19 de setembro de 2014

Brasil fica em 43º em ranking de inovação em TICs

quarta-feira, 17 de setembro de 2014, 18h52 , Teletime



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A Qualcomm divulgou nesta quarta-feira, 17, a terceira etapa do relatório realizado pela Convergencia Research que mede o grau de adoção, assimilação e uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) em 73 países. Dessa vez, o Índice Qualcomm de Sociedade da Inovação (QuISI) mediu os resultados de TICs em Governo e em Inovação, mostrando desempenhos bem diferentes nas duas áreas no Brasil. Enquanto o País ficou “a meio caminho do ótimo” no QuISI de governo, com nota 51,54 em inovação, o mercado brasileiro ficou em 43º lugar. Se a posição não parece tão ruim, o ranking tira a frieza dos números: o País ficou com nota 18,36 de um total de 100 pontos possíveis. Em comparação, o primeiro lugar foi dos Estados Unidos, com 61,58 pontos.

O quociente de inovação brasileira ficou à frente de quase todos os 20 países latino-americanos pesquisados, atrás apenas de Chile e Panamá, mas atrás de concorrentes diretos como China, Rússia, Índia e África do Sul. “Se a ambição do País é liderar os BRICS, 43º não é um lugar bom. E a pontuação está muito longe dos países realmente inovadores, é uma brecha muito grande”, pondera o presidente da Qualcomm, Rafael Steinhauser.

Na visão de Steinhauser, o principal desafio é o capital humano, com educação e retenção de talentos. Isso porque o Brasil ficou em 57º lugar no desenvolvimento de capital humano, com taxa de 30% de matrícula em instituições de ensino superior, contra uma média de 53%. O índice mais elevado é da Coreia do Sul, com 98%. Já em quesito de pesquisadores em técnicos por cada milhão de habitantes, o País obteve 1.366 pontos, ficando em 41º, contra uma média de 2.757.

Não ajuda, entretanto, a parcela do PIB destinada ao investimento em pesquisa e desenvolvimento: com 1,21%, o Brasil está praticamente na média (de 1,22%), mas também distante dos líderes: Israel destina 4,39% do PIB para P&D. E o País também não obteve uma boa posição nas parcerias entre universidades e empresas nessa área: com nota 4 (média é de 4,2), ficou em 41º.  A relação com a oferta de conectividade é relacionada ao índice: a Convergencia Research considerou que é uma condição “necessária, mas não suficiente”, já que os 15 países mais conectados são os que mais inovam.

No quesito propriedade intelectual, o QuISI do Brasil está entre os 15 primeiros. Mas considerando a inovação interna, o resultado é diferente: com 4.804 pedidos de patentes realizados por residentes em 2013, o País está bem abaixo da média, que é de 19.452 pedidos no ano.

Casamento

Segundo o líder de Ventures e de novos negócios da Qualcomm para a América Latina, Carlos Kokron, o importante é promover o casamento entre o capital humano e o capital financeiro. “Venture capital (capital de risco) é a ferramenta que permite tornar a riqueza intelectual em financeira”, afirma. Para Kokron, o País pode melhorar em P&D e se tornar mais relevante no cenário mundial. “Primeiro, é importante traçar metas ambiciosas de médio e longo prazo; são ações que muitas vezes tomam anos, ou décadas”, diz, citando como exemplos Israel e Taiwan, que conseguiram promover reviravoltas para permitir o crescimento em inovação. “Cada país é específico, tem contexto geográfico não reproduzível, mas todos eles se caracterizam por ter um plano de governo assertivo de médio e longo prazo”, complementa Rafael Steinhauser.

As conclusões são semelhantes ao "Projeto Brasil Digital Inovador e Competitivo 2015-2022”, baseado em estudo realizado pela consultoria LCA por encomenda da Telebrasil e divulgado na semana passada durante o Painel TELEBRASIL 2014, em Brasília. Atualmente o País ocupa a 57ª posição no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial e, de acordo com a associação, com a implantação das medidas propostas, que envolvem esforços do setor público e privado, o Brasil poderá pular para a 30ª posição em 2018 e estar entre as 20 economias mais competitivas do mundo até 2022.

Perguntado se, assim como o projeto do Telebrasil, a Qualcomm pretende entregar as conclusões do levantamento da Convergencia Research aos candidatos à presidência, o diretor sênior de relações governamentais da fabricante de chipsets, Francisco Giacomini Soares, disse que está avaliando. “O diagnóstico tem algumas recomendações. O que vamos fazer com isso, se vamos entregar ao governo ou a candidatos, não temos ainda uma decisão tomada”, diz, ressaltando que os estudos não são conflitantes, mas complementares. “É importante ter esse feedback”.

QuISI Governo

Já a penetração das TICs no governo mostrou um índice maior, com pontuação de 51,54 ante aos 100 pontos possíveis. Como são usadas diferentes métricas e fontes para efetuar a avaliação, o QuISI Governo do Brasil não pode ser comparado com o de outros países. Com índice de 77,02, a conectividade interna (G2G) é “praticamente universal nas três esferas (federal, estadual e municipal)”. Já a interação do governo com o cidadão obteve nota 52,94, em particular no âmbito federal, mas com parcela de serviços para dispositivos móveis (m-gov) “insipiente”.  Na relação com empresas, o governo conseguiu “boa acessibilidade”, com 76,31 pontos, em especial devido à facilidade com serviços de impostos.

Com 22,30 pontos, a educação pública mostrou ainda um grande gargalo, em especial considerando a conectividade em 52% das escolas com ensino básico e fundamental. Na saúde, o Brasil obteve 28,99 pontos: apesar da “alta informatização entre ministérios e secretarias”, apenas 26% das unidades e postos de saúde são conectados.

O índice da Qualcomm ressalta ainda o serviço de conectividade patrocinada, o 0800 Dados, destacando que, entre as principais oportunidades do País, a penetração da mobilidade é um dos fatores mais atrativos para o desenvolvimento das TICs. Em escolas, por exemplo, a companhia “defende a conectividade móvel por meio de 3G e 4G, que talvez seja mais eficiente para que a escola não tenha a responsabilidade da manutenção de rede”, conforme explica Francisco Soares.

Média geral

Na junção de todas as categorias do QuISI, considerando ainda uma ponderação menor da Internet das Coisas por sua baixa penetração no mundo, o Brasil ficou com 29,04 pontos, dos 100 possíveis. “A oportunidade clara é na banda larga móvel, e o desafio é melhorar o preço e a qualidade”, diz o estudo da Convergencia Research.

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