Lalo de Almeida/Folhapress | ||
Equipe de robótica da Escola Politécnica da USP trabalha em laboratório da universidade |
Professores de engenharia conhecem o fenômeno, que se repete ano a ano em diversas faculdades do país. Em fevereiro, as aulas começam cheias. Em abril, quando saem as primeiras notas, começa a debandada. Até dezembro, 3 em 10 alunos terão deixado o curso.
Graduações de exatas lideram o ranking de evasão no primeiro ano do ensino superior particular, mostra levantamento do Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior) feito a partir do censo da educação superior do Inep, instituto de pesquisa ligado ao Ministério da Educação.
Os dados mostram que, na área de ciências, matemática e computação, 29,1% deixam o curso em até um ano. Em segundo lugar na lista do abandono vem o grupo de cursos de engenharia, produção e construção, com 27,7%.
O cálculo considera as matrículas em graduações presenciais de alunos sem financiamento estudantil. Entre os que têm Fies, os índices são de 10% para ciências, matemática e computação e de 8,4% para engenharia, produção e construção.
Para Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, a explicação para a diferença é que o aluno com financiamento já assumiu um compromisso financeiro e, ao fazer isso, pensou melhor antes de escolher o curso.
Para ele, a área de exatas tem duas particularidades que favorecem a evasão: a alta empregabilidade da área de tecnologia da informação, que faz alunos deixarem o curso no início ao começarem a trabalhar; e, principalmente, a deficiência na formação básica de matemática.
As notas dos alunos do ensino médio na disciplina pioram desde 2011, ao contrário do que ocorre em língua portuguesa, mostram os resultados da Prova Brasil, avaliação oficial da educação básica.
"Alguns estudantes chegam com dificuldade em trabalhar com equações e trigonometria, mas outros têm dúvidas sobre as quatro operações matemáticas", diz Gisleine Coelho, coordenadora do curso de engenharia da Anhembi Morumbi.
A dificuldade de acompanhar matérias iniciais fez Juliana Valverde, de Salvador, desistir de engenharia de produção após um semestre. "Sempre estudei em colégio público, e a base não foi o suficiente", diz. "Resolvi não insistir." Hoje, ela faz curso técnico na área de alimentos.
CONTRA-ATAQUE
Para impedir que alunos como Juliana desistam de cursos de exatas, faculdades particulares passaram a modificar o currículo e dar aulas de reforço em noções básicas de matemática e física. O foco é o início dos cursos. "Se ajudarmos a passar pelos três primeiros semestres, a chance de evadir é bem menor", afirma Mario Ghio, diretor acadêmico da Kroton.
Na instituição, a maior particular do país, 32% dos alunos de engenharia abandonam o curso no primeiro semestre. A média das outras graduações é de 25%. Para reduzir o índice, são oferecidos programas de reforço e de acompanhamento individual.
Na Anhembi Morumbi e na Estácio de Sá, além do reforço, foi introduzida uma mudança no currículo. Na primeira, foi criada a disciplina de fundamentos de ciências exatas, com conteúdo básico. Já a Estácio de Sá inseriu uma matéria sobre bases da física.
"Antes, partíamos do pressuposto, errado, de que o aluno de engenharia sabia a física do currículo do ensino médio", diz o reitor, Ronaldo Mota. "Mas, quando víamos as notas da disciplina de física 1, era um desastre. A reprovação chegava a 70%." Segundo ele, a evasão nas engenharias ao longo do curso, que já foi de 50%, hoje está em 30%.
Graduações de exatas lideram o ranking de evasão no primeiro ano do ensino superior particular, mostra levantamento do Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior) feito a partir do censo da educação superior do Inep, instituto de pesquisa ligado ao Ministério da Educação.
Os dados mostram que, na área de ciências, matemática e computação, 29,1% deixam o curso em até um ano. Em segundo lugar na lista do abandono vem o grupo de cursos de engenharia, produção e construção, com 27,7%.
O cálculo considera as matrículas em graduações presenciais de alunos sem financiamento estudantil. Entre os que têm Fies, os índices são de 10% para ciências, matemática e computação e de 8,4% para engenharia, produção e construção.
Para Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, a explicação para a diferença é que o aluno com financiamento já assumiu um compromisso financeiro e, ao fazer isso, pensou melhor antes de escolher o curso.
As notas dos alunos do ensino médio na disciplina pioram desde 2011, ao contrário do que ocorre em língua portuguesa, mostram os resultados da Prova Brasil, avaliação oficial da educação básica.
"Alguns estudantes chegam com dificuldade em trabalhar com equações e trigonometria, mas outros têm dúvidas sobre as quatro operações matemáticas", diz Gisleine Coelho, coordenadora do curso de engenharia da Anhembi Morumbi.
A dificuldade de acompanhar matérias iniciais fez Juliana Valverde, de Salvador, desistir de engenharia de produção após um semestre. "Sempre estudei em colégio público, e a base não foi o suficiente", diz. "Resolvi não insistir." Hoje, ela faz curso técnico na área de alimentos.
Para impedir que alunos como Juliana desistam de cursos de exatas, faculdades particulares passaram a modificar o currículo e dar aulas de reforço em noções básicas de matemática e física. O foco é o início dos cursos. "Se ajudarmos a passar pelos três primeiros semestres, a chance de evadir é bem menor", afirma Mario Ghio, diretor acadêmico da Kroton.
Na instituição, a maior particular do país, 32% dos alunos de engenharia abandonam o curso no primeiro semestre. A média das outras graduações é de 25%. Para reduzir o índice, são oferecidos programas de reforço e de acompanhamento individual.
Na Anhembi Morumbi e na Estácio de Sá, além do reforço, foi introduzida uma mudança no currículo. Na primeira, foi criada a disciplina de fundamentos de ciências exatas, com conteúdo básico. Já a Estácio de Sá inseriu uma matéria sobre bases da física.
"Antes, partíamos do pressuposto, errado, de que o aluno de engenharia sabia a física do currículo do ensino médio", diz o reitor, Ronaldo Mota. "Mas, quando víamos as notas da disciplina de física 1, era um desastre. A reprovação chegava a 70%." Segundo ele, a evasão nas engenharias ao longo do curso, que já foi de 50%, hoje está em 30%.
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