29 de janeiro de 2013

Cabral não vai mais demolir Museu do Índio


OBA!!
Governador do Rio quer, porém, que indígenas que ocupam local ao lado do Maracanã desde 2006 saiam de lá
Aluguel social será oferecido em troca de desocupação; cacique disse que só negocia com o governador
DIANA BRITODO RIO, Folha de S.Paulo, 29/1/2013
O antigo prédio do Museu do Índio, alvo de uma disputa judicial entre o governo do Estado e 23 famílias indígenas que ocupam o local desde 2006, não será mais demolido.
A decisão foi anunciada ontem pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, que pretendia derrubar o imóvel para facilitar o acesso ao novo estádio do Maracanã, que está sendo reformado para a Copa de 2014.
A decisão do governador, no entanto, exclui a permanência dos índios no local. Hoje, técnicos da Secretaria de Assistência Social se reunirão com os ocupantes para oferecer, em troca da desocupação, o pagamento de aluguel social.
À Folha o cacique Carlos Tukano disse que só aceita negociar diretamente com o governador do Rio.
Cabral não informou o que pretende fazer com o imóvel. De acordo com o governo, o destino do prédio, após o tombamento, será discutido entre o governo do Estado e a prefeitura carioca.
A restauração será realizada pela concessionária que vencer a licitação do Complexo do Maracanã, cujo edital sairá em fevereiro.
O governo afirmou que o Ministério da Agricultura está desocupando os demais prédios existentes no local, que serão demolidos para garantir o fluxo de pessoas no entorno do estádio.
Há cerca de 15 dias, o governador afirmou que o prédio não tinha valor histórico e que a área de mobilidade era necessária.
"Ali era um prédio em ruínas que não tinha valor histórico porque não foi tombado. Aquilo é uma ação política em que se tenta impedir algo que vai servir a milhões de brasileiros, que é ter um novo Maracanã, com uma nova área de mobilidade", afirmou Cabral, na ocasião.
No último sábado, a Justiça expediu liminar impedindo a demolição do imóvel. A decisão chegou às vésperas do fim do prazo dado pela Procuradoria do Estado para a desocupação do imóvel, prevista para ontem.
A liminar estabelece ainda uma multa de R$ 60 milhões para o caso de descumprimento da medida.
REALEZA
A área disputada por governo e índios pertenceu ao duque Luís Augusto de Saxe, marido da princesa Leopoldina, filha mais nova de dom Pedro 2º. Em 1915, o marechal Rondon criou, no prédio, o Serviço de Proteção ao Índio, atual Funai.
Em abril de 1953, foi então criado o Museu do Índio. Em 1977, quando era dirigido por Darcy Ribeiro, o museu foi transferido para Botafogo, zona sul da cidade.

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