16 de abril de 2016

Ocupação das escolas

Pensar a Educação, 15/4/2016


Os jovens no Brasil têm contribuído ativamente na construção de um país melhor, sendo protagonistas de transformações importantes e defendendo sempre os direitos da sociedade. O primeiro registro histórico desse protagonismo é de 1710, quando mais de mil soldados franceses invadiram o Rio de Janeiro. Uma multidão de jovens estudantes de conventos e colégios religiosos enfrentou os invasores que foram expulsos. A fundação da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1827 pode ser considerado o primeiro passo para a criação do movimento estudantil, que integrou as campanhas pela Abolição da Escravatura e pela Proclamação da República. Em 1937 foi criada a União Nacional dos Estudantes (UNE) que até hoje representa os estudantes universitários. Em 1948 os estudantes secundaristas lideraram a campanha “O Petróleo é Nosso” e fundaram a UNES (União nacional dos estudantes secundaristas) que recebeu um novo nome em 1949: União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Em 1986 foi criada a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). As entidades estudantis tiveram papel importante durante o período militar e em outros episódios da história brasileira, tais como, no movimento de diretas já e no impeachment do Presidente Collor.

Em 2015 uma nova modalidade de protesto foi introduzida na cidade de São Paulo. Os estudantes que se posicionaram contra o fechamento de escolas começaram a ocupação de escolas. Nesse mesmo ano estudantes de Goiânia e Anápolis também ocuparam escolas protestando contra a terceirização das escolas. Mais recentemente (2016) estudantes ocuparam escolas no Rio de Janeiro. Os estudantes defendem a greve dos Professores, reivindicam reformas nos espaços pedagógicos da escola, novos aparelhos de ar-condicionado, maior segurança e que nenhuma turma tenha mais de 35 alunos.

Segundo Carlos Giovinazzo Junior, professor e pesquisador da PUC de São Paulo, apesar dos movimento estudantis já terem tido voz na época da ditadura e no impeachment de Collor, por exemplo, desta vez é diferente: além de protagonistas, a luta desses jovens é por algo que lhes pertencem. Ele também aponta que as ocupações recentes das escolas estaduais mostra que o adulto não tem mais controle sobre os jovens.

As reivindicações dos estudantes, por meio de suas entidades representativas, em aperfeiçoarmos a nossa democracia, em termos a destinação de 10% do PIB para a educação, a democratização dos meios de comunicação, o incentivo de programas de inclusão social que permitem a manutenção dos jovens carentes nas universidades, o passe livre, alojamento, refeições, meia entrada e outras, são perfeitamente legítimos. No entanto, a bandeira principal deverá ser a exigência de uma educação de qualidade desde o ensino infantil até a pós-graduação. Uma educação que possa preparar para um desempenho profissional de qualidade, mas, que sobretudo, promova os valores e virtudes da cidadania. Uma educação que paute para toda a vida a ética, a solidariedade, a convivência positiva com a diversidade, o respeito a natureza etc. Épertinente lembrar o pensamento de Goethe: “A juventude é a embriagues sem vinho”. Vamos todos tornar realidade os nossos sonhos e a conquista utópica de termos uma verdadeira civilização. Os estudantes no Brasil representam mais que 25% da população e cabe a eles e a elas as grandes transformações que o Brasil demanda. Nenhum estudante pode ficar de fora nessa empreitada. Lembremos a frase de Che Guevara: “Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”. Bola para frente.

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