SÃO PAULO - "Temos tido a primeira experiência no mundo em cotas para a maioria da população, é um desafio lidar com isso", declarou à Folha o professor Juarez Xavier, da Unesp. Uma forma equivalente de descrever o fenômeno é dizer que erguemos uma barreira ao acesso de uma minoria da população. E isso pode ser um problema.
Dado que o número de vagas em universidades é finito, cotas operam mais ou menos como subsídios cruzados, que funcionam melhor quando é uma minoria que recebe o benefício custeado pela maioria do que na situação inversa. No primeiro caso, a conta não dói muito no bolso de ninguém e a coisa é bem metabolizada pela sociedade. No segundo, os grupos que se veem como pagando desproporcionalmente mais tendem a sentir-se injustiçados, o que costuma gerar ressentimentos e abre espaço para encrencas futuras.
Nos EUA, estudantes asiáticos estão processando a Universidade Harvard, acusando-a de discriminá-los para favorecer membros de outras etnias. Na Índia, que tem um sistema de cotas e subcotas muito mais antigo, amplo e complexo do que o brasileiro, já houve protestos violentos (com mortes) de grupos que exigiam ser incluídos entre os beneficiários.
Por essas e outras, não sou o maior fã das cotas, mas acompanho o raciocínio daqueles que a defendem no âmbito da educação. O ensino, afinal, deveria ser o grande nivelador da sociedade, o espaço no qual todos, independentemente de suas origens, recebem a instrução necessária para disputar com chances o ingresso na carreira que desejam.
É claro que isso funciona muito melhor na teoria do que na prática. Em praticamente todos os países, filhos de famílias de maior nível socioeconômico apresentam melhor desempenho acadêmico. Não sei se dá para eliminar o problema. A esperança é que melhores e mais inclusivos sistemas de educação básica tornem essa correlação mais fraca.
Dado que o número de vagas em universidades é finito, cotas operam mais ou menos como subsídios cruzados, que funcionam melhor quando é uma minoria que recebe o benefício custeado pela maioria do que na situação inversa. No primeiro caso, a conta não dói muito no bolso de ninguém e a coisa é bem metabolizada pela sociedade. No segundo, os grupos que se veem como pagando desproporcionalmente mais tendem a sentir-se injustiçados, o que costuma gerar ressentimentos e abre espaço para encrencas futuras.
Nos EUA, estudantes asiáticos estão processando a Universidade Harvard, acusando-a de discriminá-los para favorecer membros de outras etnias. Na Índia, que tem um sistema de cotas e subcotas muito mais antigo, amplo e complexo do que o brasileiro, já houve protestos violentos (com mortes) de grupos que exigiam ser incluídos entre os beneficiários.
Por essas e outras, não sou o maior fã das cotas, mas acompanho o raciocínio daqueles que a defendem no âmbito da educação. O ensino, afinal, deveria ser o grande nivelador da sociedade, o espaço no qual todos, independentemente de suas origens, recebem a instrução necessária para disputar com chances o ingresso na carreira que desejam.
É claro que isso funciona muito melhor na teoria do que na prática. Em praticamente todos os países, filhos de famílias de maior nível socioeconômico apresentam melhor desempenho acadêmico. Não sei se dá para eliminar o problema. A esperança é que melhores e mais inclusivos sistemas de educação básica tornem essa correlação mais fraca.
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