Embora fique atrás apenas do México e da Nova Zelândia na proporção dos gastos públicos destinados à educação, o Brasil, que aplicou 17,2% de todo o orçamento no setor em 2012, está nas últimas posições quando o assunto é o valor investido anualmente por aluno. Foram US$ 3.441 por estudante da rede pública brasileira, do ensino básico ao superior, montante que corresponde a 37% da média dos 34 países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de US$ 9.317.
No topo da lista está Luxemburgo (US$ 21.998) e Suíça (US$ 15.859). Atrás do Brasil, apenas México (US$ 3.233), Turquia (US$ 3.072), Colômbia (US$ 2.898) e Indonésia (US$ 1.809). Os dois últimos, assim como o Brasil, não são membros da OCDE, mas, sim, parceiros. Os dados, que fazem parte do relatório “Education at a glance 2015”, elaborado pela entidade para avaliar diversos aspectos da educação no mundo, apresenta os valores de investimento em dólar americano convertido pela metodologia de paridade do poder de compra, que equaliza as moedas via poder aquisitivo, e não pela taxa de câmbio.
Ao comentar a publicação, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Chico Soares, afirmou que os números revelam o “esforço” do país em aumentar o investimento em educação, mas que, na comparação com nações mais ricas, é compreensível que os montantes aplicados pelo Brasil sejam menores:
— É impossível pegarmos um dado e levá-lo para o primeiro mundo. Não posso querer gastar na educação o mesmo que a Áustria gasta. E a saúde, o saneamento, o transporte, a segurança? Estamos gastando um terço (da média dos países da OCDE) porque isso corresponde à nossa situação. Em termos de esforço, estamos avançando.
Segundo a publicação, o gasto público em educação feito no Brasil, em 2012, foi de 5,6% do PIB, patamar “consideravelmente maior que a média da OCDE de 4,7% e a quinta mais alta entre todos os países e parceiros com dados disponíveis”. No entanto, a entidade ressalta uma desigualdade na aplicação do dinheiro. O ensino superior brasileiro recebe 3,4 vezes mais recursos que os anos iniciais do ensino fundamental. Na média da OCDE, esse investimento é 1,8 vez maior.
INVESTIMENTO INSUFICIENTE
A coordenadora-geral do Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, lembra que, apesar de ter um percentual maior de gasto público com educação em relação aos outros países, o Brasil tem uma economia menor ou mais alunos, se comparado com várias dessas nações. Por isso, não há uma relação direta entre esse indicador e a qualidade do ensino. Ela também deixa um alerta:
— Na edição anterior, esse percentual do gasto público era de 19%. Ou seja, o país já investiu mais.
De acordo com o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, esse índice de investimento do PIB ainda não é suficiente. Ele afirma que o relatório da OCDE revela a necessidade de ampliar o gasto para 10% do PIB.
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— O Brasil ainda tem uma demanda educacional enorme, precisamos incluir muita gente. O que significa que, se incluir mais alunos sem aumentar o investimento em relação ao PIB, o custo por estudante vai diminuir. Por isso, a luta pelos 10% do PIB para educação é importante, para que tenhamos um investimento que garanta padrão mínimo de qualidade. Qualificar esse custo por aluno é fundamental, daí a importância de implementar o CAQi (Custo Aluno-Qualidade inicial) — explicou. — Mesmo se resolvêssemos os problemas de gestão, o investimento por aluno que temos hoje não garante a educação. E, com a corrupção, isso é pior ainda.
O CAQi é um indicador que mostra qual valor deve ser investido anualmente por aluno na educação básica, considerando insumos materiais e humanos mínimos para garantir um padrão de qualidade no ensino.
Apesar de fatias do orçamento total cada vez maiores para a educação, o Brasil aparece como sexto, entre as nações avaliadas, com a mais elevada proporção de jovens de 25 a 34 anos que não concluíram o ensino médio. São 39% nessa situação. Apesar de ainda elevado, assinala a OCDE, o índice tem caído ao longo do tempo, quando se verifica que, na população brasileira de 55 a 64 anos, 72% não terminaram o antigo segundo grau.
Em alguns estados, a situação é ainda pior. Alagoas, por exemplo, registra 61% de pessoas de 25 a 34 anos sem ensino médio, mesmo índice verificado na Indonésia para a mesma faixa etária. Já no Distrito Federal, 75% da população nessa idade têm o certificado de ensino médio, panorama semelhante ao da Itália e da Islândia, segundo o estudo. Pela primeira vez, a publicação trouxe indicadores locais de alguns países para determinadas variáveis.
