7 de março de 2013

Matança generalizada: Mortes Matadas por Armas de Fogo





Violência no Nordeste. Noiva de vítima de assassinato em Simões Filho (BA) participa de protesto em frente ao fórum da cidade; PM suspeito prestava depoimento



A GUERRA BRASILEIRA
Mapa da Violência aponta disseminação de mortes por arma de fogo Brasil afora; Rio fica em 8º
JAILTON DE CARVALHO
jailtonc@bsb.oglobo.com.br
ODILON RIOS*
opais@oglobo.com.br


BRASÍLIA E MACEIÓ- As mortes violentas, que antes se concentravam em grandes centros urbanos como São Paulo e Rio, estão se espalhando pelo país, que prossegue entre os mais violentos do mundo e acumula mortes por armas de fogo equivalentes a regiões do planeta marcadas por conflitos armados. A "nacionalização" da morte à bala acompanharia a desconcentração industrial e os deslocamentos populacionais ligados às atividades econômicas. A conclusão é do Mapa da Violência 2013, divulgado ontem pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela).
Dos cinco estados mais violentos do país em 2010, três estão na região Nordeste: Alagoas, Bahia e Paraíba. Quatro das cinco capitais com os piores dados estão no litoral da região: Maceió, João Pessoa, Salvador e Recife. Pelos dados da pesquisa, 36.792 pessoas foram assassinadas a tiros em 2010 no Brasil. O número é superior aos 36.624 assassinatos anotados em 2009 e mantém o país com uma taxa de 20,4 homicídios por 100 mil habitantes, a oitava pior marca entre cem nações com estatísticas consideradas relativamente confiáveis sobre o assunto.
A média nacional de homicídios é duas vezes maior que a taxa considerada tolerável pela Organização das Nações Unidas (ONU), dez assassinatos a cada 100 mil habitantes. Ao comparar a realidade nacional com a matança nas principais guerras dos últimos anos, os coordenadores do estudo chegaram a um resultado assustador: o número de assassinatos no Brasil entre 2004 e 2007 se aproxima das baixas contabilizadas em 12 dos maiores conflitos armados no mesmo período.
Nestes quatro anos, 147.373 pessoas foram assassinadas a tiros no Brasil.
As guerras provocaram a morte de 169.574 pessoas. O coordenador do estudo ainda lembra que não é só em direção ao Nordeste que a violência aumenta.
- A violência tem crescido também no Paraná, em Santa Catarina e no Entorno de Brasília. O mais correto seria dizer que está havendo uma nacionalização dos homicídios - afirma Júlio Jacobo Waiselfisz.
O palco do maior massacre foi Alagoas que, em 2010, registrou uma taxa de 55,3 homicídios por cada 100 mil habitantes. É o estado que também mata mais negros e o segundo em homicídios contra as mulheres. Com o maior Instituto Médico Legal (IML) funcionando no improviso, delegacias caindo aos pedaços e um plano de segurança federal com pequena redução no avanço dos crimes, os alagoanos recorrem ao desespero.
A aposentada Tereza de Jesus Araújo espera, há seis meses, notícias da neta, a estudante de Ciências Contábeis Bárbara Regina, de 21 anos. Ela sumiu de uma boate ao lado de um homem, que, para a polícia, é Otávio Cardoso da Silva, o assassino da estudante. Para a Polícia Civil de Alagoas, Bárbara foi estuprada e assassinada com requintes de crueldade. Mas, nem o corpo da estudante nem o acusado pelo crime apareceram: - Todas as informações que a polícia tem e todas as pistas, incluindo a rota de fuga do Otávio, fomos nós quem apresentamos. E não temos nada depois disso - lamenta Tereza.
No Pará, o número de assassinatos teve aumento de 307,2%, em dez anos. No Maranhão, a disparada da matança foi de 282,2% entre 2000 e 2010.
DECLÍNIO DOS ASSASSINATOS NA REGIÃO SUDESTE O Rio de Janeiro aparece em 8º lugar no ranking dos estados mais violentos, com uma taxa de 26,4. O estudo mostra, no entanto, que o número de mortes por armas de fogo no estado está em declínio. De 2000 a 2010, os assassinatos a tiros no Rio caíram 43,8%. Em São Paulo a queda foi ainda maior, 67,5%, e o estado viu a taxa de homicídio baixar para 9,3, por 100 mil habitantes.
Entre as capitais mais violentas está Maceió, a primeira da lista com 94,5 homicídios por 100 mil habitantes. Logo depois vêm João Pessoa com taxa de 71,6; Vitória com 60,7; Salvador com 59,6; e Recife com 47,8. São taxas bem acima da média nacional, de 20,4 por 100 mil. Com uma taxa de 23,5, a cidade do Rio aparece em 19º lugar na lista.
A cidade de São Paulo está na 25ª colocação.
Para Jacobo, a declarada priorização da segurança pública por governadores e as iniciativas do governo federal, tais como a campanha do desarmamento, não foram suficientes para forçar a queda dos índices de violência na primeira década do século XXI. Entre 2000 e 2010, passando pelos governos Fernando Henrique e Lula, a taxa de aproximadamente 20 homicídios com armas de fogo por 100 mil habitantes ficou estável.
- Se está havendo alto índice de violência, nossas políticas não são suficientes - diz Jacobo, que enumera o narcotráfico; a grande quantidade de armas em circulação; e a cultura da violência para a resolução de conflitos entre pessoas próximas como fatores da estabilização de mortes em alta.
No Paraná, o número de homicídios aumentou 94,8%, entre 2000 e 2010. Santa Catarina sofreu aumento de 44,5%, embora ainda permaneça com taxa de 8,5 homicídios por grupos de 100 mil.
Estudo detalhado, o Mapa da Violência apresenta o ranking das cidades com mais de 20 mil habitantes mais castigadas pela matança.
Simões Filho (BA) tem o pior quadro, com taxa de 141,5 homicídios por 100 mil habitantes. À frente de Campina Grande do Sul (PR), com 107, Lauro de Freitas (BA), com 106,6, e Guaíra, com 103,9. São números piores que os de Medellín, na Colômbia, no auge do poder do narcotráfico de Pablo Escobar.
- Uma das estratégias (para reduzir homicídios) é o combate à cultura da violência. O debate sobre esse assunto deveria começar desde a escola. Acho que esse discurso (contra a cultura da violência) não tem tido o lugar que deveria ter - diz Jorge Werthein, presidente do Instituto Cebela.
"A violência tem crescido também no Paraná, em Santa Catarina e no Entorno de Brasília. Está havendo uma nacionalização" Júlio Jacobo Coordenador do Mapa

