SÃO PAULO - Uma das poucas vantagens de envelhecer é que, com o passar do tempo, nos tornamos menos inexperientes. Por razões profissionais, já me reuni com várias direções da Fapesp (e com alguns poucos dirigentes de fundações de amparo à pesquisa de outros Estados). Sempre lhes perguntei qual era o segredo do sucesso da Fapesp.
Enquanto a fundação paulista funciona muito bem, a maioria de suas congêneres estaduais vive à míngua. Existe um mistério aí, porque o mecanismo constitucional que assegura as verbas da Fapesp (a transferência para o órgão de 1% da receita tributária do Estado) é reproduzido, às vezes com proporções ainda mais generosas, por outras unidades da federação. No RJ, por exemplo, a cota é de 2%. No RS, 1,5%.
A resposta que obtinha dos cientistas era invariavelmente a mesma. Além da estrutura enxuta do órgão, todos os governadores paulistas, desde Carvalho Pinto (1959-63), sob cuja gestão a fundação foi efetivamente criada, sempre cumpriram rigorosa e pontualmente o dispositivo que determina a transferência do dinheiro. E, vale lembrar, nesse ínterim, já passou pelo Campos Elísios ou pelo Bandeirantes gente como Adhemar de Barros, Paulo Maluf e Orestes Quércia, sem mencionar as várias recessões que experimentamos.
De início, desconfiei dessa resposta. Achava que era pouco para explicar diferenças tão brutais na performance das várias "fapes", mas acabei me convencendo de que, mesmo que não seja tudo, é parte do enigma.
É preocupante, portanto, constatar que a gestão de Geraldo Alckmin quebra essa longa e virtuosa tradição e, com o aval da Assembleia Legislativa, reduz no Orçamento deste ano a proporção do repasse à Fapesp.
Não estou afirmando que a ciência deve passar incólume por cortes que afetam todas as áreas do governo, mas Alckmin recorre a um precedente muito ruim para cobrar a cota de sacrifício dos cientistas.
Enquanto a fundação paulista funciona muito bem, a maioria de suas congêneres estaduais vive à míngua. Existe um mistério aí, porque o mecanismo constitucional que assegura as verbas da Fapesp (a transferência para o órgão de 1% da receita tributária do Estado) é reproduzido, às vezes com proporções ainda mais generosas, por outras unidades da federação. No RJ, por exemplo, a cota é de 2%. No RS, 1,5%.
A resposta que obtinha dos cientistas era invariavelmente a mesma. Além da estrutura enxuta do órgão, todos os governadores paulistas, desde Carvalho Pinto (1959-63), sob cuja gestão a fundação foi efetivamente criada, sempre cumpriram rigorosa e pontualmente o dispositivo que determina a transferência do dinheiro. E, vale lembrar, nesse ínterim, já passou pelo Campos Elísios ou pelo Bandeirantes gente como Adhemar de Barros, Paulo Maluf e Orestes Quércia, sem mencionar as várias recessões que experimentamos.
De início, desconfiei dessa resposta. Achava que era pouco para explicar diferenças tão brutais na performance das várias "fapes", mas acabei me convencendo de que, mesmo que não seja tudo, é parte do enigma.
É preocupante, portanto, constatar que a gestão de Geraldo Alckmin quebra essa longa e virtuosa tradição e, com o aval da Assembleia Legislativa, reduz no Orçamento deste ano a proporção do repasse à Fapesp.
Não estou afirmando que a ciência deve passar incólume por cortes que afetam todas as áreas do governo, mas Alckmin recorre a um precedente muito ruim para cobrar a cota de sacrifício dos cientistas.
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