FLÁVIA FOREQUE
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A velocidade média da internet em escolas da rede pública em áreas urbanas do país se limita a 3% do que seria considerado adequado.Ela é de 2,3 megabits por segundo, contra 78 megabits do ideal, de acordo com o próprio governo federal.
A situação levou o Ministério da Educação a adaptar seu site ao pedir sugestões para o currículo da educação básica, que está em discussão.
Diretores e docentes da rede pública podem baixar e consultar o conteúdo sem a necessidade de manter navegação permanente na web.
"Muitas vezes essa capacidade não é suficiente sequer para uso administrativo desse acesso à internet, quanto mais para um acesso efetivamente de aplicação pedagógica", disse Arthur Coimbra, diretor de banda larga do Ministério das Comunicações, em audiência na Câmara dos deputados, no mês passado.
| Karime Xavier/Folhapress | ||
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| Computadores em escola da rede de SP; programa federal expandiu internet, mas com velocidade lenta |
Atualmente, a iniciativa atinge cerca de 90% da rede pública em áreas urbanas do país (quase 70 mil colégios, incluindo as redes municipal e estadual), mas a velocidade da internet está longe de ser a adequada para a atividade de professores em sala de aula.
"Os dados mostram o que não corresponde à realidade brasileira. O laboratório [de informática] é uma sala sem climatização e equipamentos defasados, não tem profissional qualificado e a internet não tem boa qualidade", disse Nilce Rosa da Costa, secretária-executiva do Consed (conselho de secretários estaduais de educação).
A deficiência é reconhecida pelo governo federal. "Nós temos em geral uma banda lerda. A gente deve discutir isso com prioridade, se quisermos fazer uma escola de qualidade", afirmou o ministro Aloizio Mercadante (Educação) ao abordar o assunto no Congresso Nacional.
Em 2016, o Ministério das Comunicações pretende lançar um novo programa, em que o governo federal vai subsidiar o investimento privado no cabeamento de banda larga em locais mais distantes, assim como na instalação de redes dentro dos municípios.
"Está planejado um subsidio para cobrir entre 1.400 e 1.500 municípios com banda larga de altíssima velocidade. Com isso a gente atenderia, num prazo de quatro anos, 40 mil escolas com fibra ótica, levando velocidades que vão a 100, 200 megabits por segundo", explicou o diretor da pasta.
O chamado Banda Larga para Todos é uma promessa da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT).
MASSIFICAÇÃO
O Ministério das Comunicações diz que o objetivo do programa lançado em 2008 foi "massificar o acesso à internet nas escolas públicas". "É preciso lembrar que, à época de lançamento do programa, poucas escolas possuíam algum acesso. Assim, o objetivo de massificação do acesso à internet nas escolas públicas urbanas foi alcançado."
Em nota, o ministério diz ainda que "a aplicação de plataforma virtual ao ensino pode ocorrer utilizando diferentes níveis de velocidade".
Para o MEC, o programa é importante para ampliar o número de alunos com acesso à internet. Hoje, a iniciativa atinge 71% das matrículas públicas –28,9 milhões.
TABLETS
Em 2012, o MEC lançou edital para comprar tablets para professores da rede pública, como forma de estimular o uso de novas tecnologias no ensino. Passados três anos, os aparelhos ainda são motivo de controvérsia entre docentes.
"A proposta é até bonita. Se funcionasse seria perfeito. Aqui, as escolas não têm internet banda larga de alta velocidade. Não tem como conectar o tablet para fazer pesquisa", diz Mauro Borges, 50, professor de educação física em Belém (PA).
Ele pondera, por exemplo, que a banda larga na escola permitiria o uso do tablet para o controle de presença dos alunos, num diário de classe online. Esse trabalho, afirma, é feito em seu notebook, quando chega em casa.
Ao todo, o MEC comprou 497.860 tablets, ao custo de R$ 152 milhões.
Profissionais da educação, no entanto, ponderam que o aparelho pode ser usado pelo docente fora do ambiente escolar e destacam que o MEC disponibilizou conteúdo para ser baixado no tablet.
Para Waleska Gonçalves de Lima, da secretaria de Educação de Mato Grosso, a qualidade do acesso à internet em cada escola também influencia o uso dos aparelhos por professores.
Ela explica que a secretaria destina verba para a rede estadual contratar serviço de internet, por isso em algumas unidades o uso do aparelho é recorrente.
"O diário de classe, a prestação de contas, toda a vida da escola é informatizada. O tablet ajuda bastante", afirma Ricardo Luiz de Moura, diretor de escola em Várzea Grande (MT).
A unidade, segundo ele, tem conexão com 35 mega de velocidade, além de 40 computadores em laboratório de informática.

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