25 de setembro de 2017

Suicídio e prevenção


EDITORIAL

Getty Images/BBC-Brasil
As razões que fazem a Nova Zelândia ter o maior índice de suicídio entre jovens em países desenvolvidos
Casos suicídio no Brasil avançaram 12%
Suscita preocupação o dado divulgado pelo Ministério da Saúde na quinta-feira (21) segundo o qual avançaram 12% os casos de suicídio Brasil, entre 2011 e 2015. A sociedade não pode assistir inerme a tamanho desperdício de vidas.
Foram 11.736 casos em 2015. Cinco anos antes, ainda eram 10.490. As razões do aumento pedem investigação, mas não há que esperar por estudos acadêmicos para fazer o que mais importa: prevenção.
Não se descarta que parte do aumento se deva a um incremento na notificação. O tabu social ainda leva alguns profissionais de saúde e familiares a evitar que esse ato de desespero extremo figure como causa oficial da morte.
Entretanto o tratamento mais aberto do tema nos últimos tempos parece contribuir para que se conheça melhor sua real dimensão.
O maior contingente de suicidas é de homens (79%). Entre jovens de 15 a 29 anos de idade, aparece como a quarta principal causa de morte, mas a maior taxa se registra entre idosos -8,9 mortes por 100 mil pessoas com mais de 70 anos, contra 6,8 por 100 mil entre os que têm de 20 a 29 anos.
A região Sul, com meros 14% da população, representa 23% dos episódios. Dos 4 municípios nacionais com maior incidência, 3 ficam no Rio Grande do Sul.
Há informação suficiente sobre os grupos de maior risco. Não faltam estudos, ademais, a afirmar que 9 entre 10 casos podem ser evitados. E o maior fator preditivo para um suicídio consumado é a realização de tentativas anteriores.
O sistema público já conta com um modelo consagrado para o trabalho de prevenção. Segundo estimativa do Ministério da Saúde, a presença no município de um Centro de Atenção Psicossocial –locais para atendimento especializado e assistência social, mais conhecidos pela sigla Caps– diminui em 14% o risco de suicídio.
Existem hoje no Brasil 2.463 desses estabelecimentos, mas são 5.570 os municípios. Além disso, metrópoles como São Paulo ou Rio de Janeiro abrigam vários Caps.
Para alcançar a meta de reduzir em 10% a mortalidade por suicídio até 2020, há que capilarizar ainda mais esse serviço, que de resto atende pessoas com todo tipo de problemas mentais e psicológicos.
Seria desejável que o ministério apresentasse um cronograma para a expansão da rede. Suicídio não tem cura, mas pode ser prevenido. 

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