Diario de S. Paulo

SP é o 4º estado com menor taxa de homicídio
Brasil, no entanto, é a oitava nação onde mais ocorre mortes por arma de fogo, diz levantamento -->O Mapa da Violência 2013 - Mortes Matadas por Armas de Fogo, divulgado nesta quarta-feira mostra que 36.792 pessoas foram assassinadas a tiros em 2010 no Brasil. O número é superior aos 36.624 assassinatos anotados em 2009 e mantém o país com uma taxa de 20,4 homicídios por cem mil habitantes, a oitava pior marca entre cem nações com estatísticas consideradas relativamente confiáveis sobre o assunto. Entre os 12 países mais populosos do mundo, o Brasil lidera o ranking de homicídios.
Entre os anos de 1980 e 2010, as mortes causadas por armas de fogo aumentaram 346%. Nesse período, as vítimas passaram de 8.710, no ano de 1980, para 38.892, em 2010. No mesmo intervalo de tempo, a população do país cresceu 60,3%.
São Paulo é o 4 estado menos perigoso quando é levado em conta o número de pessoas assassinadas com armas de fogo. São Paulo fica atrás de Santa Catarina, Roraima e Piauí.
A queda nos homicídios na capital e no interior paulista foi de 67,5% quando comparados os números de 2000 e 2010. Com isso, São Paulo saiu da 6 colocação no ranking dos estados mais perigosos para o 24 lugar. O estudo não traz informações sobre as mortes por armas de fogo ocorridas nos último três anos.
Entre os estados que apresentaram as mais altas taxas de homicídio estão Alagoas (55,3), Espírito Santo (39,4), Pará (34,6), Bahia (34,4) e Para (32,8).
CAPITAIS/ A capital mais violenta é Maceió, primeira da lista com 94,5 homicídios por cem mil habitantes. Logo depois vêm João Pessoa (71,6), Vitória (60,7), Salvador (59,6) e Recife (47,8).
São taxas bem acima dos níveis considerados toleráveis pela ONU (Organização das Nações Unidas), que giram em torno de dez homicídios por cem mil habitantes. Com uma taxa de 10,4, São Paulo está na 25 colocação na lista.
Quatro municípios superam a marca dos cem óbitos por arma de fogo em cada cem mil habitantes. Dois ficam na Bahia: Simões Filho e Lauro de Freitas. Os outros dois encontram-se no Paraná (Campina Grande do Sul e Guaíra).
Para Júlio Jacobo Waiselfisz, coordenador do estudo, a declarada priorização da segurança pública por governadores e iniciativas do governo federal, tais como a campanha do desarmamento e a criação de forças especiais, não foram suficientes para forçar a queda dos índices de violência na primeira década do século 21.


