RIO — A internet faz parte do cotidiano dos brasileiros e, enfim, está chegando às salas de aula. De acordo com a pesquisa TIC Educação 2015, divulgada nesta quinta-feira pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), 73% dos professores já incorporaram o computador e/ou a internet como ferramenta pedagógica, sendo o percentual nas escolas públicas (70%) um pouco menor que nas particulares (84%). As tecnologias são usadas, principalmente, em pedidos de trabalhos sobre temas específicos (59%), trabalhos em grupo (54%), aulas expositivas (52%) e para a realização de exercícios (50%).
— Mas é preciso avaliar como está sendo feito este uso. Trocar a lousa pelo computador não muda muita coisa — pontua Fabio Senne, coordenador de projetos e pesquisas do Cetic.br. — Mas está claro que a tecnologia já está presente na escola.
Apesar disso, ainda falta treinamento na formação dos professores. Apenas 39% deles tiveram disciplina específica durante a graduação sobre o uso do computador e da internet em atividades com os alunos. Na faixa etária até 30 anos, onda o percentual é maior, 54% dos professores tiveram aulas sobre o assunto. E para driblar essa deficiência, 91% dizem aprender e se atualizar por sozinhos e 48% buscam informações com os próprios alunos. Apenas 30% dos estabelecimentos oferecem palestras, debates ou cursos sobre o uso responsável da internet.
— Tanto o treinamento nas universidade, como em cursos formais, ainda é baixo. A pesquisa mostra que os professores buscam atualização sozinhos, com outros professores ou até mesmo com os alunos — diz Senne. — Ainda falta uma política pública neste sentido.
LABORATÓRIOS EM EXTINÇÃO NA REDE PRIVADA
A pesquisa, realizada em escolas urbanas espalhadas por todo o país, mostra que 93% dos estabelecimentos da rede pública possuem acesso à internet, que já está universalizado na rede particular. Os tradicionais laboratórios de informática ainda são o principal local de uso da internet em atividades com alunos nas escolas públicas (35%), mas nas privadas o espaço está sendo abandonado (29%) em prol da própria sala de aula (50%).
O uso de celulares, por sua vez, ainda é tabu. Entre os alunos, 78% dizem acessar a internet pelo smartphone e, entre os professores, o percentual chega a 85%. Porém, apenas 5% das escolas permitem o uso do aparelho em sala de aula, sendo que 41% impõem restrições até mesmo fora da classe. As redes sem fio estão presentes em 87% dos estabelecimentos escolares, mas em 61% o acesso é proibido aos alunos.
Mesmo assim, o aparelho já começa a surgir como ferramenta em sala de aula. 39% dos professores relataram terem acessado a internet pelo telefone em atividades com os alunos, sendo que na rede particular o percentual chega a 46%.
— A discussão ainda é incipiente. Alguns defendem que as escolas devem aproveitar o fato de os alunos estarem com o acesso à internet na palma das mãos. De outro lado, existem algumas cidades que possuem até mesmo leis que proíbem o uso do aparelho na escola — diz Senne.
Esta é a 6ª edição da TIC Educação. A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro e dezembro de 2015, a partir de entrevistas com 898 diretores, 861 coordenadores pedagógicos, 1.631 professores e 9.213 alunos de escolas do ensino básico em áreas urbanas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário