Governo lança iniciativa para mensurar problema, camuflado pelos que preferem dormir em sofás a abrigos
Duane Taylor estudava ciências humanas numa faculdade pública e vivia num apartamento quando perdeu o emprego. Então ele encontrou um segundo emprego, e o perdeu. E um terceiro.
Agora, com "padrões reduzidos" e um emprego incerto num fast-food de Seattle, Taylor, 24, não ganha o suficiente para alugar um apartamento ou dividir um com outra pessoa. Ele dorme numa esteira num abrigo para sem-teto, exceto quando passa a noite no sofá de sua irmã.
"Posso perder meu emprego a qualquer momento", diz ele. "Quero conseguir me sustentar. É minha única meta."
Dezenas de milhares de jovens subempregados ou desempregados nos EUA, muitos com histórico de trabalho ou de estudo universitário, têm dificuldade em encontrar moradia na esteira da recessão, que deixou aqueles entre 18 e 24 anos com o índice de desemprego mais alto.
Jovens que podem voltar a viver com os pais -"o contingente bumerangue"- têm sorte. Isso não é possível para famílias como a de Taylor, vítimas da recessão. A mãe dele mal pode se sustentar trabalhando em uma lavanderia.
Sem endereço estável, eles formam um grupo que, em sua maioria, dorme em sofás em casas de amigos ou escondidos em carros na esperança de evitar o estigma de ser sem-teto, em uma fase difícil que esperam ser temporária.
PROBLEMA INVISÍVEL
Esses adultos jovens formam o novo rosto da população americana de sem-teto. Mas o problema se conserva, em sua maior parte, invisível.
A maioria dos governos volta a atenção às famílias de sem-teto e não se esforça para identificar adultos jovens, que tendem a evitar abrigos.
O índice de desemprego e o número de adultos jovens que não podem pagar a faculdade "apontam para um aumento dramático no número de sem-teto" dessa faixa etária, disse Barbara Poppe, diretora do Conselho Americano Interagências sobre Sem-Teto.
O governo lançou uma iniciativa em nove comunidades, em sua maioria em cidades grandes, para buscar pessoas de 18 a 24 anos sem endereço fixo. Nova York, Houston, Los Angeles e Boston estão entre elas. "Uma de nossas primeiras abordagens é buscar uma estimativa mais exata", disse Poppe, cuja agência coordena o esforço.
Os setores que prestam serviços aos pobres dizem que a recuperação econômica não está aliviando o problema.
"Anos atrás, não víamos universitários esperando para falar com assistente social porque estão vivendo na rua", disse Andrae Bailey, do Centro Comunitário de Alimentação e Apoio, uma organização beneficente da Flórida. "Hoje isso é comum."
Los Angeles fez a primeira tentativa de contabilizar os casos em 2011. Foram 3.600, mas os abrigos só tinham capacidade para 17% deles.
"Os outros ficam por conta própria", declarou Michael Arnold, da Autoridade de Serviços para Sem-Teto de Los Angeles. "Quando se inclui quem está dormindo em sofás, esse número aumenta exponencialmente."
Tradução de CLARA ALLAIN
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