do capital humano global ainda não tem um tratamento digno, o relatório lembra que muitos sistemas educacionais pelo mundo estão desconectados das capacidades necessárias aos mercados de trabalho.
"Enquanto os sistemas de educação atuais buscam desenvolver qualidades cognitivas, qualidades não-cognitivas que se relacionam com a capacidade das pessoas de colaborar, inovar, autodirigir-se e resolver problemas são cada vez mais importantes", diz o relatório.
Nesse sentido, diz a organização, haverá desafios para todos: legisladores terão que desenvolver regras ágeis de governança para lidar com o crescente mercado de trabalho digital, governos deverão cumprir a promessa de usar tecnologia na educação e capacitação permanente e empresas precisarão repensar a atitude de ser apenas "consumidores" da mão de obra, atuando também cada vez mais em formação.
On Monday, the Pew Research Center released a fascinating and expansive report on the state of race relations in America. It serves as a stark reminder that although events like this insane and historic presidential election, continuing terrorist attacks and global shocks like Brexit overtake news cycles, the issue of racial inequality is just as urgent as ever.
2015 was the year of Black Lives Matter. Discussion of police interactions with minority communities; institutions and interpersonal racism; and “safe spaces” dominated popular literature, film, television, talks shows and newspaper column inches. It seemed everyone, everywhere, was talking about race in some capacity.
Now, at least in the media, the heat around the subject has cooled. The media has moved on. There are new stories to chase. There are new awards to win.
But the issue of racial inequality — as a lived experience — remains unaltered, and many in fact believe that it’s actually getting worse.
Racial inequality is not a trendy issue; it is an entrenched issue.
A year, or even two, of intense focus does not provide sufficient alteration of a condition in a country that has developed over centuries.
And so it is in this simmering wake of unfinished business that the Pew report lands.
It is the kind of report that demands more space that I can give it in a column, but please allow me to quote it here liberally, both the optimistic and pessimistic components of it, and to weigh in on it to the degree that I feel I must.
It is no surprise that whites and black would see racial issues and barriers to racial equality differently, or that differences would be manifest in the ideological divide between Democrats and Republicans.
What is more worrisome is how far apart whites and blacks are in their optimism about race relations improving. As the report puts it:
An overwhelming majority of blacks (88 percent) say the country needs to continue making changes for blacks to have equal rights with whites, but 43 percent are skeptical that such changes will ever occur. An additional 42 percent of blacks believe that the country will eventually make the changes needed for blacks to have equal rights with whites, and just 8 percent say the country has already made the necessary changes.
It continues:
A much lower share of whites (53 percent) say the country still has work to do for blacks to achieve equal rights with whites, and only 11 percent express doubt that these changes will come. Four in 10 whites believe the country will eventually make the changes needed for blacks to have equal rights, and about the same share (38 percent) say enough changes have already been made.
This gulf in optimism is incredibly troubling. What happens to a people when they stop believing, stop hoping, stop trusting that a concerted effort toward improvement will bear fruit?
Part of the problem here is that white and black people have such vastly divergent views about the lived black experience in America. According to the report:
By large margins, blacks are more likely than whites to say black people are treated less fairly in the workplace (a difference of 42 percentage points), when applying for a loan or mortgage (41 points), in dealing with the police (34 points), in the courts (32 points), in stores or restaurants (28 points), and when voting in elections (23 points). By a margin of at least 20 percentage points, blacks are also more likely than whites to say racial discrimination (70 percentversus 36 percent), lower quality schools (75 percent versus 53 percent) and lack of jobs (66 percent versus 45 percent) are major reasons that blacks may have a harder time getting ahead than whites.
These gaps are enormous. The question is whether or not these divergent beliefs are also intractable. If we can’t come to an agreement on the basic facts of life, how on earth can we come to an agreement on the fundamentals of a united path forward?S
We can’t even agree on how much to talk about race relations, as the discussion itself becomes a political football for the two major parties in this country. According to the report:
About six in 10 (59 percent) white Republicans say too much attention is paid to race and racial issues these days, while only 21 percent of Democrats agree.
