15 de setembro de 2014

Os desafíos da educação no Brasil

EDITORIAIS
editoriais@uol.com.br, Folha de S.P., 15/9/2014

Má educação

Os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) relativos a 2013 deixam pouco espaço para otimismo quanto aos rumos do ensino no Brasil.
Verdade que, no fundamental 1 (até a 5ª série), o cenário é positivo. A meta do Ministério da Educação para 2013 (indicador 4,9) havia sido ultrapassada no exame anterior, de 2011, quando o resultado foi 5.
No ano passado, houve novo avanço, e o índice --calculado a partir das notas em testes de matemática e português e de taxas de reprovação a cada nível-- chegou a 5,2. Ainda longe, contudo, do objetivo de longo prazo: alcançar, até 2021, a nota 6, patamar equivalente à média obtida nos países ricos.
O governo imaginava, de todo modo, que os progressos registrados nos anos iniciais do ensino fundamental viessem a alavancar, numa reação em cadeia, os indicadores das etapas seguintes.
A hipótese viu-se desmentida pelos dados ora divulgados. Pela primeira vez desde o começo da série, em 2005, os anos finais do ensino fundamental não atingiram o resultado esperado --o objetivo era 4,4, mas a nota passou de 4,1 para 4,2. No ensino médio, o resultado de 2011 (3,7) repetiu-se em 2013, e a meta (3,9) não foi batida.
Tal desempenho constitui mais uma evidência de que o ensino no Brasil precisa passar por urgentes transformações, e não faltam debates com essa perspectiva.
A discussão recente centrou-se nos aspectos financeiros. Sancionado pelo governo, o Plano Nacional da Educação determina que, até 2024, 10% do PIB seja destinado a esse setor (hoje são quase 7%).
Dinheiro ajuda, mas nem sempre a solução passa por esse caminho --sujeito aos desvios da corrupção e da ineficiência. Diante das restrições orçamentárias que o Brasil enfrenta, é crucial buscar respostas de outra natureza. Por exemplo, revendo práticas escolares e promovendo reformas curriculares com vistas a estabelecer o conhecimento mínimo que os alunos deveriam possuir em cada estágio.
Além de fixar um padrão nacional, a medida ajudaria na formação dos professores --que poderiam aprender a ensinar os conteúdos desse currículo unificado.
Hoje, a decisão sobre o que será ministrado cabe aos Estados, aos municípios e até aos colégios. O docente, a cada novo local de trabalho, precisa passar por um custoso processo de adaptação.
Transformar essa babel pedagógica numa torre racional representaria importante ganho de eficiência para uma área que há muitos anos não sabe o que são resultados animadores.

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