7 de março de 2013

UPPs e renda maior explicam queda da violência no Rio



  • Mesmo com diminuição de 43,8% das mortes em dez anos, três cidades estão entre as cem mais violentas
CÁSSIO BRUNO (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
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RIO — A queda em 43,8% no número de mortes provocadas por arma de fogo, apontada pelo Mapa da Violência no estado do Rio entre 2000 e 2010, está relacionada ao aumento dos investimentos públicos em segurança, além do crescimento gradual do poder econômico da população mais pobre. Essa é a avaliação de especialistas ouvidos pelo GLOBO, que advertem, porém, sobre a má qualidade dos laudos periciais, que pode comprometer a verificação dos índices de homicídios no estado.
Nenhuma cidade do Rio está entre as dez mais violentas do Brasil, considerando o número de assassinatos por cem mil habitantes. Entretanto, três municípios — Búzios, Cabo Frio e Paraty — aparecem na lista das cem cidades mais violentas, contabilizando mortes causadas por armas de fogo entre 2008 e 2010. Entre as dez mais violentas, quatro estão na Bahia.
O professor Ignácio Cano, do Laboratório de Análise de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), destaca as situações em que os laudos emitidos por peritos não possuem dados sobre as causas das mortes. Fato que, segundo ele, pode influenciar positivamente as estatísticas de homicídios.
— Muitos peritos não preenchem os laudos com as motivações dessas mortes. Isso dificulta identificar. Mas, claro, houve uma diminuição. Não tenha dúvida. Só que a queda (de assassinatos) pode não ter sido tão grande assim — analisou Cano.
Redução do poder do tráfico
De acordo com o sociólogo Michel Misse, do Instituto de Cidadania, Conflito e Violência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a criação, a partir 1999, do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão do governo do estado que analisa os índices de criminalidade, e a contratação de policiais militares, entre 2000 e 2010, pode ter contribuído para a redução das mortes. Na opinião de Misse, a queda foi acentuada pela implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), com início no fim de 2008.
— Houve investimentos do poder público em segurança. A queda da taxa de homicídio ficou clara a partir de 2005 e se acentuou com as UPPs — disse o sociólogo, que destacou o impacto do aumento da renda sobre a violência: — Com a melhoria da economia no período (2000 a 2010), o poder do tráfico diminuiu. O emprego formal cresceu.
Em relação aos números do Mapa da Violência, Búzios, na Região dos Lagos, com 27.560 moradores em 2010, ocupa o 36º lugar com mortalidade por arma de fogo. A cidade registrou, em três anos, uma taxa média de 61,5 mortes por cem mil habitantes. Cabo Frio, de 186.227 pessoas, ocupa a 50ª colocação, com taxa de 57,8. Com 37.533 moradores, Paraty, por sua vez, obteve média de 49,5.


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