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Mortes por arma de fogo no Brasil aumentaram 346%, em 30 anos
Nesse período, as vítimas passam de 8.710, no ano de 1980, para 38.892, em 2010 Entre os anos de 1980 e 2010, as mortes causadas por armas de fogo aumentaram 346%, segundo o Mapa da Violência 2013: Mortes Matadas por Armas de Fogo, divulgado com exclusividade pela Agência Brasil. Nesse período, as vítimas passam de 8.710, no ano de 1980, para 38.892, em 2010. No mesmo intervalo de tempo, a população do país cresceu 60,3%.
"O que presenciamos foi um crescimento íngreme dos níveis de violência por arma de fogo, muito maior do que situações de conflito armado como as guerras do Golfo e do Afeganistão," disse à Agência Brasil o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, responsável pelo publicação.
O levantamento, feito pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, traça um amplo panorama da evolução da violência letal no período. A publicação analisou as mortes por armas de fogo decorrentes de agressão intencional de terceiros (homicídios), autoprovocadas intencionalmente (suicídios) ou de intencionalidade desconhecida cuja característica comum foi a morte causada por uma arma de fogo.
A publicação mostra que o "alto crescimento das mortes por armas de fogo foi puxado, quase exclusivamente, pelos homicídios, que cresceram 502,8%, enquanto os suicídios com armas de fogo cresceram 46,8% e as mortes por acidentes com armas caíram 8,8%."
De acordo com o levantamento, o crescimento da mortalidade por armas de fogo foi maior entre as pessoas com idade entre 15 e 29 anos (414%), se comparado com o conjunto da população (346,5%). "Também os homicídios jovens cresceram de forma mais acelerada: na população como um todo foi 502,8%, mas entre os jovens o aumento foi 591,5%," diz a publicação.
Waiselfisz diz que uma das causas do aumento da violência entre os jovens se deve à exclusão da educação. "São pessoas que encontram pouca inserção: não estudam, não conseguem trabalho e sem perspectiva de futuro". A publicação mostra que, entre 1982 e 2003, o percentual de mortes e jovens por armas de fogo teve crescimento médio de 6,5% ao ano, contra 5,5% do conjunto da população.
Em relação aos estados, a partir da análise dos dados de 2000 a 2010, Alagoas aparece em primeiro lugar no ranking das mortes por armas de fogo com 55,3 mortes a cada 100 mil habitantes. Em seguida vem Espírito Santo com 39,4, Pará (34,6), Bahia (34,4) e Paraíba (32,8). O estado de Pernambuco, que antes ocupava o segundo lugar, aparece agora na sexta posição com 30,3 mortes por arma de fogo a cada 100 mil habitantes. A publicação destaca o Maranhão, atualmente em 20º, mas cujo número de vítimas cresceu 344,6% na década.
O Rio de Janeiro aparece em oitavo lugar no ranking, com 26,4 mortes por arma de fogo a cada 100 mil habitantes e São Paulo caiu 18 posições, saindo da sexta posição para 24ª, uma queda no índice de mortes por arma de fogo de 67,5%. A publicação não traz informações sobre as mortes por armas de fogo ocorridas nos último três anos.
Na opinião de Waiselfisz, os dados mostram o que ele denomina de "desconcentração da violência." "A violência migrou para outros estados do país acompanhando novos polos de desenvolvimento local, a exemplo de Suape, em Pernambuco, e Camaçari, na Bahia, que além de mão de obra também atraem violência," disse.
Waiselfisz credita a diminuição da violência no Rio de Janeiro e em São Paulo aos investimentos em segurança pública. "Houve investimentos maciços nos aparelhos de segurança pública nesses estados. Em contrapartida, houve estados em que os aparelhos de segurança não estavam preparados para dar conta dos novos padrões de violência," explica.
Fonte: Agência Brasil


