DE BUENOS AIRES, Folha de S.Paulo, 28/7/2013
Os 40 anos do golpe militar que derrubou o presidente socialista Salvador Allende (1908-1973) e instalou a ditadura militar no Chile estão sendo celebrados com exposições, lançamentos de filmes e livros. Um dos mais esperados é "Allende: La Biografía", um volume de mais de 700 páginas, das quais 30 são documentos inéditos. O livro sairá pela Ediciones B, primeiro no Chile e na Espanha.
Há correspondência com outros líderes, papéis de governo, religiosos (que mostram sua condição de maçom) e privados. Entre as cartas, está uma enviada ao presidente João Goulart (1919-1976), deposto pelo golpe militar brasileiro, em 1964.
O autor do livro é o historiador espanhol Mario Amorós, especialista em Chile, que lançou recentemente "Sombras sobre Isla Negra", uma investigação sobre a hipótese de que o poeta Pablo Neruda (1904-1973) não tenha morrido de causas naturais, como diz a explicação oficial.
A viúva suspeita de envenenamento, e o resultado da exumação deve sair perto de 11 de setembro, dia do golpe contra Allende.
O livro sobre o ex-presidente tenta reconstruir o homem mais do que o golpe. "Até agora, as obras sobre ele centravam-se muito no 11 de setembro de 1973, mas a dimensão do personagem político é muito grande. Foi um homem que batalhou muito como médico em Valparaíso, tendo perdido três vezes as eleições", diz Amorós.
Para ele, o tema da ditadura ainda não está suficientemente presente na campanha eleitoral, mas isso deve ganhar força pelo fato de as duas candidatas mais importantes à Presidência terem laços com o regime, de alguma maneira.
"A sociedade chilena ainda vem processando o que ocorreu, os julgamentos vêm acontecendo, aos poucos", afirma Amorós.
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