Ao completar 16 anos, o jovem brasileiro começa a entrar na alça de mira da violência e entra numa faixa etária em que tem maior risco de ser assassinado. O ápice chega quando se completa 20 anos. É essa a “idade da morte”, quando a taxa de homicídios alcança seu maior patamar: 76,3 para cada 100 mil habitantes –enquanto a taxa média nacional é de 29 para cada 100 mil.
Os dados fazem parte de um levantamento complementar do Mapa da Violência, feito pelo professor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais no Brasil, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, e leva em conta os dados do Subsistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde. A pedido do UOL, ele levantou a taxa de homicídios e número de pessoas assassinadas por idade em 2012 –ano mais recente com dados no sistema.
Em 2012, 2.473 jovens de 20 anos foram mortos de forma violenta. Além de maior número relativo, nenhuma outra idade teve tantas pessoas mortas em número absolutos como aos 20 anos. Entre 1980 e 2012, esse taxa de homicídios aumentou 272% entre os jovens de de 15 a 29 anos.
Segundo os dados, apenas abaixo dos 13 anos e após os 62 anos é que a taxa de homicídios tem índices toleráveis segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). A instituição classifica taxas acima de 10 mortes por cada 100 mil como ‘epidêmicas.”
No Brasil, para jovens de 14 anos, essa taxa já é de 12,3 para cada 100 mil. Aos 15 dobra e chega a 24,2.
Se fizéssemos uma comparação dos índices de jovens mortos entre 17 e 29 anos no Brasil com as taxas de homicídios de outros países, em todas as idades, o país estaria na segunda colocação de país mais violento do mundo, segundo ranking da OMS (Organização Mundial de Saúde) –ficaria atrás apenas de Honduras, o mais violento do mundo, com taxa de 103,9 homicídios por cada 100 mil.
Para Julio Jacobo Waiselfisz, a curva de aumento da violência na juventude é reflexo da exclusão etária e social do Brasil.
“Essa curva vai intensificando barbaramente a partir dos 14, ano a ano, e chega às ‘nuvens’ aos 20 anos. É nessa faixa que onde se concentra o extermínio da nossa sociedade. Normalmente são jovens negros, pobres, que moram na periferia urbana, têm pouca escolaridade e poucas oportunidades”, afirma.
Para o sociólogo, o Estado não protege o jovem como deveria e peca não só por omissão, mas também por ação.
“São bairros que têm pouca ou nenhuma segurança. Quando a polícia entra, ninguém sabe o que pode acontecer. Volta e meia a gente vê protestos no Rio, em São Paulo em outras cidades porque jovens foram exterminados à queima roupa por aquelas instituições que deveriam preservar a vida”, diz.
Aumento sem controle
O número de homicídios no país teve uma escalada nos últimos anos, puxada pelas mortes por arma de fogo.
“Em 1980, 71,6% das mortes de jovens por armas de fogo enquadravam-se na categoria homicídios. Em 2012, seu uso para cometer homicídio torna-se quase absoluto: 95,9% das mortes por arma de fogo foram homicídios”, aponta o Mapa da Violência 2015.
O estudo alerta também para uma tendência já verificada em outro levantamento, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que aponta que os jovens negros são mais vítimas de assassinatos que os brancos.
A situação de vulnerabilidade dos jovens também é mais preocupante nas capitais.
“A taxa de mortalidade por arma de fogo entre os jovens das capitais, de 72,5 óbitos por 100 mil jovens em 2012, mais que duplica em relação à taxa do conjunto da população das capitais, que nesse ano foi de 31,2 mortes por 100 mil habitantes, claro indicador dos níveis imperantes de vitimização juvenil nas capitais”, informa o texto.
Fonte: Bol.com.br
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