Finally, we continue to be deceived about the enormous and epidemic nature of often-invisible institutional racism, preferring instead to direct our ire at the more easily identified and vilified interpersonal racism. The report puts it this way:
On balance, the public thinks that when it comes to discrimination against black people in the U.S. today, discrimination that is based on the prejudice of individual people is a bigger problem than discrimination that is built into the nation’s laws and institutions. This is the case among both blacks and whites, but while whites offer this opinion by a large margin (70 percent to 19 percent), blacks are more evenly divided (48 percent to 40 percent).
Although it may feel interminable, this election won’t last forever. In November, America will make a choice.
But the choices that America has already made mean that the persistent question of race will still be with us, unresolved, waiting for yet another moment to explode. No amount of fatigue will change this. Only a true and earnest effort to address race relations fundamentally and honestly will provide the overdue and necessary fix.
Italo, 10, morto em SP após perseguição policial; homicídios de jovens cresce no país, diz estudo
THIAGO AMÂNCIO
DE SÃO PAULO
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Cerca de 29 crianças e adolescentes foram assassinados por dia no Brasil em 2013. No total, 10.520 jovens com idade entre 1 e 19 anos foram assassinados naquele ano. É o que mostra o mais recente relatório "Violência Letal Contra as Crianças e Adolescentes do Brasil", que será lançado nesta quinta-feira (30).
O relatório foi elaborado pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), em parceria com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e o Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), do Governo Federal.
O dados do estudo são de 2013 por serem os últimos consolidados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, explica Waiselfisz.
O estudo traz dados desde 1980. Enquanto o total de mortes por causas naturais de jovens entre 1 e 19 anos vem caindo ano a ano, o mesmo não acontece com as mortes por causas externas (acidentes, homicídios, suicídios etc.).
Estudo mostra que país tem 29 homicídios de crianças e adolescentes por dia
Italo foi morto pela Polícia Militar de São Paulo depois de furtar carro
Os assassinatos dos meninos Italo, 10, e Waldik, 11, neste mês de junho na cidade de São Paulo realçam um problema que tem números alarmantes no Brasil: a violência contra crianças e adolescentes. Um estudo divulgado nesta quinta-feira (30) mostra que o país ocupa o terceiro lugar em homicídios nessa faixa etária em um conjunto de 85 nações analisadas. Em 2013, último ano com dados disponíveis, foram assassinados 10.520 crianças e adolescentes no Brasil, o que resulta em uma média de 29 casos por dia.
A maioria das vítimas era negra, do sexo masculino e foi atingida por disparo de arma de fogo. "É um número bárbaro, extremamente elevado", afirma o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor do estudo e coordenador do Programa de Estudos sobre Violência da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), responsável pela série Mapa da Violência.
O estudo tem como base dados do Sistema de Informações de Mortalidade, do Ministério da Saúde, e compila estatísticas disponíveis desde 1980.
Jacobo frisa que, apesar de os números serem chocantes, o ritmo de crescimento da violência contra crianças e adolescentes vinha caindo. De acordo com o estudo, a alta dos homicídios foi de 174% na década de 1980, baixou para 63% na década de 1990 e para 7% na primeira década do século 21.
Os números totais de assassinatos apresentaram um declínio entre 2003 e 2010, mas voltaram a subir continuamente desde então. A alta de 2010 a 2013 foi de 21%. As causas naturais ainda são as maiores responsáveis pelas mortes de crianças e adolescentes, mas vêm caindo com constância.
A participação dos homicídios no total de mortes de crianças e adolescentes no país subiu de 9% em 2003 para 14% em 2013. No entanto, o ritmo de crescimento dessa participação caiu de 365% na década de 1980 para 56% na década passada e para 20% no período de 2010 a 2013.
Na avaliação do pesquisador da Flacso, políticas públicas como a campanha do desarmamento implantadas desde o início do século são as responsáveis pela contenção do ritmo de aumento da violência. A sociedade brasileira, afirma Jacobo, começou a se conscientizar de que o país é violento.
Por idade
Os dados de 2013 mostram que as mortes por causas externas superam as provocadas por causas naturais a partir dos 14 anos de idade e atingem o pico em termos proporcionais no final da adolescência.