No ranking do ensino médio atrelado a programas de educação profissional, o Brasil vai mal, contrariando o discurso do governo de valorização da formação técnica. É o terceiro país com menos alunos nessa modalidade, perdendo apenas para Irlanda e Arábia Saudita. Cerca de 9% dos jovens de 15 a 19 anos matriculados no ensino médio frequentam o ensino profissionalizante no país, enquanto a média da OCDE é de 40%. Chico Soares, do Inep, reconhece que é preciso mudar:
— Antes, o ensino médio servia para ir para a universidade. Agora, que o ensino médio de fato é para todos, a questão da formação técnica se coloca de forma clara, na própria Base Nacional Comum (currículo nacional da educação básica em discussão) e no PNE (Plano Nacional de Educação).
OS ‘NEM-NEM’
Os jovens de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham, conhecidos como “nem-nem”, somam pouco mais de 20% no Brasil, acima da média da OCDE, de 16%. Mas Amapá e Alagoas, com índices em torno de 30%, ficam próximos de países como a Grécia, que tem 28% dos jovens fora da escola e do mercado de trabalho. Santa Catarina (12%) e Rio Grande do Sul (14%) são parecidos com Austrália (13%) e Reino Unido (14%) nesse quesito, mostra o relatório.
Para Ernesto Faria, coordenador-especialista da Fundação Lemann, o alto índice de jovens dentro desse recorte revela uma deficiência recorrente nas escolas brasileiras.
— O ensino médio brasileiro ainda não consegue preparar o jovem para a vida e para o mercado de trabalho. Ele sai da escola e não tem um norte a seguir, não tem bagagem. Se o bom aluno já tem essa dificuldade, aquele que não estava tão interessado enfrenta ainda mais obstáculos — diz. — Mudar isso passa por uma melhora não só no ensino de disciplinas básicas, como História e Português, mas em um foco maior em ensinar os estudantes a serem mais criativos e se comunicarem melhor.
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No capítulo dedicado aos professores, a publicação mostrou que os docentes da rede pública, na média da OCDE, recebem 77% do valor médio pago a profissionais com escolaridade equivalente. No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mais recente, essa proporção é de 72%. Só na Dinamarca e Luxemburgo, de acordo com o estudo, eles têm salários similares à média das outras categorias.
As dificuldades dos docentes brasileiros também foram medidas no relatório. Seis em cada dez disseram sentir “alta necessidade” de se qualificar para lidar com alunos especiais. A proporção é praticamente a mesma verificada em 2008, de 63,2%. É também elevada a quantidade de professores (27,5%) que se ressentem de treinamento para usar recursos de tecnologia em sala de aula. Pouco mais de 6% reclamam de qualificação na própria área de ensino.
O relatório engloba dados dos 34 membros da OCDE e de mais 12 parceiros da entidade. Mas nem todos têm dados disponíveis para todas as variáveis levantadas pela OCDE. Nesses casos, só são incluídas as informações comparáveis. No Brasil, o parceiro da OCDE para a publicação é o Inep.
Brasil destina menos recursos para pagar professores do que países da OCDE
24 de novembro de 2015
Relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico apontou ainda que o gasto público em Educação tem aumentado no país
Fonte: Agência Brasil
No Brasil, o percentual destinado a gastos com remuneração de pessoal é abaixo da média, segundo o relatório Education at a Glance 2015: Panorama da Educação, lançado hoje (24) mundialmente. De acordo com a publicação, para os anos iniciais do ensino fundamental, cerca de 73% das despesas correntes são destinadas à remuneração de pessoal. A porcentagem está abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é 79%. O texto diz ainda que um padrão semelhante se repete nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.
"Embora não haja uma relação direta, esses valores podem refletir o nível dos salários dos professores dessas etapas de educação no Brasil. Salários iniciais para professores com qualificação mínima são os mesmos para cada nível desde a pré-escola até o ensino médio e estão entre os mais baixos para todos os países e parceiros da OCDE com dados disponíveis", informa o texto.
O Education at a Glance 2015: Panorama da Educação é a principal fonte de informações comparáveis sobre a educação no mundo. A publicação oferece dados sobre a estrutura, o financiamento e o desempenho de sistemas educacionais de 46 países: 34 países-membros da OCDE, alguns países parceiros e do Grupo dos 20 (G20).
