Contra a ditadura, ajudou JK e outros amigos
MURILO ZARDODA EDITORIA DE TREINAMENTO
Em 1973, ao receber Juscelino Kubitschek para um jantar em seu apartamento em Brasília, Vera Brant ouviu a seguinte frase do conterrâneo de Diamantina (MG): "Você não imagina o quanto me está fazendo feliz!".
Era a primeira vez em nove anos que o ex-presidente retornava à cidade que fundou e na qual estava proibido de pisar desde o golpe de 1964.
O risco da visita não intimidou Vera. Corajosa, jamais mediu esforços para ajudar os amigos em dificuldades por se oporem à ditadura.
Entre eles estavam Oscar Niemeyer, Fernando Henrique Cardoso e Darcy Ribeiro, cuja amizade cultivava desde a infância em Minas Gerais.
Mudou-se do Rio para Brasília em 1960. Como inspetora de ensino do Ministério da Educação, colaborou com Darcy na fundação da UnB (Universidade de Brasília).
Mais tarde, demitida por sua oposição ao golpe militar, passou a atuar como corretora de imóveis, tornando-se uma empresária de sucesso do ramo na capital federal.
Vera também foi escritora. O primeiro livro, "A Ciclotímica" (1975), recebeu elogios dos amigos e poetas Cora Coralina e Carlos Drummond de Andrade. A troca de correspondências com Drummond deu origem a outra obra: "Carlos, Meu Amigo Querido" (1990).
Independente, nunca se casou nem teve filhos.
"Os homens que eu mais amei, eu não namorei", dizia ela sobre os amigos. Não deixou, porém, de ser mãe, criando três sobrinhos, nem avó dos seis sobrinhos-netos.
Morreu em casa no domingo (14), aos 87 anos, devido a complicações causadas por um câncer na laringe.
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