28 de setembro de 2013

América Latina deve priorizar reforma digital na educação, diz economista

27/09/2013 - 14h05

DA EFE, EM MIAMI. ESTADO DE SAO PAULO


A América Latina não pode ficar à margem da profunda transformação tecnológica que vive o mundo e deve levar essas mudanças para o sistema educacional --caso contrário, perderá sua competitividade e "sofrerá 20 anos de atraso". Essa é a visão do especialista espanhol Xavier Sala-i-Martín, professor de Economia na Universidade Columbia, durante o Festival of Media Latam de Miami.
Para Sala-i-Martín, a região está em uma "encruzilhada" em que não tem como dar marcha à ré e deve realizar imediatamente uma "reforma educativa que incorpore este novo mundo digital", se quiser ser competitiva e inovadora.
O especialista, principal assessor do Fórum Econômico Mundial, disse também que a América Latina, beneficiária durante uma década de uma demanda quase insaciável de matérias-primas no continente asiático, deve agora solucionar outros graves problemas.
O primeiro seria, após "uma boa década" de resultados macroeconômicos, abordar uma reforma educativa em profundidade para "adaptar o sistema educacional à realidade de hoje" com a incorporação de "ferramentas e tecnologia digitais".
Reprodução
Xavier Sala-i-Martín durante o Festival de Mídia Latino-americana de 2013, em Miami
Xavier Sala-i-Martín durante o Festival de Mídia Latino-americana de 2013, em Miami
Ele alertou que "o grande problema da América Latina é a educação, que não funciona, com uma desigualdade sem comparação", onde, em geral, a reforma educativa "nem sequer se coloca".
No México, por exemplo, o debate está centrado na possibilidade ou não de avaliar o nível de capacitação dos professores, o que para o especialista soa "óbvio" e não deveria nem precisar ser debatido, criticou à agência Efe.
Para poder concorrer com os asiáticos, "que estão comendo todos os mercados produzindo o mesmo, mas com qualidade e metade de preço", só existe um caminho: o que transita pela "inovação, por fazer as coisas de forma diferente", ressaltou Sala-i-Martín.
INOVAÇÃO
Ele lembrou o significado do conceito de inovação, uma ideia que, antes que apelar à "alta tecnologia", se refere sobretudo à "flexibilidade, adaptabilidade e evolução".
"Se não se adaptas, se extingue", disse Sala-i-Martín na reunião de dois dias centrada este ano no desenvolvimento de marcas e marketing, a expansão da imprensa e os agentes de mudança na televisão.
O economista citou o exemplo das grandes inovações empresariais de companhias como Ikea, Facebook e Starbuck's, "criadas por pessoas que não eram cientistas nem aplicaram nada em P&D (pesquisa e desenvolvimento)".
"Só 8% da inovação vem de P&D, 92% restante vem de trabalhadores e de cidadãos normais, não de pesquisadores", precisou.
O problema da América Latina, insistiu, é que junto a "grandes universidades com nome se encontram escolas ruins, de terceiro mundo, e milhões de crianças sem formação".
NOVOS ALUNOS
Outro destaque dado por Sala-i-Martín na palestra foi ao fenômeno de mudança de parâmetros cognitivos nas gerações mais jovens. Enquanto crianças desenvolveram, por influência da tecnologia digital, o conhecimento por "hipervínculos", os adultos "mantém um cérebro linear, lemos um capítulo e depois passamos ao próximo".
"As crianças são tecnologicamente diferentes e isto afeta sua maneira de pensar", já distante do sistema tradicional de ensino fundado na memorização de conhecimentos esquecidos depois de 15 dias, comparou.

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