"A principal causa responsável por esse incremento drástico nas causas externas são os homicídios que, representando algo em torno de 2,5% do total de mortes até os 11 anos de idade das vítimas, inicia um violento crescimento na entrada da adolescência, aos 12 anos de idade, quando pula para 6,7% do total de mortes; para 14,0%, aos 13 anos, para 25,1%, aos 14, e assim seguindo, até alcançar seu pico de participação, aos 17 anos de idade, quando atinge a marca de 48,2% da mortalidade", aponta Jacobo no Relatório Violência Letal Contra as Crianças e Adolescentes do Brasil.
Com uma taxa de 4,3 homicídios por cem mil habitantes, o Brasil é o terceiro país mais violento para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em uma lista de 85 nações. E fica na mesma posição, com uma taxa 16,3, na faixa de 1 a 19 anos. Nas duas situações, o Brasil só não é mais violento que o México e El Salvador, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Estados e capitais
Em números absolutos, a Bahia teve o maior número de assassinatos de crianças e adolescentes em 2013, com 1.171 casos. Entretanto, a taxa por cem mil habitantes mais alta é a de Alagoas, com 43 homicídios, o que representou um aumento de 193% em relação a 2003, quando o Estado era o sétimo mais violento para crianças e adolescentes – na época, o Rio tinha o índice mais elevado.
Entre as capitais, Fortaleza (CE) tem as estatísticas mais altas, tanto em números absolutos (651) quanto na taxa por cem mil habitantes (81). Em 2003, a capital cearense era a terceira menos letal para crianças e adolescentes. Em dez anos, sua taxa por cem mil habitantes cresceu 756%.
Segundo Julio Jacobo, ainda há subnotificação dos casos de homicídios. O problema, atualmente, diz o sociólogo, é que Estados registram muitas mortes sem determinar suas causas. Na Bahia, por exemplo, 4,2 das mortes de crianças e adolescentes de 1 a 19 por cem mil habitantes não tiveram a causa determinada no registro.
Para o autor do relatório, o crescimento da violência no interior do Brasil e em regiões como o Nordeste reflete um descompasso entre o desenvolvimento econômico e a estrutura do Estado, que tem fragilidades na área da segurança pública. "Os novos polos de crescimento atraem investimento, mas também atraem marginalidade. Têm dinheiro, têm bancos, mas a estrutura do aparelho do Estado não acompanha esse processo de modernização", afirma Jacobo.
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Em relação à população brasileira, a taxa de mortes por causas externas de crianças e adolescentes por 100 mil jovens está acima de 30 desde 2007, e foi o terceiro maior valor em 2013 –34,1 mortes por 100 mil jovens.
A quantidade de homicídios de jovens é o fator que mais contribui para a alta taxa, e vem crescendo a cada ano. Se houve 1.825 assassinatos nesta categoria em 1980, o número foi saltando para 5.004 em 1990, 8.132 em 2000 e 10.520 em 2013.
Segundo Waiselfisz, o fato pode ser explicado pelo desenvolvimento da economia brasileira.
A melhoria na saúde pública reduziu a incidência de mortes por causas naturais. Ao mesmo tempo, houve um processo de descentralização da economia, sobretudo a partir dos anos 1980, levando desenvolvimento para o interior do país e fazendo crescer cidades como Ananindeua (PA), Arapiraca (AL) e Sinop (MT), diz Waiselfisz.
"Também houve aumento da criminalidade nessas cidades médias e houve uma interiorização da violência nacional. A estrutura de segurança não acompanhou a modernização do aparelho criminal", explica o pesquisador.
Por região, as maiores taxas de homicídio de jovens estão no Nordeste (22,6 mortes por 100 mil jovens), Centro-Oeste (20,6) e Norte (16). Os Estados onde mais se mata jovens são Alagoas (43,3 mortes por 100 mil jovens), Espírito Santo (37,3) e Ceará (33,7). A média do país é de 16,3 mortes por 100 mil jovens.
O Brasil é o terceiro país que mais mata seus jovens nesta faixa etária entre os 85 analisados pela pesquisa (com dados da Organização Mundial de Saúde). Fica apenas atrás do México e de El Salvador, na quantidade de homicídios de acordo com a população.
