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SANTIAGO - Há cinco anos, durante os discursos de encerramento de uma cúpula no Chile, o rei da Espanha repreendeu o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, com o famoso “¿por qué no te callas?”, numa discussão que passou a simbolizar os infrutíferos encontros entre governantes europeus e latino-americanos naquela época.
Dominadas pela retórica esquerdista e pela instabilidade nos Andes, essas cúpulas pouco acrescentavam a uma Europa que crescia rapidamente desde a implantação do euro como moeda corrente, uma década antes. Mas a crise da dívida europeia pôs de ponta-cabeça a relação das antigas potências imperiais com suas ex-colônias. Os líderes da União Europeia presentes no fim de semana a uma cúpula em Santiago foram francos a respeito do seu interesse em pegar carona no impressionante crescimento econômico latino-americano.
— Essa é agora uma relação estratégica entre parceiros iguais — disse a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, comandando uma enorme delegação de políticos e empresários europeus.
Em meio a várias reuniões bilaterais durante os dois dias de cúpula, Merkel mal havia terminado de proferir seu discurso e já saiu apressada para o centro financeiro de Santiago, em busca de acordos comerciais e de investimentos.
— Convidamos vocês a investirem na Alemanha — disse ela, ecoando o apelo feito na véspera por seu colega espanhol, Mariano Rajoy, no palácio presidencial chileno.
Num momento em que 60% dos jovens espanhóis estão desempregados e em que a Alemanha, maior economia europeia, luta contra o impacto de uma crise de dívidas públicas que quase solapou a zona do euro no ano passado, a América Latina claramente está em posição de vantagem. A economia da região deve crescer quase 4% neste ano, ao passo que o PIB conjunto dos 17 países da zona do euro deve se contrair. A Europa espera que mais companhias latino-americanas sigam o exemplo do magnata mexicano Carlos Slim, que investiu na empresa holandesa de telecomunicações KPN.
Os governos europeus também desejam que suas empresas ganhem lucrativas concorrências para obras portuárias, rodoviárias e aeroviárias na América Latina, inclusive para a Copa de 2014 a e Olimpíada de 2016 no Brasil.
Diplomatas na cúpula de Santiago disseram que o clima entre os mais de 60 países participantes estava agora mais relaxado, em parte por causa da maior humildade dos europeus.
— A América Latina gosta da ideia de que a União Europeia também tem problemas — disse um diplomata europeu que trabalhou com colegas chilenos durante a cúpula.
Claramente ansiosos por passar seu recado, dois dos mais graduados funcionários da UE, Herman Van Rompuy e José Manuel Barroso, proferiram cinco discursos em menos de dois dias, louvando os êxitos latino-americanos e falando dos “destinos entrelaçados” das duas regiões. Isso caiu bem com líderes latino-americanos como a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que elogiou o novo tom da UE. “Os europeus finalmente perceberam que precisamos de uma relação em que ambos os lados ganhem”.
Dominadas pela retórica esquerdista e pela instabilidade nos Andes, essas cúpulas pouco acrescentavam a uma Europa que crescia rapidamente desde a implantação do euro como moeda corrente, uma década antes. Mas a crise da dívida europeia pôs de ponta-cabeça a relação das antigas potências imperiais com suas ex-colônias. Os líderes da União Europeia presentes no fim de semana a uma cúpula em Santiago foram francos a respeito do seu interesse em pegar carona no impressionante crescimento econômico latino-americano.
— Essa é agora uma relação estratégica entre parceiros iguais — disse a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, comandando uma enorme delegação de políticos e empresários europeus.
Em meio a várias reuniões bilaterais durante os dois dias de cúpula, Merkel mal havia terminado de proferir seu discurso e já saiu apressada para o centro financeiro de Santiago, em busca de acordos comerciais e de investimentos.
— Convidamos vocês a investirem na Alemanha — disse ela, ecoando o apelo feito na véspera por seu colega espanhol, Mariano Rajoy, no palácio presidencial chileno.
Num momento em que 60% dos jovens espanhóis estão desempregados e em que a Alemanha, maior economia europeia, luta contra o impacto de uma crise de dívidas públicas que quase solapou a zona do euro no ano passado, a América Latina claramente está em posição de vantagem. A economia da região deve crescer quase 4% neste ano, ao passo que o PIB conjunto dos 17 países da zona do euro deve se contrair. A Europa espera que mais companhias latino-americanas sigam o exemplo do magnata mexicano Carlos Slim, que investiu na empresa holandesa de telecomunicações KPN.
Os governos europeus também desejam que suas empresas ganhem lucrativas concorrências para obras portuárias, rodoviárias e aeroviárias na América Latina, inclusive para a Copa de 2014 a e Olimpíada de 2016 no Brasil.
Diplomatas na cúpula de Santiago disseram que o clima entre os mais de 60 países participantes estava agora mais relaxado, em parte por causa da maior humildade dos europeus.
— A América Latina gosta da ideia de que a União Europeia também tem problemas — disse um diplomata europeu que trabalhou com colegas chilenos durante a cúpula.
Claramente ansiosos por passar seu recado, dois dos mais graduados funcionários da UE, Herman Van Rompuy e José Manuel Barroso, proferiram cinco discursos em menos de dois dias, louvando os êxitos latino-americanos e falando dos “destinos entrelaçados” das duas regiões. Isso caiu bem com líderes latino-americanos como a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que elogiou o novo tom da UE. “Os europeus finalmente perceberam que precisamos de uma relação em que ambos os lados ganhem”.
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