22 de outubro de 2017

Bullying e violência nas escolas ainda são temas sem diagnostico no país


Bullying e violência nas escolas ainda são temas sem diagnostico no país

O Brasil não tem um mapeamento claro sobre a dimensão da violência dentro das escolas. Não há estudos abrangentes sobre a temática, o que, segundo especialistas, dificulta não só um diagnóstico do problema, mas também uma intervenção mais adequada.
Miriam Abramovay, que pesquisa sobre violência nas escolas, afirma que não é possível saber quais são os fatores de risco, tampouco possíveis estratégias de proteção.
"Estados e municípios não querem ver expostos dados negativos, muito menos sobre a violência nas escolas", diz ela, ligada à Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). Para ela, escolas do sistema privado podem ser ainda mais resistentes.
Em parceria com o Ministério da Educação e a OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos), a Flacso realizou uma pesquisa em 2015 com 6.700 estudantes das sete capitais mais violentas do país. Divulgado no ano passado, é o último levantamento de maior fôlego feito no Brasil.
Quatro em cada dez estudantes (do 6º ano do ensino fundamental ao 3º do médio) afirmaram já terem sofrido violência física ou verbal dentro da escola no último ano.
Em 65% dos casos, o agressor foi um colega –15% assumem já ter cometido alguma violência. Um quarto das agressões relatadas ocorreram dentro da sala de aula.
A psicopedagoga Quézia Bombonatto afirma que a problemática envolve alunos, escolas e famílias. "As escolas precisam sempre conversar com o grupo, é um trabalho que precisa ser feito permanentemente, sem esperar que algo aconteça", diz ela, conselheira vitalícia da Associação Brasileira de Psicopedagogia.
Mudanças de comportamento, queda de rendimento e desinteresse em ir à escola, por exemplo, podem ser sinais de que algo pode estar errado. "Tanto a vítima de ataques quanto o algoz precisam de atendimento."
A falta do diagnóstico não significa que nada tem sido feito. Nas escolas públicas de ensino fundamental, 74% dos diretores dizem que têm projetos com a temática da violência e 83%, sobre bullying. Os dados são do questionário da Prova Brasil de 2015. 


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