5 de março de 2013

Questionário detalha violações na ditadura , Evandro Ébol


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BRASÍLIA — Para chegar aos nomes de torturadores e identificar outros agentes da ditadura, assim como determinar a modalidade da violência empregada, a Comissão Nacional da Verdade decidiu aplicar três formulários distintos às vítimas dos castigos praticados por agentes do regime militar. Um deles é específico sobre a violência sexual, e o questionário relata 16 situações de violações como respostas. Na relação aparecem violação oral, violação vaginal, violação anal, introdução de objetos e/ou animais no corpo da vítima, choque elétrico nos genitais, desnudamento e prostituição forçada. Os formulários já foram apresentados a todos integrantes da comissão e serão usados para padronizar as informações.
Em outro formulário, chamado “Ficha do Provável Violador”, são feitas perguntas para tentar identificar o torturador. A comissão procura saber a que instituição pertencia o agente e pergunta se era da Aeronáutica, Exército, Marinha, SNI, Polícia Civil, Polícia Federal ou Polícia Militar.
No terceiro formulário, “Ficha do Testemunho”, a vítima dá um depoimento completo, e é perguntado a que agressão foi submetida. Aparecem as respostas: desaparecimento forçado, maus tratos, ocultação de cadáver (a pessoa pode ser também testemunha), detenção, sequestro e violência sexual. Se violência sexual é a resposta, o militante responde ao formulário específico da violência sexual. Ainda é perguntado à vítima onde ocorreram os fatos, se na “dependência do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica ou em delegacia policial”.
Uma das 55 perguntas é sobre a que organização pertencia o militante. Aparecem ali 28 grupos de esquerda, entre os quais os dois por onde passou a presidente Dilma Rousseff: Colina e Var-Palmares. Na semana passada, em evento em Brasília, a Comissão da Verdade informou ter identificado “várias dezenas” de agentes da ditadura.
Os formulários buscam o maior número de informações possíveis sobre o torturador, sempre apontado como “violador”. A Comissão da Verdade quer descobrir não só o nome do responsável como também o nome de seu superior. No caso da violência sexual, o formulário busca saber onde ocorreu o fato, se resultou em aborto ou, em caso contrário, o que ocorreu ao bebê.

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