De acordo com o relatório, a média de salário inicial para professores da pré-escola entre os países da OCDE é mais do que o dobro do que os professores ganham no Brasil e a diferença cresce nos níveis mais elevados de educação. Os salários iniciais dos professores no Brasil também são menores do que em outros países latino-americanos – como Chile, Colômbia e México – para todos os níveis educacionais, desde a pré-escola até o ensino médio.
No Brasil, o salário dos professores segue a Lei do Piso (Lei 11.738/2008), que estabelece o valor mínimo a ser pago aos professores com formação de nível médio, com jornada de 40 horas semanais. O reajuste é feito anualmente e está em R$ 1.917,78.
Investimento
O relatório da OCDE aponta ainda que o gasto público em educação tem aumentado no Brasil, e a parcela dedicada à educação no gasto público brasileiro é maior do que quase todos os países e parceiros da OCDE. Em 2012, o Brasil investiu o equivalente a 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB) da educação básica à superior. Proporção superior à média da OCDE de 4,7%. É ainda a quinta mais alta entre todos os países e parceiros da OCDE com dados disponíveis.
Quando analisado, no entanto, o gasto anual por aluno, o valor, de US$ 3.441, investido no Brasil é inferior à média dos demais países, que é de US$ 5.876. Apesar de outros países superarem o valor pago pelo Brasil, o relatório aponta queda em vários países da OCDE no investimento em educação de 2010 a 2012 devido à crise econômica de 2008. "Nos anos seguintes à crise, mesmo que alguns países já tivessem iniciado uma lenta recuperação, os salários dos professores foram congelados ou cortados", informa.
De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado no ano passado, o Brasil terá que investir pelo menos 10% do PIB em educação até 2024. Dados mais recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de 2013, mostram que o país investe 6,2% do PIB no setor.
A OCDE é uma organização internacional formada, na maioria, por economias com elevados PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano e são considerados países desenvolvidos. Os representantes trocam informações e alinham políticas, com o objetivo de potencializar o crescimento econômico e colaborar com o desenvolvimento de todos os demais países-membros.
Jovens no Brasil trabalham mais e estudam menos, mostra relatório da OCDE
O Brasil tem o maior índice de jovens que não estão estudando, em comparação com os países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e parceiros, diz o relatório Education at a Glance 2015: Panorama da Educação, lançado mundialmente hoje (24). Os dados mostram que no Brasil 76% dos jovens entre 20 e 24 anos estão longe dos estudos, enquanto a média dos demais países é 54%.
Os dados revelam ainda que a maior parte desses jovens está trabalhando: 52%. O índice de emprego entre as pessoas da faixa etária é também o mais alto entre os países. "Embora o fato de que esses indivíduos não estarem mais estudando seja motivo de preocupação, é importante notar que a maioria deles estava trabalhando em vez de estudando", acrescenta o relatório, com base em dados de 2013.
O Education at a Glance 2015: Panorama da Educação é a principal fonte de informações comparáveis sobre a educação no mundo. A publicação oferece dados sobre a estrutura, o financiamento e o desempenho de sistemas educacionais de 46 países, sendo 34 membros da OCDE, países parceiros e do G20.
Em todos os níveis educacionais, o Brasil apresentou taxas de desemprego inferiores à média dos demais países. Em 2014, a taxa de desemprego entre os indivíduos de 25 a 64 anos era 4,5% entre aqueles com nível inferior ao ensino médio; 5,6%, com ensino médio completo e 2,9% com educação superior. As médias dos países da OCDE eram, respectivamente, 12,8%, 7,7% e, 5,1%.
Mesmo com as altas taxas de emprego, grande parte da juventude brasileira permanece entre os que nem estudam nem trabalham, grupo conhecido como “nem-nem”. Mais de 20% dos indivíduos de 15 a 29 anos estavam nesse grupo em 2013. A média da OCDE era 16%. O valor, no entanto, é semelhante ao de outros países latino-americanos como o Chile (19%), a Colômbia (21%) e a Costa Rica (19%).
Jovens estão estudando mais
O relatório mostra que as novas gerações têm avançado mais nos estudos em comparação com os mais velhos. O Brasil apresenta uma das maiores diferenças entre gerações: enquanto apenas 28% dos indivíduos entre 55 e 64 anos concluíram o ensino médio, o percentual aumenta para 61% entre os de 25 a 34 anos.
"De fato, se os padrões atuais se mantiverem, mais de 60% dos jovens brasileiros podem esperar concluir o ensino médio ao longo da vida", informa o texto. No geral, o índice de conclusão do ensino médio é aquém da média dos demais países.
