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Mapa da Violência revela que onda de assassinatos migrou do Sudeste para Norte e Nordeste em dez anos; pólos econômicos atraem violência
Lisandra Paraguassu, Estado de S.Pulo, 18/7/2013
Em dez anos, a violência homicida no Brasil migrou do Sudeste para o Norte e o Nordeste. Enquanto os índices de São Paulo e Rio chegaram a cair 80%, capitais nordestinas bateram recordes de assassinatos. Entre os 5,6 mil municípios do País, 15 ultrapassaram a marca de 100 mortes por 100 mil habitantes, revela o Mapa da Violência 2013 - Homicídios e Juventude no Brasil, com base no DataSUS.
Em 2011, dez cidades do Nordeste e três do Norte atingiram a marca de mais de 100 homicídios por 100 mil habitantes acima de 10 a taxa é considerada epidêmica. Em 2010, apenas Simões Filho, na Bahia, registrara esse índice.
A migração foi detectada por estudo preparado pelo sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz. A atração causada por novos pólos econômicos e a abertura de novas fronteiras econômicas, somadas à falta de estrutura das regiões para lidar com a violência, permitiu a escalada das mortes onde antes se conhecia relativa tranquilidade.
O Mapa da Violência mostra que, na Bahia, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes cresceu 223,6%. Na Paraíba, 202,3%. No Rio Grande do Norte, 190,2%. Como em toda a violência no País, essa mudança também atinge principalmente os jovens. Em Alagoas, morrem 156,4 jovens a cada 100 mil habitantes, quase oito vezes superior à de São Paulo.
A epidemia de assassinatos que atinge o Nordeste pode ser traduzida pelos números das capitais. Em 1999, Salvador era a área metropolitana mais tranquila do País. Em 12 anos, pulou para a 3ª colocação - a taxa de homicídios passou de 7,9 por 100 mil para 69 por 100 mil. Maceió, a 1ª do ranking hoje, com 111 assassinatos por 100 mil, era apenas a 14 a há 12 anos.
Das oito cidades que compunham a lista das capitais mais violentas, apenas Vitória e Recife ainda continuam entre as primeiras. A capital do Espírito Santo caiu do 1º para o 5º lugar e Recife, da 2ª para 4ª posição. São Paulo, que era o 3º lugar em 1999, hoje é a capital menos violenta do País.
A análise feita por Jacobo mostra que o eixo da violência acompanha seis tipos de alterações no perfil socioeconômico do País. A principal são os novos pólos de desenvolvimento, que cresceram não apenas nas capitais do Norte e do Nordeste, mas no interior dos Estados. Entre 2003 e 2011, a violência aumentou 23,6%, enquanto nas capitais, caiu 20,9%, com a concentração maior nas cidades do Sul e Sudeste.
"A emergência desses novos pólos de crescimento, atraindo investimentos e gerando emprego e renda, tornam-se também atrativos para a criminalidade por serem áreas onde os mecanismos da segurança são ainda precários ou incipientes, sem experiência histórica e aparelhamento para o enfrentamento das novas configurações da violência", diz o estudo.
Limites. As fronteiras são outro foco de violência. Uma das duas únicas cidades fora do Nordeste que alcançaram a média de mais de 100 homicídios por 100 mil habitantes é Guaíra, no Paraná, na fronteira com o Paraguai e divisa com Mato Grosso.
Jacobo elenca o turismo predatório e as causas tradicionais como os fomentadores da violência, como a presença das organizações criminosas, do tráfico e das milícias.
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- Jovens no Brasil
53,4 é a taxa de homicídio de jovens por 100 mil habitantes em 2011. Em 1996, índice era de 42,4
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