editoriais@uol.com.br, 13/9/2013
Essa compilação de trabalhos científicos prediz que as temperaturas médias no país se elevarão de 3°C a 6°C até o final do século. Os padrões de circulação de ventos e precipitação mudarão, e os modelos de computador indicam que haverá menos chuvas no Norte, no Centro-Oeste e no Nordeste e mais no Sul e no Sudeste.
Embora as anomalias de precipitação possam variar, seus efeitos se farão sentir na vazão total das grandes bacias hidrográficas. A do rio São Francisco, por exemplo, poderá ter seu caudal reduzido em 20%, o que anularia boa parte dos benefícios da bilionária obra de transposição.
Um dos setores mais vulneráveis a essas transformações, se de fato ocorrerem, é a agropecuária. Culturas como soja, café e feijão veriam sua produtividade regredir. No pior cenário, poderia haver perdas de até R$ 7 bilhões ao ano.
Tais predições não são infalíveis, mas, à medida que o conhecimento avança, as incertezas se reduzem --e não há sinais de que o consenso científico afaste-se da convicção de que o aquecimento em curso é provocado pelo homem.
Por outro lado, encontra-se quase estagnada a negociação internacional para redução das emissões de gases do efeito estufa. O Brasil diminuiu bastante as suas, com a queda drástica do desmatamento, mas o efeito disso sobre o clima mundial é ínfimo.
Parece ocioso, nesse contexto, perpetuar a discussão sobre o quinhão de responsabilidade humana na mudança do clima. Se ela é real, cabe dar prioridade para a adaptação da economia aos efeitos sobre os quais houver grau razoável de segurança.
Pesquisadores no PBMC estimam que, idealmente, seria preciso investir ao ano cerca de 3% do PIB para preparar o país. Parece fora de questão, hoje, à luz do desempenho medíocre da economia, mas em algum momento será precisará encarar o desafio de preservar a capacidade de crescer e desenvolver-se também no futuro.
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