Provas e índices nacionais como o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), divulgado nesta quinta (8), têm mostrado aos gestores públicos que os alunos brasileiros entram na escola com pique, mas vão perdendo o gás no caminho.
Nossos estudantes vão acumulando deficiências de conteúdo ao longo da vida escolar, repetem de série, frustram-se e, ao desembocar no ensino médio, correm grande risco de largar a escola.
Hoje, metade de quem ingressa pequenininho no sistema de ensino nacional conclui o ensino médio. Estamos deixando 50% dos brasileiros pelo caminho. É muita coisa para um país que precisa tanto de médicos, de professores, de engenheiros.
O Ideb mostra que, além de não cumprir com o papel de formar adequadamente nossos meninos e meninas, a escola brasileira está, aos poucos, acabando com o gosto deles pelos estudos.
O aluno chega de peito estufado ao início do fundamental, aos seis anos, e sai de cabeça baixa no ensino médio —se conseguir conclui-lo.
No começo, animados, os pequenos tiram boas notas em disciplinas como português e matemática —usadas na composição do índice do Ideb. Depois, a coisa vai piorando. A escola fica chata.
De acordo com dados do Ideb, o país ficou estagnado em 3,7 pontos no ensino médio –o que é bem abaixo da meta de 4,3 pontos.
Com exceção do Amazonas e de Pernambuco, os demais Estados brasileiros estão longe das metas estabelecidas pelo governo para a última fase da educação básica.
Isso inclui São Paulo, o Estado mais rico do país: com 3,7 pontos no Ideb, dentro da média nacional, a rede estadual paulista tampouco alcançou os 3,9 pontos da meta prevista pelo governo.
Ora, vale lembrar o que aconteceu recentemente no Estado, quando estudantes jovens, insatisfeitos com uma reorganização escolar proposta pelo governo, ocuparam os prédios de suas instituições.
A demanda deles por uma melhor educação gritava tanto quanto as notas do Ideb: os jovens querem ser ouvidos.
Especialistas em educação sabem que alunos a partir de 12 ou 13 aos –que estão justamente no final do ensino fundamental– devem começar a participar da gestão da escola. No ensino médio, os adolescentes devem ter uma postura ativa na educação.
E, adivinhe? Alunos mais participativos têm melhor desempenho na escola, tendem a evadir menos. Basicamente, eles mantêm o peito estufado do início escolar.
Os adolescentes paulistas não queriam a reorganização e o fechamento de suas escolas, mas também não gostam da apostila que é chamada de "caderno do aluno", das aulas conservadoras em lousa e giz, das disciplinas vagas que não têm professor.
Esses meninos estão sendo ouvidos? Certamente não.
Há tempos, o ensino médio tem preocupado os especialistas e gestores de educação –o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), inclusive, surgiu em 1998 com o objetivo de mapear as falhas dessa etapa e acabou virando um grande vestibular.
Na prática, o governo não sabe exatamente o que está acontecendo com o nosso ensino médio, onde estamos derrapando e em qual parte podemos melhorar.
Fazer provas e analisar dados como os do Ideb é importante, mas ouvir nossos estudantes para formular uma nova política de educação pode ser muito mais efetivo.
Nossos estudantes vão acumulando deficiências de conteúdo ao longo da vida escolar, repetem de série, frustram-se e, ao desembocar no ensino médio, correm grande risco de largar a escola.
Hoje, metade de quem ingressa pequenininho no sistema de ensino nacional conclui o ensino médio. Estamos deixando 50% dos brasileiros pelo caminho. É muita coisa para um país que precisa tanto de médicos, de professores, de engenheiros.
O Ideb mostra que, além de não cumprir com o papel de formar adequadamente nossos meninos e meninas, a escola brasileira está, aos poucos, acabando com o gosto deles pelos estudos.
O aluno chega de peito estufado ao início do fundamental, aos seis anos, e sai de cabeça baixa no ensino médio —se conseguir conclui-lo.
Lalo de Almeida/Folhapress | ||
Cartaz fixado no pátio mostra desempenho no Ideb de escola no Acre |
De acordo com dados do Ideb, o país ficou estagnado em 3,7 pontos no ensino médio –o que é bem abaixo da meta de 4,3 pontos.
Com exceção do Amazonas e de Pernambuco, os demais Estados brasileiros estão longe das metas estabelecidas pelo governo para a última fase da educação básica.
Isso inclui São Paulo, o Estado mais rico do país: com 3,7 pontos no Ideb, dentro da média nacional, a rede estadual paulista tampouco alcançou os 3,9 pontos da meta prevista pelo governo.
Ora, vale lembrar o que aconteceu recentemente no Estado, quando estudantes jovens, insatisfeitos com uma reorganização escolar proposta pelo governo, ocuparam os prédios de suas instituições.
A demanda deles por uma melhor educação gritava tanto quanto as notas do Ideb: os jovens querem ser ouvidos.
Especialistas em educação sabem que alunos a partir de 12 ou 13 aos –que estão justamente no final do ensino fundamental– devem começar a participar da gestão da escola. No ensino médio, os adolescentes devem ter uma postura ativa na educação.
E, adivinhe? Alunos mais participativos têm melhor desempenho na escola, tendem a evadir menos. Basicamente, eles mantêm o peito estufado do início escolar.
Os adolescentes paulistas não queriam a reorganização e o fechamento de suas escolas, mas também não gostam da apostila que é chamada de "caderno do aluno", das aulas conservadoras em lousa e giz, das disciplinas vagas que não têm professor.
Esses meninos estão sendo ouvidos? Certamente não.
Há tempos, o ensino médio tem preocupado os especialistas e gestores de educação –o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), inclusive, surgiu em 1998 com o objetivo de mapear as falhas dessa etapa e acabou virando um grande vestibular.
Na prática, o governo não sabe exatamente o que está acontecendo com o nosso ensino médio, onde estamos derrapando e em qual parte podemos melhorar.
Fazer provas e analisar dados como os do Ideb é importante, mas ouvir nossos estudantes para formular uma nova política de educação pode ser muito mais efetivo.
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