Em 2013, 54% dos adultos com idade entre 25 e 64 anos não tinham completado o ensino médio no Brasil, o que é maior que a média da OCDE, de 24%.
Segundo a publicação, analisar as taxas de conclusão de diferentes gerações é uma maneira de observar o ritmo em que sistemas educacionais têm se expandido nos países.
O Brasil também aumentou a parcela da população com um diploma de ensino superior, "embora esse aumento venha ocorrendo em ritmo lento", diz o texto. Entre 2009 e 2013, a parcela da população com idade entre 25 e 64 anos que concluiu o ensino superior passou de 11% para 14%. O nível está abaixo da média da OCDE, de 34%, e das taxas de outros países latino-americanos, como o Chile (21%), a Colômbia (22%), a Costa Rica (18%) e o México (19%).
O que diz a lei no Brasil
De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado no ano passado, o Brasil tem até 2024 para que pelo menos 33% da população de 18 a 24 anos estejam matriculados no ensino superior, sendo pelo menos 40% em instituições públicas. Atualmente, 14,6% dessa faixa etária estão no ensino superior. O país terá também que assegurar em dez anos que 85% dos jovens de 15 a 17 anos estejam no ensino médio. Atualmente, são 59,5%.
A OCDE é uma organização internacional composta, em sua maioria, por economias com elevados Produto Interno Bruto (PIB) per capita e Índice de Desenvolvimento Humano, consideradas países desenvolvidos. Os representantes fazem o intercâmbio de informações e alinham políticas, com o objetivo de potencializar o crescimento econômico e colaborar com o desenvolvimento dos demais países-membros.
Professor brasileiro ganha 40,2% do salário de docentes de países da OCDE
24 de novembro de 2015
Presidente do Inep argumenta que a comparação é feita com nações mais ricas e desenvolvidas, com maior histórico de investimento em Educação
Fonte: Folha de S.Paulo (SP)
Em início de carreira, um Professor da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) tem, em média, uma remuneração anual de US$ 29,8 mil (R$ 110,8 mil).
No Brasil, o valor pago a esse Docente é de US$ 12 mil, ou 40,2% do salário pago ao mesmo profissional nas 34 economias mais desenvolvidas do mundo. Países como Dinamarca e Suíça chegam a pagar mais do que o triplo da média nacional.
A comparação é feita entre a remuneração inicial do Docente nesses países e o piso salarial do Professor no Brasil, fixado em lei federal. Em ambos os casos, o Professor leciona em turmas de anos iniciais do Ensino fundamental (1º ao 5º ano).
Brasil investe mais em Educação, diz OCDE, mas gasto por aluno é baixo
24 de novembro de 2015
Estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico também revelou que 20% dos jovens brasileiros entre 15 e 29 anos não trabalham nem estudam
Fonte: G1
O Brasil teve o maior crescimento proporcional em investimento na educação pública entre mais de 30 países, mas perdeu em outros indicadores e no gasto médio por aluno, segundo dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgados na manhã desta terça-feira (24).
Apesar do investimento público total ser alto, proporcionalmente, em relação aos outros países, o gasto brasileiro anual por aluno da educação básica ainda é baixo, na comparação. O Brasil gastou cerca de 3.000 dólares anuais por aluno da educação básica, enquanto, em média, os países da OCDE investem cerca de 8.200 dólares por aluno dos anos iniciais, 9.600 por aluno dos anos finais e 9.800 por aluno do ensino médio.
Os dados foram incluídos na última edição do estudo "Education at a Glance" ("Um olhar sobre a educação", na tradução livre do inglês), que compara, no cenário internacional, dados de 2012 e 2013 do sistema educacional dos 34 países membros da OCDE. Assim como a Rússia, o Brasil não integra a OCDE, mas compõe o relatório.
O estudo aponta que no Brasil, em 2012, 17,2% do investimento público total foi destinado para a educação, em 2005, esse percentual foi de 13,3%. Entre os países analisados em 2012, apenas México e Nova Zelândia dedicaram maior proporção do que o Brasil.
Em 2012, o investimento em educação básica no Brasil foi da ordem de 4,7% do PIB, enquanto a média OCDE é de 3,7%. Em relação a 2005, o investimento por aluno da educação básica no Brasil cresceu 210%, enquanto na média da OCDE esse crescimento foi de 121%.
