22 de setembro de 2014

Escola do Pará é exemplo de boa prática no enfrentamento da violência


A escola Celso Malcher virou exemplo de ação no combate à violência escolar
Da Redação
Agência Pará de Notícias
Atualizado em 21/09/2014 16:58:00
Os resultados da pesquisa “Jovens (de 15 a 29 anos) em escolas: Quem são, o que pensam e suas expectativas sobre educação”, coordenada pelas pesquisadoras Miriam Abramovay e Mary Garcia Castro, e a apresentação do projeto de Prevenção à Violência, iniciativa que a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais desenvolverá em parceria com o Ministério da Educação (MEC) em sete unidades da federação, levaram a Brasília gestores escolares de todo o Brasil na quinta-feira, dia 18.
Do Pará, representando a rede estadual pública de ensino, foram gestores escolares de estabelecimento da Terra Firme, para participar do encontro que contou com a presença do Ministro da Educação, Henrique Paim.
Luiz Malato, diretor da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. Celso Malcher, apresentou as boas práticas da escola no enfrentamento da violência e já sabe que com essas iniciativas hoje colhe bons frutos. “Eu quero que os alunos e a comunidade possam entrar na escola, se sentir bem, se sentir acolhidas e respeitados. Resultado disso é que obtivemos o melhor Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb) do Estado do Pará”.
No âmbito do Pacto pela Educação do Pará, o resultado da Celso Malcher corresponde à meta do programa que vai, até 2017, transformar o Estado em referência nacional na melhoria da qualidade da educação.
No evento em Brasília, que reuniu diretores de escolas públicas de todas as regiões do Brasil, o diretor Luiz Malato ressaltou o trabalho desenvolvido no Observatório da Violência e das Juventudes na escola da Terra Firme como instrumento de compreensão do imaginário da geração que frequenta essa escola, localizada em um bairro conhecido pela violência. “Com os resultados do Observatório, conseguimos sistematizar eixos de abordagem das questões relacionadas com a violência, como a depredação do patrimônio, a questão dos furtos na escola, das agressões físicas e verbais, do bullying, da homofobia”.
O diretor destacou que, com o observatório, foi-se construindo a prática de identificar cada problema apresentado na escola e como fazer com que esses problemas sejam contornados a partir de ações como palestras, reuniões e apoio de grupos parceiros. “Nós agregamos parcerias com o Governo do Estado, com o Pro Paz, com a Polícia Militar, que faz um policiamento ostensivo, mas também um trabalho de prevenção e combate às drogas. Conseguimos fazer parcerias com os Conselhos Tutelares e, mais recentemente, com o Programa Itaú Social, com o programa coordenador de pais. Isso são instrumentos que nos ajudam a melhorar e prevenir essa prática da violência na escola”.
Outras experiências
Durante o encontro, diretores de escolas de todo o Brasil trocaram experiências a partir dos relatos do cotidiano de suas escolas. Os diretores entendem que para se alcançar bons resultados, as escolas dependem de gestão, de prevenção e de formação dos professores. Muitas histórias, mesmo acontecendo em regiões distintas e de culturas diferentes, se encontraram. Gedeon Machado, por exemplo, gestor de escola de tempo integral no Piauí, lembrou que a pesquisa de amostragem deve ser fiel ao público. “Ouvir quem tem a vivência, a experiência da escola de ensino médio e de educação básica é fundamental”.
Mudar a cultura da violência nas escolas e fomentar um novo pensamento são os objetivos em comum. “Isso demanda muito tempo. Então, a distância entre os dados e a ação e políticas públicas é hoje o nó que precisamos desfazer”. Gedeon lembrou que hoje, temos direitos historicamente conquistados, mas que junto a isso não foi construída a capacidade do compromisso, tanto por quem se beneficia na escola como por quem trabalha nela. “Quando assumimos, a nossa realidade era violenta mesmo. Ao ponto de saber que alunos estavam armados em sala de aula e ameaçavam outros alunos e eu sabia que não poderia de forma nenhuma revistá-lo porque eu não tenho poder de polícia”.
Hoje a escola tem uma realidade diferente, com segurança e qualidade. “O filho do policial estuda na minha escola por que considera a escola tranquila. Conseguimos colocar o Conselho Escolar de forma muito atuante. E conseguimos proibir o uso de celular”.
Do extremo sul do país, vem outra experiência, a de Maria Silvarina, diretora de uma Escola de Ensino Médio de Porto Alegre desde 2011: a do Comitê Comunitário de Prevenção à Violência das Escolas, que ajudou a alcançar conquistas. “Ele é localizado por regiões. Então, fazemos reuniões mensais, para trocar experiências e com pessoas da Justiça, para resolução de conflitos e temos vínculos com entidades como a Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, que realizam palestras com os professores, pais e alunos, o que tem surtido excelente efeito”.
Maria ressalta que com o trabalho se diminui a violência e, cada vez que surge um conflito, a comunidade, junto com as entidades parceiras, trabalha pelo bem comum. “Juntos tentamos encontrar alternativas para solucionar os problemas que ainda se apresentam em nossa escola”.
Silvia Leão
Secretaria de Estado de Educação

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