14 de novembro de 2014

Avaliação sobre clima econômico é a pior desde 1993

Nível idêntico ao da pesquisa atual só foi atingido em janeiro de 1999, mostram dados da Sondagem da América Latina divulgada nesta quinta pela FGV

Projeção de crescimento médio nos próximos três a cinco anos caiu de 2,6% para 2,2%
Projeção de crescimento médio nos próximos três a cinco anos caiu de 2,6% para 2,2% (Rodolfo Buhrer/Reuters/VEJA)
A percepção sobre o atual clima econômico brasileiro piorou em outubro deste ano e atingiu o pior patamar desde abril de 1993 (26 pontos). A avaliação de outubro é idêntica à de janeiro de 1999, quando o índice ficou em 30 pontos. Os dados fazem parte da Sondagem da América Latina, divulgada nesta quinta-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com o instituto alemão Ifo.
No início de 1999, o Brasil estava em plena transição do regime de câmbio fixo para o flutuante, o que provocou uma maxidesvalorização do real ante o dólar. Já em abril de 1993, o país vivia a época da hiperinflação e tinha acabado de assistir ao impeachment do presidente Fernando Collor. A chegada aos 30 pontos mostra que a percepção sobre o momento econômico está bastante ruim, observou a economista da FGV Lia Valls, pesquisadora responsável pela sondagem. "A avaliação da situação atual no Brasil tem tido quedas constantes", disse.

Um quesito levantado nesta edição da pesquisa dá pistas dos motivos por trás dessa deterioração. A falta de confiança na política econômica do governo foi o principal problema citado pelos especialistas ouvidos na sondagem. Entre os entraves citados estão a deterioração do déficit público, a falta de competitividade internacional, a aceleração da inflação e a falta de mão de obra qualificada. "O problema de confiança na política do governo começa a aparecer como um problema grave a partir de 2013. É impressionante como houve, claramente, uma mudança na avaliação", disse Lia.
Os analistas revisaram a projeção de crescimento médio (ao ano) para o Brasil nos próximos três a cinco anos, de 2,6% para 2,2%. O novo número posiciona o país como o segundo pior desempenho da região, atrás apenas da Venezuela, que deve ter média negativa em 0,1% no período.
Apesar da deterioração sobre a situação atual, o Índice de Clima Econômico (ICE) brasileiro subiu 3,6% no trimestre até outubro em relação aos três meses até julho, passando de 55 pontos para 57 pontos. O impulso veio das expectativas, que avançaram 23,5% (para 84 pontos).
"O ICE deve ter captado (o período das eleições) porque não houve nenhuma mudança, nada que inspirasse melhora das expectativas", afirmou a economista. Ao longo dos meses de setembro e outubro, as sondagens empresariais da FGV mostraram piora da situação atual e melhora das expectativas. À época, os pesquisadores explicaram que as incertezas diante da definição do novo presidente da República haviam diminuído.
Lia destacou ainda que o cenário não deve ser muito promissor nos próximos meses, diante do enfraquecimento da visão de clima econômico no mundo. O ICE mundial recuou 14% em outubro, para 112 pontos, com piora nas principais economias: Estados Unidos, China e União Europeia. "Há uma possível tendência de piora ou cenário não tão bom nos próximos períodos, pela piora no clima econômica do mundo", disse.


(Com Estadão Conteúdo)

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