"O Brasil está gastando quase 20% em educação ao ano, é o terceiro país que mais gasta. Não temos a ideia do esforço que fazemos. Quando vemos esse dado na comparação internacional, mostra como mudamos de 2000 para cá. Mais do que em termos reais o que gastamos em educação básica, mas era necessário porque gastávamos muito pouco", afirma o presidente do Inep, Chico Soares, em entrevista ao G1.
Geração ‘nem-nem’
Se o Brasil supera os demais países no quesito investimento em educação, se assemelha aos vizinhos latino-americanos e perde na média dos países da OCDE quando somam-se os jovens com idades entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham. A geração 'nem-nem', como é chamada, atingia mais de 20% dos brasileiros em 2013.
Esse índice é semelhante aos de outros países latino-americanos como Chile (19%), Colômbia (21%) e Costa Rica (19%), mas está acima da média OCDE, de 16%.
Entre os países analisados, o Brasil (76%) apresenta o maior percentual de jovens de 20 a 24 anos de idade que não está estudando. No entanto, nessa mesma faixa etária, 52% dos jovens estão empregados, sendo essa também a maior proporção observada entre os países.
"Só lamentamos esse dado. As nossas taxas de abandono da escola são altas, e todo o planejamento é para tornar o ensino médio mais útil. É nesse sentido que o Plano Nacional de Educação sinaliza. O pouco sucesso no ensino médio pode ser atribuído ao fato de não oferecemos o que muitos jovens querem", diz Chico Soares.
No Amapá (29%) e Alagoas (30%) o percentual de jovens de 15 a 19 anos que não trabalha nem estuda é próximo ao da Grécia (28%), enquanto em Santa Catarina (12%) e Rio Grande do Sul (14%) apresentam percentuais similares aos de países como Austrália (13%) e Reino Unido (14%).
Avanços
Apesar de ter diminuído o índice de adultos, com idades entre 25 e 34 anos, que não concluíram o ensino médio, o Brasil ainda está no grupo que possui as piores taxas nessa modalidade.
China, Indonésia, México, Turquia, Costa Rica e Brasil apresentam, nessa ordem, os maiores percentuais de jovens e adultos que não têm o ensino médio completo.
Comparadas as pessoas de 55 a 64 anos de idade no Brasil, a proporção de não concluintes de ensino médio é de 72% nessa faixa etária e de 39% entre aqueles de 25 a 34 anos.
Entre os países analisados, Coréia do Sul, Rússia, República Tcheca e Polônia são os que apresentam a menor proporção de jovens que não possuem o diploma do ensino médio.
O Brasil também está, ao lado do Canadá, entre os países que têm o menor percentual de concluintes do ensino médio que cursaram educação profissional, com menos de 5% em relação ao total de concluintes do ensino médio. Na média dos países da OCDE, 46% dos jovens concluintes do ensino médio tem formação profissional.
Mais estudo, maior renda
O levantamento da OCDE também aponta que, no Brasil, quem possui um diploma de nível superior tem em média renda 152% maior que aqueles com somente um diploma de ensino médio. O Brasil e o Chile são os países que apresentam a maior diferença de renda média entre a população com educação de nível superior em relação aos que possuem nível médio.
OCDE: Números mostram por que Brasil ainda vai mal em Educação
24 de novembro de 2015
País enfrenta problemas como diferenças salariais por gênero e escolaridade, má remuneração de professores e gastos por aluno inferiores à média
Fonte: UOL Educação
Gastos por aluno inferiores à média da OCDE (Cooperação e Desenvolvimento Econômico), baixa taxa de pessoas com ensino superior, expressivas diferenças salariais por gênero e escolaridade, má remuneração de professores e falta de computadores. Esses são alguns fatores divulgados por um estudo nesta terça-feira (24) que demonstram por que o Brasil ainda vai mal na área da educação.
Segundo os dados do "Education at a Glance 2015", 14% da população entre 25 e 64 anos tinham ensino superior completo em 2013. O índice é bem abaixo da média dos países da OCDE, que é de 34%. No mesmo ano, 76% dos jovens entre 20 e 24 anos não estavam estudando.
Tal diferença de escolaridade aumenta, e muito, a discrepância salarial entre os brasileiros. Para se ter uma ideia, 60% daqueles que têm mestrado ou doutorado ganham mais que o dobro da média da população ativa no país. Em países desenvolvidos, essa diferença é bem menor: Na Finlândia, por exemplo, é 18% -- a média da OCDE é de 28%.