De forma proporcional à população, crianças e adolescentes negros com idades entre 1 e 17 anos são vítimas de homicídios até 178% mais do que brancos, mostra a pesquisa.
Pesquisa revela que Alagoas teve 541 crianças e jovens assassinados em 2013
Arquivo/JBnotícias
Pesquisa revela que AL teve 541 jovens assassinados em 2013
A Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flasco) divulgou nesta quinta-feira, 30, uma pesquisaonde mostra que Alagoas teve o maior número de casos de violência letal contra jovens no país em 2013.
A análise mostrou uma proporção que chegou a 43,3 mortes a cada 100 mil habitantes, totalizando 541 homicídios de pessoas com idade igual ou abaixo de 19 anos. Destacando também que 91,2% das vítimas foram mortas por arma de fogo.
De acordo com o governador Renan Filho, Alagoas obteve uma grande transformação na segurança que pode ser percebida facilmente.
"É importante lembrar que ele [Mapa da Violência] tem 2 anos de defasagem. A grande transformação que Alagoas vive na Segurança hoje é vista a olhos vivos. Maceió, de novo esse mês, vai reduzir cerca de 30% o número de homicídios. Talvez sejamos nós o único estado do Nordeste que reduz violência", comentou o governador de Alagoas, Renan Filho.
O governador ressaltou também que quando o Mapa da Violência sair no ano seguinte, Alagoas deverá exibir a maior redução de violência país.
SUICÍDIOS E TRÂNSITO
A taxa de suicídio de jovens entre 1 e 19 anos no Brasil é de 1,2 mortes para cada 100 mil jovens. Foram 788 casos em 2013. A maior parte dos casos está dos 16 aos 19 anos.
Os Estados com mais incidência são Mato Grosso do Sul (5,2 casos em 100 mil jovens), Amazonas (4) e Amapá (3,2). Nas capitais, os casos acontecem mais em Macapá, Aracaju e Manaus.
O crescimento da taxa de suicídio (eram 0,8 por 100 mil em 1980) também se deve ao desenvolvimento da sociedade, diz Waiselfisz. "O suicídio é um instrumento de autopunição de países mais desenvolvidos, como Japão. Sinal de uma crise individual. Mas não somos um país suicida, temos uma taxa muito baixa", afirma o pesquisador.
O Brasil está ainda entre os países que mais matam crianças e adolescentes no trânsito, mostra o relatório. A taxa, contudo, caiu 6,4% desde 2010, e está no mesmo patamar de 1980: 8,1 casos por 100 mil jovens. CRISE ECONÔMICA
Os dados, de 2013, mostram um país antes de entrar em recessão econômica. Waiselfisz, contudo, acredita que a crise afeta pouco o cenário. "Não há relação clara entre crise econômica e aumento no número de homicídios", diz ele. "O que pode haver é crescimento na taxa de suicídios, porque o jovem não consegue emprego, e piora na qualidade dos serviços públicos, como a saúde."
Marie Claire recebe mais de 1.200 relatos de estupro em um mês
Os depoimentos reforçam as estatísticas já divulgadas sobre estupro. A maioria dos casos acontecem dentro de casa e na infância ou adolescência
Há um mês, Marie Claire iniciou uma campanha contra àcultura do estupro e abriu um canal para que receberrelatos sobre violência sexual, com o intuito de publicar 33, referência ao abominável caso da adolescente no Rio.
Segundo o Mapa da Violência, 70% das vítimas são crianças e adolescentes; 24% dos agressores são pais ou padrastos; 32%, amigos ou conhecidos. De acordo com a ONU, uma em cada dez mulheres jovens foi vítima de estupro ou violação até os 20 anos.Em 30 dias, foram enviadas 1.264 mensagens, o formulário para recebimento dos relatos foi encerrado nesta quinta-feira (30). Segundo o Ipea, 500 mil casos de estupro acontecem anualmente no Brasil e apenas 50 mil são denunciados. Em nosso formulário de envio de relatos, apenas 8,1% das vítimas procuraram as autoridades.
