Segundo um levantamento da ONG Todos Pela Educação, número passou de 41% para 56% em 2014. Região que mais cresceu foi a Norte.
O Bom Dia Brasil antecipa uma pesquisa da ONG Todos Pela Educação que revela que, pela primeira vez, mais da metade dos alunos conclui o ensino médio no país.
Melhorou, mas tem que avançar mais ainda. A taxa de estudantes que concluíram o ensino médio em 2014 é mais de duas vezes maior nas famílias mais ricas do que nas mais pobres.
Ver o Jonathan da Silva Bonfim, 15 anos, sentadinho na sala de aula, era raro. Com preguiça de ir para a escola ele começou a acumular faltas. “Tinha vez que eu faltava na semana, no meio da semana, tinha vez que eu faltava uns dois dias na semana”, diz.
Ele só voltou para a escola porque a Secretaria da Educação ligou na casa dele para falar que ele estava faltando demais. Essa é uma das estratégias do projeto piloto "Quem Falta, Faz Falta" da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo. Em uma escola funcionou.
“Nós tivemos mais de 50% dos alunos que a Secretaria de Educação entrou em contato e eles retornaram”, afirma o diretor da escola, Fábio Valim.
Nos últimos dez anos, a taxa de alunos de até 19 anos que concluíram o ensino médio subiu 15 pontos percentuais. Passou de 41% para 56% em 2014. O levantamento é da ONG Todos Pela Educação e se baseou nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita pelo IBGE.
As regiões que mais registraram crescimento foram a Norte, 19 pontos percentuais, e a Nordeste, com 22 pontos percentuais. Ainda assim, o Sudeste segue como a região com a maior taxa de aprovação: 64%.
O Distrito Federal teve a maior taxa de aprovação no ensino médio até os 19 anos: 72%.
Seguido de São Paulo, com 70%, e Santa Catarina: 62%.
Seguido de São Paulo, com 70%, e Santa Catarina: 62%.
Um dado que chama a atenção dos pesquisadores é o que mede a diferença entre os 25% mais ricos e os 25% mais pobres da população. Em dez anos, a diferença entre esses dois grupos caiu de 62 pontos percentuais para 48 pontos percentuais.
Para os especialistas em educação, um dos principais desafios do Brasil é diminuir as desigualdades que ainda existem. A taxa de conclusão do ensino médio nas famílias mais ricas em 2014 foi de 84%. Já nas famílias mais pobres foi de apenas 36%.
"Hoje, em pleno século XXI, você não ter nem o certificado do ensino médio é algo impensável. A gente está diminuindo a desigualdade. Mas o fundamental é conseguir qualidade, é quanto esses alunos estão aprendendo e a relevância desse aprendizado: o quanto que eles podem realmente utilizar esse aprendizado para ter uma vida melhor, não só para ele, mas para toda a comunidade”, afirma a presidente executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.
Para a diretora global de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin, precisamos também melhorar a formação dos professores e diminuir o número de jovens chamados ‘nem – nem’. São aqueles que não estão nem na escola e nem no mercado de trabalho.
“É urgente fazer algo a respeito desse jovem, o nosso dado é melhor que o de muitos países da América Latina, mas ainda temos muito o que fazer para reter o jovem na escola, isso significa melhorar a qualidade da escola, ter uma escolha mais atraente para o jovem e um professor preparado para atuar nesse contexto”, explica.
O levantamento da ONG Todos Pela Educação indica, também, que houve um crescimento do número de estudantes que concluíram o ensino fundamental antes de completar 16 anos. O crescimento foi de 15 pontos percentuais entre 2005 e 2014.
QUINTA, 18/02/2016, 01:00
Quase metade dos brasileiros com 19 anos não concluiu o Ensino Médio
São mais de um milhão de jovens que já poderiam estar na faculdade, mas que desistiram da escola. Todos Pela Educação diz que dados de levantamento são preocupantes e apontam descumprimento de metas.
Por Talis Maurício
Apenas 57% dos jovens com 19 anos concluíram o Ensino Médio. Significa que 43%, quase a metade, não terminaram os estudos básicos no tempo adequado. São ao todo 1,487 milhão de pessoas nessa situação. O levantamento foi feito pelo movimento Todos Pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE de 2014. Em comparação a 2013, a melhora foi de apenas dois pontos percentuais, o que revela estagnação no índice, como explica uma das responsáveis pelo estudo, Alejandra Velasco.
"A meta é que em 2022 todas as crianças completem sua trajetória escolar na idade adequada. No caso do Ensino Médio verificamos um percentual longe dos 100%. A gente vê melhoria em todas as regiões, mas infelizmente não observa uma melhoria no ritmo esperado", diz.
Do total de jovens brasileiros com 19 anos que não concluíram o Ensino Médio, quase a maioria, 42%, só trabalha. Outros 29% não trabalham nem estudam. O restante, menos de 30%, ainda tenta terminar os estudos. É o caso do desempregado Bruno da Costa Gervásio, de 19 anos, morador de Osasco, na Grande São Paulo. Em 2015, ele largou o 2º ano do ensino médio para trabalhar e ajudar a família.
"Comecei a trabalhar, só que o horário do emprego não batia com o horário da escola. Aí eu parei de estudar e fiquei só trabalhando. Deixei de estudar para poder ter meu dinheiro e ajudar em casa também. Aí a empresa teve perda de cliente e teve que demitir mais da metade dos funcionários e eu fui junto. Penso em voltar a estudar neste ano, fazer um supletivo e depois entrar na faculdade de Engenharia Civil", conta.
