8 de maio de 2013

OIT alerta para o aumento do desemprego entre jovens no mundo


RIO — A taxa de desemprego mundial entre jovens está subindo e deve chegar a 12,8% até 2019, mostra estudo divulgado nesta quarta-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). De acordo com o relatório “Tendência Mundiais do Emprego Juvenil 2013 – Uma Geração em Perigo” atualmente a taxa está em 12,6%, o que representa a existência de 73,4 milhões de jovens sem trabalho no mundo, 3,5 milhões a mais do que em 2007. É a maior taxa desde 2009, ápice da crise econômica mundial. No ano passado, o índice ficou em 12,4%.
O maior desemprego juvenil de 2012 foi registrado no Oriente Médio, onde a taxa chegou a 28,3% e, pelas projeções da OIT, pode atingir 30% até 2018. Entre as mulheres da região, o percentual foi ainda mais alto 42,6%. No Norte da África a desocupação atingiu 23,7% dos jovens em 2012, e as mulheres também foram mais castigadas, com taxa de 37%.
Nas chamadas economias desenvolvidas, grupo que inclui Europa e Estados Unidos, o desemprego entre jovens ficou em 18,1% no passado e, segundo a OIT, deve ficar acima de 17% pelos próximos três anos. O problema é mais grave na Grécia e Espanha, onde o desemprego atinge mais de 50% dos jovens, e um terço dos países do grupo tem desemprego juvenil superior a 15%. Mas seis países ( Áustria, Alemanha, Japão,Holanda, Noruega e Suíça) encerraram o ano com o índice em menos de 10%. As menores taxas de desemprego juvenil foram registradas na Ásia Oriental (9,5% ) e Ásia Meridional (9,3%).
A América Latina e Caribe são citada entre as poucas regiões onde a desocupação juvenil não aumentou na passagem de 2011 para 2012. Segundo o relatório, o desemprego entre os jovens da região caiu de 17,6% em 2003 para 13,5% 2008. Com a crise econômica, saltou para 15,4% em 2009, mas a partir de 2010, retomou sua trajetória descendente e fechou o ano passado em 12,9%.
O estudo da OIT não traz números específicos sobre o Brasil, mas os dados da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE mostram que também aqui o desemprego castiga mais os jovens. Embora venha caindo, a taxa média de desemprego entre as pessoas de 18 a 24 anos nas seis maiores regiões metropolitanas do país foi de 12,4%, mais que o dobro dos 5,5% da taxa média geral do ano passado. Na faixa etária mais baixa, 15 a 17 anos, o índice de desemprego foi ainda maior: 22%.
Além da persistência do desemprego entre jovens no mundo, o estudo da OIT chama atenção para a proliferação de empregos temporários e um crescente desalento (desistência de procurar trabalho) entre os jovens nas economias avançadas, e empregos de baixa qualidade, informais e de subsistência nos países em desenvolvimento.
Só nas economias mais desenvolvidas, 2,3 milhões de jovens abandonaram a busca por trabalho. Se somado aos 10,7 milhões de desempregados, esse número elevaria para 13 milhões o número de jovens desocupados nos países do grupo.
Na Europa, o ritmo de crescimento dos empregos temporários para jovens dobrou a partir de 2008. Nos Estados Unidos, a taxa vinha caindo e passou a subir. Em 2011, 40,5% dos jovens europeus e 14,5% dos americanos trabalhavam com contratos temporários.
“Os empregos seguros, que eram norma para as gerações anteriores – pelo menos nas economias avançadas – são menos acessíveis para os jovens de hoje. O crescimento do trabalho temporário ou a tempo parcial, em especial desde o ponto mais alto da crise, sugere que este tipo de trabalho é frequentemente a única opção para os trabalhadores jovens” explica José Manuel Salazar-Xirinachs, subdiretor Geral de Políticas da OIT.
O número atingidos pelo chamado desemprego de longo prazo também está crescendo. Em 2011, um terço dos jovens sem trabalho do países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) já estava procurando emprego há pelo menos seis meses, contra um quarto em 2008.
Outro dado negativo é aumento do número de jovens que não trabalham nem estudam, os chamados “nem-nem”. Nos países da OCDE, o percentual de “nem-nem” cresceu 2,1 pontos percentuais entre 2008 e 2010, chegando a 15,8% da população entre 15 e 29 anos. Significa que quase um em cada seis jovens não têm nenhum tipo de atividade.
“É provável que estas consequências se agravem, enquanto mais se prolongue a crise do desemprego juvenil e acarretará um custo econômico e social – um aumento da pobreza e um crescimento mais lento – que superará amplamente o custo da inatividade” destaca Salazar-Xirinachs.
O relatório pede aos governos ações imediatas e específicas destinadas a combater a crise do emprego juvenil, com políticas que estimulem a criação de empregos decentes e contratação de jovens.

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