20 de outubro de 2017

Professores pedem atuação de psicólogos e assistentes sociais nas escolas



Correio do Estado, 19/10/2017



Professores da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande cobraram a atuação urgente de assistentes sociais e psicológos nas escolas como forme de evitar suícidio entre os jovens. Clamor foi feito ontem, durante a o "1º Fórum de Discussão de Combate ao Suicídio - Falar é a melhor solução", realizado na Câmara Municipal.
Fórum discutriu sobre a prevenção e combate ao suicídio,com objetivo de desenvolver políticas públicas de atendimento ao cidadão.
“A situação é muito grave e séria. Convivemos diariamente com relatos de alunos em situação de vulnerabilidade social. São alunos que apresentam quadros pré depressivos e até de depressão, inclusive com mutilações. Crianças e adolescentes em situações de potencial suicídio. Nós, como professores, não temos condições de atender essa demanda que se instalou nas escolas e hoje é uma verdadeira epidemia no país. Precisamos da atuação de profissionais preparados para identificar esses quadros, fazerem um tratamento adequado e um encaminhamento oportuno. Sozinhos não vamos conseguir!”, disse uma das professoras, que preferiu não ser identificada.
Médico psiquiatra Juberty Antônio de Souza concordou com a professora e afirmou que é necessária uma campanha especificamente contra o suicídio, tanto nas escolas, como em locais de trabalhos e em casa. O médico afirmou ainda que, apesar da maior concentração de casos estar entre adolescentes e adultos jovens, existem muitos casos de depressão entre os professores.
“É uma das profissões mais sobrecarregadas no momento e é preciso estar bem para atender alguém. É preciso uma atuação multidisciplinar nas escolas, com envolvimento de assistentes, psicólogos e a saúde pública. Devemos trabalhar com prevenção e tratamento aos casos identificados”, ressaltou Juberty.
Vereador Carlão (PSB) afirmou que levará a questão para o prefeito Marcos Trad (PSD) e cobrará execução das Leis 5.613/15 e 5.192/13, que dispõe sobre a obrigatoriedade da atuação do assistente social nas escolas e Centros de Educação Infantil (Ceinfs) de Campo Grande.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Conforme dados do Ministério da Saúde, em média, 11 mil pessoas cometem suicídio por ano no Brasil. Mato Grosso do Sul aparece em quarto lugar no ranking de mortes por suícidio, segundo o Mapa da Violência.
Dados apresentados pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) durante o fórum apontam que, somente em Campo Grande, foram registrados 331 suícios de 2010 a 2016 e 851 tentativas apenas no ano passado, principalmente entre os jovens, o que causa preocupação no poder público.
Vereador Carlão afirmou que campanha de conscientização, como o Setembro Amarelo, não tem dado resultado.
“Tem que ter políticas públicas mais firmes, mais consistentes. O Poder Público não pode trabalhar só com campanhas e através de Caps [Centro de Atenção Psicossocial]. Precisa enfrentar isso de frente, sabendo que é um problema que está crescente”, disse o vereador.
Já a vereadora Enfermeira Cida (PTN) ressaltou que é importante discutir o suicídio e conscientizar sobre a depressão. Conforme Juberty, 90% das pessoas depressivam tiram a própria vida.
“A gente precisa ir pras escolas, fazer palestras, precisamos levar a depressão a sério. O índice de suicídio é atribuído a depressão, que nem sempre as pessoas acreditam que é uma doença real”, declarou.


Advogada Laura Cândia, que já tentou o suícidio por duas vezes, afirmou que há necessidade de valorizar a família como forma de prevenção.
“O caminho para tudo iso tem que ser atraves do dialogo, da reestruturação da família, de resgatar a família, porque a família hoje esta desintegrada e não educa mais seu jovem, ele é jogado para a escola educar ele. Não tem mais aquele amor, aquela união em casa. Não tem mais conselhos e conversa. Quando se chega em casa cada um procura seu espaço e fica isolado. Então falta o dialogo”, pontuou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário