1 de março de 2013

Minas Gerais; O combate à violência


O Tempo, 1/3/2013
Recentemente a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) divulgou os índices da violência em Minas Gerais. Houve aumento de crimes violentos em 20,1%. O número de casos saltou de 5.648 registros, em janeiro de 2012, para 6.787 no mesmo mês em 2013. Já o número de homicídios cresceu 5,9%.
O estudo mostra o aumento dos crimes violentos na região metropolitana de Belo Horizonte, sendo que os maiores índices são registrados em Contagem. Mas nem o interior escapa: os casos de sequestros, roubos, estupros e homicídios subiram em 16 das 28 cidades com mais de 100 mil habitantes. E, em 19 municípios com mais de 100 mil habitantes, houve alta nos homicídios.
Para combater a criminalidade, a Seds vai investir R$ 400 milhões na contratação de novos policiais e no aumento do número de câmeras de vigilância, mas, infelizmente, a violência não é apenas "um problema de polícia". Ela é inseparável da questão urbana; é um reflexo da crise econômica na sociedade e no cotidiano das pessoas. Por isso mesmo, combatê-la compete a todos nós.
A falta de investimentos públicos suficientes em infraestrutura, educação, habitação e saúde, a concentração de renda e as sucessivas crises internacionais que abalam economicamente o país, resultando em desemprego, contribuem para o aumento da criminalidade.
Além disso, o uso de drogas, que independe de sexo, classe social, raça ou grau de instrução, torna-se cada dia mais frequente, agravando ainda mais a questão da violência. Infelizmente, muitos usuários ficam tão dependentes que partem para o mundo do crime: roubam, estupram, matam, agridem, traficam, como se a vida nada valesse.
O melhor caminho para o combate à criminalidade é a formação de parcerias entre as polícias, a sociedade civil e as instituições de ensino, como já vem sendo feito. A utilização de pesquisa científica na elaboração de planejamento estratégico de combate à violência e o uso de tecnologia de ponta para coibir e monitorar a criminalidade também são fundamentais e tão importantes quanto o treinamento e a avaliação periódica dos policiais.
Mas a inibição da criminalidade ocorrerá, de fato, quando o poder público aumentar os investimentos em infraestrutura, habitação e saúde, intensificar o combate ao tráfico de drogas e, além disso, fornecer apoio psicológico a familiares e usuários de drogas e também a famílias desajustadas; quando, enfim, existir a visão de que a educação é o pilar do combate à violência; e quando os cidadãos cobrarem mais de seus representantes.
Creio que falta, ainda, um debate amplo e frequente sobre a questão da violência urbana em todos os seus aspectos, com a mobilização da sociedade civil e representantes dos três Poderes. E, é claro, a revisão da questão da maioridade penal, uma vez que diversos crimes hediondos são cometidos por menores de 18 anos. Será isso uma utopia?

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