27 de fevereiro de 2013

Grande SP lidera alta de homicídios no Estado



Dados mostram que assassinatos cresceram 24,2% em janeiro
Para especialistas, polícia da região não tem estrutura para investigar; secretário não quis se pronunciar
AFONSO BENITESROGÉRIO PAGNANDE SÃO PAULO, 26/2/2013, Folha de S.Paulo
A Grande São Paulo liderou a alta dos homicídios dolosos (intencionais) no Estado em janeiro deste ano.
Os dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública mostram que, em janeiro, o aumento na região foi de 24,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. Saltou de 91 para 113 registros. No Estado todo, foi de 16,9% (de 356 para 416).
Especialistas dizem que, aparentemente, a onda de violência que atingiu a Grande São Paulo de outubro a dezembro de 2012 não acabou. Antes de outubro, quando não havia crise, os municípios da Grande São Paulo registravam menos de uma centena de mortos por mês. De lá para cá, em todos os meses, houve mais de cem casos.
Dos 38 municípios da região, 27 tiveram alta nos homicídios. Os que registraram mais ocorrências foram Guarulhos, Itaquaquecetuba e Osasco. As maiores variações ocorreram em Santo André, Jandira e Ferraz de Vasconcelos.
CARACTERÍSTICAS
Para especialistas, as características da região -que concentra alguns municípios "dormitórios" (em que a pessoa só passa a noite), tem forte presença do crime organizado e faz divisa com regiões periféricas da capital- influenciam nas altas taxas.
"Algumas dessas cidades são conglomerados urbanos precários, onde não há nem equipamentos adequados para os cidadãos nem estrutura policial para a investigação dos crimes", avalia o sociólogo Renato Sérgio de Lima, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Pesquisador criminal e autor do Mapa da Violência, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz diz que essa região do Estado não fez o "dever de casa" e por isso ainda enfrenta uma "epidemia de violência".
"As cidades precisam se aproximar da comunidade, abrindo escolas em tempo integral para atividades sociais, dando alternativas de renda e melhorando a atuação policial", afirma.
Procurado, o secretário da Segurança Pública do governo Alckmin (PSDB), Fernando Grella, informou que não iria se manifestar sobre a piora dos índices criminais.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Benedito Meira, informou que não podia tratar do assunto.
Já o delegado responsável pelas delegacias dos 38 municípios da Grande São Paulo, Paulo Bicudo, não retornou aos recados deixados pela reportagem.

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