O maior número de jovens de 19 anos que não frequenta a escola está no Sudeste, região mais populosa do Brasil. Seguido do Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste. Para a ex-secretária de educação básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Lacerda, os dados refletem a desigualdade social do país e um modelo de ensino ultrapassado, que não atrai os jovens. Deficiências que vão deixar cicatrizes no futuro.
"A maior parte desses jovens que não conseguiram concluir o Ensino Médio são jovens pobres. Isso é muito o retrato da desigualdade social e da má distribuição de renda no Brasil. E apresentamos a esses jovens uma escola que é muito arcaíca, que não dialoga com essa juventude e que por isso mesmo não seduz os jovens a permanecerem na escola. Para esses jovens, com certeza, terão menos oportunidades, serão mais explorados e pegarão os piores empregos", avalia a ex-secretária.
No Ensino Fundamental a situação é um pouco melhor. Do total de jovens com 16 anos, 3,5 milhões, 74% concluíram o ciclo e apenas 26% ainda não. No caso do Ensino Médio, os dados também são positivos quando avaliados entre 2005 e 2014. Nos últimos dez anos, o Brasil avançou 15 pontos percentuais na taxa de conclusão dessa etapa, o que indica uma trajetória, ainda que lenta, de melhoria.
Perfil do Ensino Médio avança, mas fica abaixo da meta
18 de fevereiro de 2016
Entre 2005 e 2014, taxa de conclusão dessa etapa do ensino aos 19 anos subiu de 41,4% para 56,7%
Fonte: Valor Econômico (SP)
A queda das desigualdades regionais e de renda vivida pelo Brasil nas últimas décadas teve reflexos positivos na Educação, com a maior presença de Alunos pobres e de regiões com menor renda nas Escolas. Somado a isso, a atual geração de pais, na média, valoriza mais a Educação dos filhos do que os seus antecessores. A dúvida fica para o comportamento dos estudantes na atual crise econômica: se, com o mercado de trabalho desaquecido, vão se concentrar de vez nos estudos ou vão precisar trabalhar mais cedo para ajudar financeiramente a família.
A análise é de Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público que conta com apoio de empresas como Itaú, Gerdau e Rede Globo. Ela admite que, apesar da expansão do Ensino, a qualidade ainda está longe do ideal, mas garante: "Cada vez mais estamos caminhando para uma sociedade que valoriza a Educação".
Entre 2005 e 2014, a taxa de conclusão do Ensino fundamental aos 16 anos pulou de 58,9% para 71,7% A meta "bastante ambiciosa", admite Priscila, era de 86%. Já a de conclusão do Ensino médio aos 19 anos foi de 41,4% para 56,7%. Nesse caso, a meta era de 69%.
Os avanços foram maiores entre as famílias de menor renda e as regiões mais pobres. No Nordeste, por exemplo, a taxa de conclusão do fundamental aos 16 anos saltou de 39,3% para 62,6%, ou 23,3 pontos percentuais. O Sudeste, saindo de um patamar mais alto, avançou 9,4 pontos. No mesmo período, as 25% famílias mais pobres do Brasil tiveram alta de 18,8 pontos nesse quesito. Enquanto isso, as 25% mais ricas tiveram alta de 4,5 pontos. Os dados são baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
Segundo Priscila, uma combinação de fatores contribuiu para a menor evasão Escolar e a diminuição das desigualdades educacionais. Um deles foi a progressão continuada. A repetência em grande escala, diz, além de atrasar os Alunos, praticamente não contribuía com os índices qualitativos. "É errado pensar que se o Aluno repetir, vai aprender mais. Será que ele vai aprender mais só porque repetiu, vendo o mesmo conteúdo, da mesma forma?", pergunta.
Além disso, as próprias políticas de combate à pobreza promovidas na última década ajudaram a manter os Alunos desde cedo na Escola. "Nos níveis socioeconômicos mais baixos, temos correlação muito estreita entre indicadores sociais e Educação. O Bolsa Família, por exemplo, tem impacto muito grande na Educação. Fatores como a melhora na Saúde, assistência social, geração de renda estão muito próximos da Educação e ajudam a manter o Aluno estudando", diz.
Mas não são só as políticas públicas que têm levado a um menor êxodo Escolar, afirma Priscila. Um dos exemplos dessa maior importância que a sociedade tem dado para a Educação vem de dentro de casa. "Cada vez mais a própria juventude quer concluir o Ensino médio. Os Alunos atuais são filhos de uma geração que tem mais consciência da importância da Educação. Na média, a família atual quer que o filho fique na Escola e priorize o estudo", diz.
Para Priscila, a crise econômica deve trazer mudanças à evolução dos últimos anos. A questão é se essas mudanças serão positivas ou negativas. "Em uma época de mercado de trabalho aquecido e Escolas ruins, você pode ter até o efeito contrário, de aumento da evasão. Com a piora da economia, o Aluno pode ser obrigado a ajudar em casa ou, sem trabalho, investir na própria Educação", afirma.
Independentemente dos efeitos da crise e da expansão da presença Escolar dos últimos anos, é consenso entre especialistas que o Brasil ainda peca na qualidade. Na visão de Priscila, a saída está em tratar situações diferentes de maneiras diferentes. "A Escola do Amazonas não tem as mesmas necessidades da de São Paulo. A Escola do Jardim Europa não tem as mesmas necessidades do Jardim Miriam", diz. Ela defende uma distribuição mais criteriosa de recursos. "Precisamos de um sistema que dê mais para quem tem menos. Quanto mais pobre o Aluno, de mais dinheiro ele precisa", afirma.
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