Ou seja, as vantagens financeiras da pós-graduação são maiores em países com menores taxas de pessoas com esse nível de escolaridade. É o caso do Brasil, Chile, Colômbia, Hungria e México.
Ser homem ou mulher ainda influencia no salário de profissionais com a mesma qualificação. O Brasil, junto com o Chile, tem a maior diferença salarial de gênero entre todos os países e parceiros da OCDE.
Sala de aula
Na sala de aula, os problemas começam já na remuneração dos professores. Os salários iniciais da categoria estão entre os mais baixos entre todos os países e parceiros da OCDE -- inclusive de vizinhos da América Latina, como Chile, Colômbia e México.
A média salarial da OCDE para docentes da pré-escola, por exemplo, é mais que o dobro do que os professores ganham no Brasil. E a diferença só tende a aumentar nos níveis mais elevados de educação.
Outro problema encarado pelos professores é o alto número de alunos por sala. Seja nos anos iniciais e finais do ensino fundamental, no ensino médio ou no ensino superior, o número de estudantes por professor está acima da média.
Segundo o estudo, salas com menos alunos permitem que os professores gastem menos tempo tendo de administrar a "bagunça" dos jovens. No Brasil, os docentes afirmam gastar 33% do tempo em sala resolvendo esse tipo de problema.
Entre 2003 e 2013, o Brasil teve um dos maiores aumentos no índice do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) que avalia recursos educacionais das escolas. Mas há ainda muito o que melhorar na infraestrutura: em 2012, por exemplo, o país tinha 22 alunos para cada computador, acima da média da OCDE (5 alunos por PC).
Brasil investe por aluno um terço da média dos países da OCDE
O valor destinado a cobrir um ano de educação de um aluno do ensino fundamental 2 (6º ao 9º anos) e do ensino médio em 2012 foi de US$ 3.020* no Brasil, o que corresponde a 31,72% da média do investimento dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que foi de US$ 9.518 no período.
Isso coloca o Brasil na 32ª colocação no ranking de investimento por aluno, entre os 37 países com dados disponíveis.
Na educação primária, o valor investido foi de US$ 3.095 por aluno por ano -- contra US$ 8.247 da média dos países ricos da OCDE -- deixando o Brasil na 32ª colocação também neste setor.
Apesar de ainda estar longe do investimento por aluno dos países ricos, o Brasil destinou 5,6% do PIB (Produto Interno Bruto) à educação -- contra a média de 4,7% dos países da OCDE -- e isso o colocou na quinta colocação entre os países que destinam maior percentual do PIB.
O PNE (Plano Nacional da Educação), sancionado em junho de 2014, prevê aporte de 10% do PIB até o ano de 2024.
Esforço brasileiro é maior
Para Chico Soares, presidente do Inep, "o esforço que o Brasil faz é muito grande" em investimentos na área da educação. "Não somos a Finlândia [país rico cuja educação é reconhecida com uma das melhores do mundo]", explica Soares.
O Inep é um instituto do MEC (Ministério da Educação) responsável pelas estatísticas educacionais, como o Censo da Educação Básica, e pelas avaliações, como o Enem e Prova Brasil.
Segundo a nota sobre o país, o Brasil destina 17,2% dos seus gastos públicos à educação, do nível da educação básica à educação superior. Somente México e Nova Zelândia têm percentuais maiores, ambos com 18,4%. Entre 2005 e 2012, a proporção dos gastos públicos aumentou 82% na educação básica.
"Isso é nosso filme [e não apenas um retrato da situação do país]: lá atrás a gente não gastava [o mesmo percentual na área]", diz Soares. "É bom ver o Brasil na liderança [do ranking dos países com investimento percentual do PIB]."
Education at a Glance
Os dados foram divulgados nesta terça (24) no relatório anual da organização sobre a área, Education at a Glance (Olhar sobre a educação, em tradução livre) com dados financeiros de 2012. A pesquisa está dividida em quatro eixos: escolarização, investimento, participação na educação e ambiente escolar.
Participam do levantamento os 34 países membros da OCDE e alguns parceiros, como o Brasil.
*Os valores em dólares foram convertidos usando a paridade de poder de compra
Brasil é o terceiro país que menos gasta com Educação, segundo levantamento da OCDE
24 de novembro de 2015
Pesquisa revela que o país melhorou uma posição e está à frente apenas da Colômbia e da Indonésia; Alemanha é exemplo em investimento por aluno
Fonte: Rádio CBN