Estudo coloca o Espírito Santo como segundo em homicídios de pessoas de até 19 anos
Nesta quinta-feira (30) foi lançado o estudo “Violência letal contra crianças e adolescentes no Brasil”, produzido pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) em parceria com a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente e coordenado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz.
Apesar de ter sido lançado nesta quinta-feira, o relatório data de 2015 e tem como ano-base 2013.
Segundo o estudo, o Estado está em segundo lugar dentre aqueles com maior taxa de homicídios de pessoas com até 19 anos de idade, com 37,3 mortes por grupo de 100 mil habitantes, perdendo apenas para Alagoas, que registrou 43,3 mortes por 100 mil naquele ano.
Na série histórica (entre 2003 e 2013), o Estado observou variação positiva de 65,1% na taxa de homicídios desta parcela da população e ouve aumento dessas mortes entre 2012 e 2013 de 8,2%. O Espírito Santo saiu do 3º mais violento para crianças e adolescentes em 2003 para o segundo em 2013.
Apesar da divulgação do estudo, não é possível saber se a estatística de mortes de pessoas com idades até 19 anos continua alta, uma vez que a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) não divulga os dados de homicídios de maneira detalhada, ou seja, não constam dos dados consolidados de mortes violentas a idade da vítima e a cor de pele. A reportagem de Século Diário demandou os dados à secretaria, mas não houve resposta até o fechamento desta matéria.
Entre adolescentes de 16 e 17 anos, o índice de mortes violentas é ainda mais alarmante. Há um ano, em 30 de junho de 2015, foi divulgado o Mapa da Violência 2015 – adolescentes de 16 e 17 no Brasil e os resultados desse estudo foram reeditados no relatório divulgado nesta quinta-feira.
O estudo analisa a evolução da violência letal dirigida a adolescentes, que são o foco da atual discussão sobre a maioridade penal. De acordo com o Mapa (e também no estudo lançado nesta quinta-feira), no ano de 2013, a taxa de homicídios entre jovens de 16 e 17 anos no Estado foi de 140,6 mortes por grupo de 100 mil habitantes, o que coloca o Espírito Santo na segunda colocação nacional deste tipo de violência, atrás apenas de Alagoas, que registrou taxa de 147 mortes por 100 mil.
Analisando uma década (entre 2003 e 2013) é possível concluir que as mortes de adolescentes de 16 e 17 anos crescem anualmente. Neste caso, o Estado era o segundo mais violento para estes adolescentes em 2003, com taxa de 87,6 mortes por grupo de 100 mil e continuou sendo o segundo mais violento em 2013, mas com taxa de 140,6 mortes por 100 mil, considerada uma epidemia de mortes nesta parcela da população. A variação na taxa em uma década ficou em 72,8%.
Os dados do relatório mostram que, enquanto os homicídios entre a população geral estão em redução, entre grupos mais vulneráveis a violência continua com índices inaceitáveis.
De acordo com o levantamento, a taxa de homicídios entre adolescentes de 16 e 17 anos negros ficou em 177,6 em 2013, enquanto a de brancos ficou em 50,7. Entre a população até 17 anos, em 2013 a taxa de homicídios de negros ficou em 30 mortes por 100 mil e a de brancos em 9,4.
O relatório também apresenta o levantamento de atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) a pessoas até 17 anos. No Estado, em 2014, 40,5% dos atendimentos e crianças e adolescentes com até 17 anos foram referentes a violência física, 27,1% a violência sexual, 12,1% psicológica e 8% violência ou abandono.
Municípios
O Estado tem oito municípios dentre os 100 mais do País com maior média de homicídios de crianças e adolescentes de até 19 anos no período compreendido entre 2009 e 2013 – considerando aqueles com mais de 25 mil crianças e adolescentes. Segundo o estudo, Serra é o mais violento do Estado e o 7° do Brasil com taxa média de 71,1 mortes por grupo de 100 mil; seguido por Vitória, que apresentou taxa de 60,5 e é o 10º mais violento do País; Vila Velha (51); Cariacica (50,3); São Mateus, no norte do Estado, com 47; Linhares, também na região norte, com 44,1; Aracruz, com 30,4; e Guarapari, com 27,5.