MSN Notícias | BR
Mortes por arma de fogo no Brasil aumentaram 346%, em 30 anos | Agência Brasil
Luciano Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Entre os anos de 1980 e 2010, as mortes causadas por armas de fogo aumentaram 346%, segundo o Mapa da Violência 2013: Mortes Matadas por Armas de Fogo, divulgado com exclusividade pela Agência Brasil. Nesse período, as vítimas passam de 8.710, no ano de 1980, para 38.892, em 2010. No mesmo intervalo de tempo, a população do país cresceu 60,3%.
'O que presenciamos foi um crescimento íngreme dos níveis de violência por arma de fogo, muito maior do que situações de conflito armado como as guerras do Golfo e do Afeganistão,' disse à Agência Brasil o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, responsável pelo publicação.
O levantamento, feito pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, traça um amplo panorama da evolução da violência letal no período. A publicação analisou as mortes por armas de fogo decorrentes de agressão intencional de terceiros (homicídios), autoprovocadas intencionalmente (suicídios) ou de intencionalidade desconhecida cuja característica comum foi a morte causada por uma arma de fogo.
A publicação mostra que o 'alto crescimento das mortes por armas de fogo foi puxado, quase exclusivamente, pelos homicídios, que cresceram 502,8%, enquanto os suicídios com armas de fogo cresceram 46,8% e as mortes por acidentes com armas caíram 8,8%.'
De acordo com o levantamento, o crescimento da mortalidade por armas de fogo foi maior entre as pessoas com idade entre 15 e 29 anos (414%), se comparado com o conjunto da população (346,5%). 'Também os homicídios jovens cresceram de forma mais acelerada: na população como um todo foi 502,8%, mas entre os jovens o aumento foi 591,5%,' diz a publicação.
Waiselfisz diz que uma das causas do aumento da violência entre os jovens se deve à exclusão da educação. 'São pessoas que encontram pouca inserção: não estudam, não conseguem trabalho e sem perspectiva de futuro'. A publicação mostra que, entre 1982 e 2003, o percentual de mortes e jovens por armas de fogo teve crescimento médio de 6,5% ao ano, contra 5,5% do conjunto da população.
Em relação aos estados, a partir da análise dos dados de 2000 a 2010, Alagoas aparece em primeiro lugar no ranking das mortes por armas de fogo com 55,3 mortes a cada 100 mil habitantes. Em seguida vem Espírito Santo com 39,4, Pará (34,6), Bahia (34,4) e Paraíba (32,8). O estado de Pernambuco, que antes ocupava o segundo lugar, aparece agora na sexta posição com 30,3 mortes por arma de fogo a cada 100 mil habitantes. A publicação destaca o Maranhão, atualmente em 20º, mas cujo número de vítimas cresceu 344,6% na década.
O Rio de Janeiro aparece em oitavo lugar no ranking, com 26,4 mortes por arma de fogo a cada 100 mil habitantes e São Paulo caiu 18 posições, saindo da sexta posição para 24ª, uma queda no índice de mortes por arma de fogo de 67,5%. A publicação não traz informações sobre as mortes por armas de fogo ocorridas nos último três anos.
Na opinião de Waiselfisz, os dados mostram o que ele denomina de 'desconcentração da violência.' 'A violência migrou para outros estados do país acompanhando novos polos de desenvolvimento local, a exemplo de Suape, em Pernambuco, e Camaçari, na Bahia, que além de mão de obra também atraem violência,' disse.
Waiselfisz credita a diminuição da violência no Rio de Janeiro e em São Paulo aos investimentos em segurança pública. 'Houve investimentos maciços nos aparelhos de segurança pública nesses estados. Em contrapartida, houve estados em que os aparelhos de segurança não estavam preparados para dar conta dos novos padrões de violência,' explica.
Edição: Fábio Massalli

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Mortes por arma de fogo cresceram 346% em 30 anos no País, diz Mapa da Violência
Divulgação

