23 de março de 2016

Barreiras na Educação

23 de março de 2016
País tem altas taxas de reprovação e queda de 2,7% nas matrículas do Ensino Médio; dados são do Censo Escolar 2015

Fonte: O Globo (RJ)



Um em cada dez Alunos do 3 º ano do Ensino fundamental, quando se espera que ele saiba ler e escrever, é reprovado no Brasil. A taxa de insucesso chega a 26,5% no primeiro ano do Ensino médio, etapa em que se verifica também a maior proporção de estudantes ( 31,4%) atrasados em relação à idade esperada para aquela série. A má qualidade do aprendizado, que resulta em seguidas reprovações, contribui para uma evasão preocupante, especialmente entre os jovens. Tanto que a queda de matrículas no Ensino médio foi de 2,7%, entre 2014 e 2015. E o número de pessoas de 15 a 17 anos fora da Escola, no país, chega a 1,6 milhão.
Os dados, apresentados ontem pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, são do Censo Escolar 2015. Devido à evasão, sobretudo no Ensino médio, o ministro anunciou que o governo fará uma busca ativa para alcançar os 1,6 milhão de ex- estudantes e tentar recolocá- los na Escola. Segundo Mercadante, um mapeamento da pasta já identificou que a maioria deles está em grandes cidades. A tarefa de fazer contato com esses jovens, porém, dependerá ainda da participação de autoridades estaduais e municipais.
A queda de 2,7% nas matrículas do Ensino médio, em 2015, é a maior já verificada desde 2011, quando o número de Alunos foi de 8,4 milhões, contra oito milhões no ano passado. Segundo Mercadante, a evasão nesta etapa vem da dificuldade sentida pelo Aluno, em função da formação de base ruim, aliada à pouca atratividade das instituições para os jovens:
— No Ensino médio, o problema não é estrutura ( para atender a demanda). O problema é o Aluno que vem com defasagem da Alfabetização lá atrás. Quando chega na sala de aula com 13 disciplinas, ele se desorganiza e vai embora para casa.
Aumento de jornada em 1 hora por dia 
Por conta disso, o ministro enfatizou que a Base Nacional Comum Curricular, atualmente em discussão no país, deverá estabelecer um aumento da jornada do Ensino médio de quatro para cinco horas, além de estimular a integração com o Ensino profissionalizante. A ideia é adotar um currículo mais flexível, garantido conteúdo universal obrigatório.
De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação ( Consed), Eduardo Deschamps, o modelo de Ensino oferecido é pouco atrativo e distante da realidade de muitos jovens.
— Temos um Ensino totalmente voltado para formação de jovens que vão seguir para o Ensino superior, mas maioria não vai para a universidade. Precisamos de um modelo que permita, para além do conteúdo obrigatório, que ele possa seguir trilhas diferenciadas — acredita.
Já para sanar o deficit da Alfabetização, Mercadante oficializou o plano de integrar três programas: o de Alfabetização na Idade Certa; o Mais Educação, de ampliação da jornada Escolar; e o de Bolsa de Iniciação à Docência ( Pibid), que incentiva estudantes de licenciatura e pedagogia a atuarem na rede pública de Ensino. Eles serão adotados em 26 mil Escolas que concentram 70% dos Alunos com desempenho insatisfatório.
Mas a tarefa de melhorar o letramento das crianças não será das mais fáceis. É no 3° ano, etapa em que, segundo o Plano Nacional de Educação ( PNE), todos os Alunos deverão estar alfabetizados até 2024, que se verifica a maior taxa de reprovação dos anos iniciais do Ensino fundamencaso tal: 12,2%. Chama atenção também a proporção de 14,9% dos Alunos com distorção idade- série nessa fase, o que denota um atraso no fluxo Escolar ainda no início da trajetória dos estudantes.
Priscila Cruz, da organização não- governamental “Todos Pela Educação”, destaca que a falta de uma Educação infantil ampla contribui para o cenário de Alfabetização deficiente, que culmina em uma taxa expressiva de reprovação.
— Só a partir desse ano a Educação infantil passou a ser obrigatória e ela é decisiva para a Alfabetização. É central que a criança participe de atividades Escolares desde os 4 anos — explica.
A distorção idade- série, representada pelo atraso Escolar de dois anos ou mais, é um problema preponderante da rede pública. Atinge 21,5% dos estudantes do 5° ano e 23,2% no 9° ano, contra 5,3% e 7,1%, respectivamente, para as mesmas séries no Ensino privado. Regularizar o fluxo é fundamental o país queira cumprir a meta do PNE que estabelece 95% dos estudantes concluindo o Ensino fundamental na idade adequada até 2024.
Outro dado preocupante revelado pelo Censo é a queda contínua no número de matrículas na Educação de Jovens e Adultos ( EJA), que caiu 4,5% em 2015 na comparação com o ano anterior. Já na modalidade vinculada à Educação profissional, houve aumento de 4,8% no mesmo período. A junção entre os dois tipos de formação é a aposta do governo para o Pronatec em 2016, com a meta de matricular dois milhões neste ano em cursos profissionalizante associados ao EJA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário