EDITORIAIS
editoriais@uol.com.br, 14/5/2013
Foi-se o tempo, provavelmente, em que era costume falar da escola e da rua como lugares opostos, destinos capazes de definir de modo desejável ou dramático o futuro da criança ou do adolescente.
A rua, nesse sentido, invadiu a escola: esta é a conclusão sugerida nos resultados de pesquisa encomendada pelo sindicato dos professores do Estado de São Paulo.Ouvidos 1.400 professores, de um total de 230 mil, relata o instituto Datapopular que 44% já sofreram algum tipo de agressão (física ou não) nas escolas da rede pública. Mais da metade diz ter presenciado situações de vandalismo.
Uma assustadora maioria (84%) conta ter sabido de casos de agressão. O consumo de drogas seria o motivo desse comportamento, segundo 42% dos entrevistados.
Conhecem-se, pelo noticiário, episódios isolados de violência grave contra professores. O acontecimento pontual se traduz em rotina, todavia, a julgar pela pesquisa. Alunos e professores parecem correr mais risco dentro da escola do que se ficassem em casa.
A violência e as drogas perpassam toda a sociedade, sem dúvida, mas ressaltam no caso da escola os sintomas da impunidade. Por medo ou benevolência, autoridades tendem a ver nas infrações contumazes de adolescentes algo a combater sem maior firmeza.
O coordenador de Proteção Escolar da Secretaria da Educação, Felippe Angeli, declara seu interesse em atuar com as forças da ordem para coibir a ação do tráfico nas escolas. Assegura, ainda, que professores da rede estadual fazem cursos de capacitação para mediar conflitos e incentivar discussão e abordagens inovadoras.
Os professores estaduais, se for para contar todas as vezes que se fala em "capacitação", mal teriam tempo de se dedicar à sua atividade primordial, que é a de dar aulas.
Natural que nem sempre as deem. O absenteísmo dos docentes, ainda que reprimido em boa hora pelo governo do Estado, pode tornar-se em muitas situações nada mais do que uma válvula de escape --ou, em casos extremos, de resguardo da própria integridade.
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