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Painel pintado por alunos do 4º ano de medicina da USP no subsolo da faculdade |
Autoridades e médicos mobilizam o noticiário e as rede sociais em torno de tema desconcertante e cercado de mistérios que a humanidade ainda não decifrou, o suicídio.
Baleia Azul é o nome de um jogo que circula entre jovens: um "curador" lança 50 desafios sucessivos e monitorados para os participantes, como escrever siglas na palma da mão, cortar o braço com lâmina, assistir a filmes de terror, ferir os lábios, subir no telhado e se dependurar, não falar com ninguém o dia todo, até o derradeiro, tirar a própria vida.
Originário da Rússia, o jogo sinistro chegou ao Brasil. Como o Código Penal pune a instigação e o auxílio ao suicídio com pena de dois a seis anos de reclusão, aplicada em dobro quando a vítima é menor de idade, delegados de polícia procuram eventuais vínculos com tentativas recentes de jovens em alguns Estados.
Vídeo do prefeito Rafael Greca (PMN), de Curitiba, alerta para os perigos desta "praga moderna", capaz de capturar adolescentes. Quer o envolvimento da Polícia Federal e o cuidado protetor de famílias e escolas. A delegada do Rio de Janeiro responsável pelas investigações locais fez apelo dramático aos pais: "Caso notem um comportamento diferente, que procurem a polícia o mais rápido possível".
Na série "13 Reasons Why", recentemente lançada pela Netflix, a jovem personagem deixa fitas gravadas dando conta das 13 razões pelas quais ela se mataria. Romantiza o assunto, faz sucesso e gera controvérsias.
Psiquiatras têm entendimentos diversos. Para Luís Fernando Tófoli, da Unicamp, pais e educadores devem estar cientes de que a série "tem o potencial de causar danos a pessoas emocionalmente fragilizadas". Diz não ser absurdo considerar que, em alguns casos, possa induzir ao suicídio e que pessoas em situação de risco devem ser desencorajadas a assisti-la.
Daniel Martins de Barros, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, recomenda a precaução de todos, mas reclama do não aproveitamento do "gancho para discutir seriamente o suicídio" e da criação de "pânico em torno de um seriado, de um jogo, de uma moda qualquer", que não são culpados pelos acontecimentos. Pergunta se o adolescente seria tão estúpido a ponto de se matar porque o jogo mandou.
Brincadeiras macabras não são novidade e a roleta russa é apenas um exemplo. Adolescentes sofrem e adquirem, sim, comportamentos diferentes e, no século 21, a taxa de suicídio entre jovens tem viés de alta. Censurar o seriado e prender os "curadores" do jogo Baleia Azul resolveriam o problema?
Temos o hábito de desviar para as coisas a atenção que deveria se direcionar para as causas.
Em virtude do apelo emocional das mensagens de autoridades, como se estivéssemos na iminência de que algo pudesse acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento, e do próprio sentimento de impotência gerado pelo descontrole instantâneo da internet, pode-se estimular ainda mais a curiosidade desassistida, os conflitos geracionais e a assombração virtual.
É caso de polícia? Aquele que tenta acabar com a própria vida, jovem ou adulto, não tem nas delegacias, sem preparo profissional e focadas na investigação burocrática, a porta de entrada adequada para o acolhimento médico que necessita.
Baleia Azul é o nome de um jogo que circula entre jovens: um "curador" lança 50 desafios sucessivos e monitorados para os participantes, como escrever siglas na palma da mão, cortar o braço com lâmina, assistir a filmes de terror, ferir os lábios, subir no telhado e se dependurar, não falar com ninguém o dia todo, até o derradeiro, tirar a própria vida.
Originário da Rússia, o jogo sinistro chegou ao Brasil. Como o Código Penal pune a instigação e o auxílio ao suicídio com pena de dois a seis anos de reclusão, aplicada em dobro quando a vítima é menor de idade, delegados de polícia procuram eventuais vínculos com tentativas recentes de jovens em alguns Estados.
Vídeo do prefeito Rafael Greca (PMN), de Curitiba, alerta para os perigos desta "praga moderna", capaz de capturar adolescentes. Quer o envolvimento da Polícia Federal e o cuidado protetor de famílias e escolas. A delegada do Rio de Janeiro responsável pelas investigações locais fez apelo dramático aos pais: "Caso notem um comportamento diferente, que procurem a polícia o mais rápido possível".
Na série "13 Reasons Why", recentemente lançada pela Netflix, a jovem personagem deixa fitas gravadas dando conta das 13 razões pelas quais ela se mataria. Romantiza o assunto, faz sucesso e gera controvérsias.
Psiquiatras têm entendimentos diversos. Para Luís Fernando Tófoli, da Unicamp, pais e educadores devem estar cientes de que a série "tem o potencial de causar danos a pessoas emocionalmente fragilizadas". Diz não ser absurdo considerar que, em alguns casos, possa induzir ao suicídio e que pessoas em situação de risco devem ser desencorajadas a assisti-la.
Daniel Martins de Barros, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, recomenda a precaução de todos, mas reclama do não aproveitamento do "gancho para discutir seriamente o suicídio" e da criação de "pânico em torno de um seriado, de um jogo, de uma moda qualquer", que não são culpados pelos acontecimentos. Pergunta se o adolescente seria tão estúpido a ponto de se matar porque o jogo mandou.
Brincadeiras macabras não são novidade e a roleta russa é apenas um exemplo. Adolescentes sofrem e adquirem, sim, comportamentos diferentes e, no século 21, a taxa de suicídio entre jovens tem viés de alta. Censurar o seriado e prender os "curadores" do jogo Baleia Azul resolveriam o problema?
Temos o hábito de desviar para as coisas a atenção que deveria se direcionar para as causas.
Em virtude do apelo emocional das mensagens de autoridades, como se estivéssemos na iminência de que algo pudesse acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento, e do próprio sentimento de impotência gerado pelo descontrole instantâneo da internet, pode-se estimular ainda mais a curiosidade desassistida, os conflitos geracionais e a assombração virtual.
É caso de polícia? Aquele que tenta acabar com a própria vida, jovem ou adulto, não tem nas delegacias, sem preparo profissional e focadas na investigação burocrática, a porta de entrada adequada para o acolhimento médico que necessita.
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