O estudo conclui que as causas externas de mortalidade de crianças e adolescentes vêm crescendo ao longo do tempo, na contramão das causas naturais, que caíram de forma contínua e acentuada nas três últimas décadas. Essa queda é explicada pelos avanços na cobertura educacional e do sistema de saúde; do saneamento básico e da melhoria das condições de vida da população, dentre diversos outros fatores, a mortalidade por causas naturais evidenciou um drástico declínio: entre 1980 e 2013, as taxas caíram 78,5%.
“No entanto, as causas externas crescem 22,4%, fundamentalmente, pela escalada de um flagelo que se transformou, ao longo dos anos, na maior causa de letalidade de nossas crianças e adolescentes: a violência homicida – e numa magnitude, numa escala, que resulta total e absolutamente inadmissível, sem a menor justificativa”, diz o relatório.
O sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz questiona os homicídios nesta parcela vulnerável da população. “Se o assassinato de qualquer ser humano, seja criança, adolescente, jovem, adulto ou idoso já é inaceitável, que qualificativo merecem muitas de nossas taxas de homicídio que superam, de longe, o que é considerado nível epidêmico; que superam, também de longe, o que é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) uma pandemia mundial?”
La tasa de muertes violentas de jóvenes en Brasil crece un 576 por ciento desde 1980
Río de Janeiro, 30 jun (EFE).- El número de niños y adolescentes muertos por causas violentas en Brasil aumentó un 576,4 % en tres décadas, desde 1.825 en 1980 hasta 10.520 en 2013, con 34,1 asesinatos por cada 100.000 jóvenes, según un estudio divulgado hoy por la Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (Flacso).
BRASIL VIOLENCIA | 30 de Junio de 2016, Diario de las Americas, Miami
Por regiones, el estado de Alagoas, en el nordeste del país, es donde la vida de los jóvenes corre más peligro al registrar una tasa de 43,3 homicidios, en este caso por cada 100.000 personas de hasta 19 años de edad. EFE/Archivo
Río de Janeiro, 30 jun (EFE).- El número de niños y adolescentes muertos por causas violentas en Brasil aumentó un 576,4 % en tres décadas, desde 1.825 en 1980 hasta 10.520 en 2013, con 34,1 asesinatos por cada 100.000 jóvenes, según un estudio divulgado hoy por la Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (Flacso).
El informe "Violencia letal contra los niños y adolescentes de Brasil" recoge datos hasta 2013 por ser los últimos consolidados en las estadísticas del Ministerio de Salud y apunta que en ese último año murieron en el país hasta 29 jóvenes al día.
Esta tendencia al alza ha supuesto que desde 2007 todos los años se hayan registrado tasas de mortandad por causas violentas por encima de los 30 casos por cada 100.000 jóvenes.
Esta violencia afecta especialmente a los jóvenes negros, que sufren una tasa de homicidios hasta un 178 % superior a la de los blancos menores de 18 años.
Según la información divulgada por la Flacso, que incluye datos recopilados por la Organización Mundial de la Salud (OMS) en 85 países, entre 2010 y 2013, entre los países analizados, Brasil es el tercero con la mayor tasa de homicidios de jóvenes, por detrás de México y El Salvador.
Por regiones, el estado de Alagoas, en el nordeste del país, es donde la vida de los jóvenes corre más peligro al registrar una tasa de 43,3 homicidios, en este caso por cada 100.000 personas de hasta 19 años de edad.
Los estados de Espírito Santo y Ceará, ambos en la zona este del país, serían los siguientes clasificados en esa estadística, con 37,3 y 33,7 asesinatos por cada 100.000 jóvenes.
En el otro extremo se encuentran los estados de Santa Catarina y Sao Paulo, ubicados en el sur de Brasil, la más desarrollada del país, con 5,7 y 6,3 muertes violentas por cada 100.000 jóvenes.
El estudio de la Flacso también muestra que en 2013 se registraron hasta 788 suicidios entre personas menores de 19 años.
Este dato implica una tasa de 1,2 suicidios por cada 100.000 jóvenes, muy por encima de la tasa del 0,8 registrada en 1980.