Capa do 'Mapa da Violência 2013: Mortes Matadas por Armas de Fogo'
Estudo deste ano mostra que as morte por arma de fogo passaram de 8.710 no ano de 1980, para 38.892, em 2010
Entre os anos de 1980 e 2010, as mortes causadas por armas de fogo aumentaram 346%, segundo o "Mapa da Violência 2013: Mortes Matadas por Armas de Fogo". Nesse período, as vítimas passam de 8.710, no ano de 1980, para 38.892, em 2010. No mesmo intervalo de tempo, a população do País cresceu 60,3%.
Outro anos: Mapa da violência/mulheres: Mais de 43 mil mulheres foram mortas na última década Negros: Homicídios de negros crescem 5,6% em 8 anos, enquanto de brancos caem 24,8% Mapa da Violência 2012: Cinco municípios do Nordeste estão entre os dez mais violentos Mapa da Violência 2011: Em 10 anos, Nordeste tem escalada de mortes violentas Mapa da Violência 2010: Mapa da Violência mostra que uma mulher é morta cada duas horas Mapa da Violência 2009: Cidades do interior lideram homicídios no País
"O que presenciamos foi um crescimento íngreme dos níveis de violência por arma de fogo, muito maior do que situações de conflito armado como as guerras do Golfo e do Afeganistão," disse à Agência Brasil o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, responsável pelo estudo.
O levantamento, feito pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, traça um amplo panorama da evolução da violência letal no período. A pesquisa analisou as mortes por armas de fogo decorrentes de agressão intencional de terceiros (homicídios), autoprovocadas intencionalmente (suicídios) ou de intencionalidade desconhecida cuja característica comum foi a morte causada por uma arma de fogo.
O estudo mostra que o "alto crescimento das mortes por armas de fogo foi puxado, quase exclusivamente, pelos homicídios, que cresceram 502,8%, enquanto os suicídios com armas de fogo cresceram 46,8% e as mortes por acidentes com armas caíram 8,8%."
De acordo com o levantamento, o crescimento da mortalidade por armas de fogo foi maior entre as pessoas com idade entre 15 e 29 anos (414%), se comparado com o conjunto da população (346,5%). "Também os homicídios jovens cresceram de forma mais acelerada: na população como um todo foi 502,8%, mas entre os jovens o aumento foi 591,5%," diz a pesquisa.
Waiselfisz diz que uma das causas do aumento da violência entre os jovens se deve à exclusão da educação. "São pessoas que encontram pouca inserção: não estudam, não conseguem trabalho e sem perspectiva de futuro". O estudo mostra que, entre 1982 e 2003, o percentual de mortes e jovens por armas de fogo teve crescimento médio de 6,5% ao ano, contra 5,5% do conjunto da população.
Em relação aos estados, a partir da análise dos dados de 2000 a 2010, Alagoas aparece em primeiro lugar noranking das mortes por armas de fogo com 55,3 mortes a cada 100 mil habitantes. Em seguida vem Espírito Santo com 39,4, Pará (34,6), Bahia (34,4) e Paraíba (32,8). O estado de Pernambuco, que antes ocupava o segundo lugar, aparece agora na sexta posição com 30,3 mortes por arma de fogo a cada 100 mil habitantes. O estudo destaca o Maranhão, atualmente em 20º, mas cujo número de vítimas cresceu 344,6% na década.
O Rio de Janeiro aparece em oitavo lugar no ranking, com 26,4 mortes por arma de fogo a cada 100 mil habitantes e São Paulo caiu 18 posições, saindo da sexta posição para 24ª, uma queda no índice de mortes por arma de fogo de 67,5%. O estudo não traz informações sobre as mortes por armas de fogo ocorridas nos último três anos.
Na opinião de Waiselfisz, os dados mostram o que ele denomina de "desconcentração da violência." "A violência migrou para outros estados do país acompanhando novos polos de desenvolvimento local, a exemplo de Suape, em Pernambuco, e Camaçari, na Bahia, que além de mão de obra também atraem violência," disse.
Waiselfisz credita a diminuição da violência no Rio de Janeiro e em São Paulo aos investimentos em segurança pública. "Houve investimentos maciços nos aparelhos de segurança pública nesses estados. Em contrapartida, houve estados em que os aparelhos de segurança não estavam preparados para dar conta dos novos padrões de violência," explica.


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