Número de estrangeiros cresceu 447,9%, de 2010 para 2012, e saltou de 340 para 1.863; há estudantes da Bolívia, EUA, Rússia e China
26 de maio de 2013 | 2h 04
PAULO SALDAÑA, ADRIANA FERRAZ - O Estado de S.Paulo
Quando começaram as aulas, as primeiras lições foram
mais complicadas para as irmãs gêmeas Eleonora e Madalena, de 5 anos. Na
Escola Guilherme Rudge, no Belenzinho, zona leste da capital, não há
quem fale russo, a língua das garotas. Elas, porém, logo ganharam
fluência no português e hoje aprendem e conversam sem dificuldades com
professores e colegas da turma, composta de bolivianos, argentinos e
angolanos, além de brasileiros. A diversidade da sala reflete uma nova
realidade: em três anos, o número de estrangeiros cresceu 447,9% na rede
municipal.
As escolas ligadas à Prefeitura registraram 1.863 matrículas de alunos de outros países em 2012, os últimos dados disponíveis. Em 2010, eram 340. O retrato da rede é quase um encontro da Organização das Nações Unidas (ONU), com representantes de 55 países.
A maioria vem da Bolívia, por causa da intensificação do fluxo migratório para São Paulo. Colabora com o cenário uma portaria municipal, de 2006, que garante a matrícula de estrangeiros sem a necessidade de documentação. Atrás da Bolívia, aparecem Japão, Argentina e Paraguai. Há também crianças dos Estados Unidos, Grécia, Irlanda e Irã.
As únicas russas nas escolas municipais, porém, são Eleonora e Madalena. Nascidas em São Petersburgo, são filhas de pai brasileiro e mãe russa. A Advogada Svetlana Martynova, de 36 anos - que ainda não conseguiu a mesma desenvoltura no português como as filhas - diz que ficou impressionada com a adaptação. "Foi muito fácil, as professoras são muito boas e elas adoram ir para a escola."
A unidade tem 200 alunos, 11% de estrangeiros. A diretora Raquel Martins explica que já se acostumou com o mosaico cultural. "O primeiro passo é o acolhimento de todos, fazer com que eles façam parte. Depois é entendê-los e saber se eles nos entendem", diz. "A maioria é de bolivianos e da América do Sul, que é mais fácil. Os próprios alunos se habituam. Certa vez, um deles colocou um DVD em espanhol e traduziu para os outros."
Desafio. A melhor amiga de Eleonora é Camila, de 5 anos, cujos traços bolivianos não negam sua origem. O pai Augusto Merma, de 36 anos, que trabalha em confecção, diz que a experiência tem sido muito boa, diferentemente do que aconteceu com o filho mais velho, de 15 anos. "Ele se sentia discriminado, ficava isolado. Um dia apareceu com o olho roxo e não quis voltar para escola. Hoje mora com os avôs na Bolívia e, por isso, penso em ir embora."
Para lidar com o preconceito, as escolas devem oferecer uma acolhida especial, "que permita uma verdadeira inserção", explica a professora Neide Noffs, da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). "Na educação infantil, a integração costuma ser de forma natural. A criança se adapta mais rápido do que os mais velhos", afirma.
A direção da Escola Lombardi Braga, na Vila Leonor, zona norte, providenciou atendimento psicológico às mães de imigrantes - 40% dos alunos são bolivianos. "Alguns professores foram estudar espanhol. Os bolivianos não são mais minoria, participam de projetos e são excelentes alunos", diz a diretora Cleonice Alonso.
Jonatan Brian, de 12 anos, filho de boliviano, conta que tem amizade com todos e nunca viu casos de violência. "Não quero voltar para a Bolívia, aqui é muito melhor", diz. Ele e outros bolivianos, no entanto, permaneciam isolados antes da aula.
O secretário de Educação, César Callegari, diz que a pasta está atenta à questão. "Estamos procurando entender melhor os movimentos migratórios, mas não passa pelos nossos planos separar alunos ou criar salas ou escolas exclusivas."
As escolas ligadas à Prefeitura registraram 1.863 matrículas de alunos de outros países em 2012, os últimos dados disponíveis. Em 2010, eram 340. O retrato da rede é quase um encontro da Organização das Nações Unidas (ONU), com representantes de 55 países.
A maioria vem da Bolívia, por causa da intensificação do fluxo migratório para São Paulo. Colabora com o cenário uma portaria municipal, de 2006, que garante a matrícula de estrangeiros sem a necessidade de documentação. Atrás da Bolívia, aparecem Japão, Argentina e Paraguai. Há também crianças dos Estados Unidos, Grécia, Irlanda e Irã.
As únicas russas nas escolas municipais, porém, são Eleonora e Madalena. Nascidas em São Petersburgo, são filhas de pai brasileiro e mãe russa. A Advogada Svetlana Martynova, de 36 anos - que ainda não conseguiu a mesma desenvoltura no português como as filhas - diz que ficou impressionada com a adaptação. "Foi muito fácil, as professoras são muito boas e elas adoram ir para a escola."
A unidade tem 200 alunos, 11% de estrangeiros. A diretora Raquel Martins explica que já se acostumou com o mosaico cultural. "O primeiro passo é o acolhimento de todos, fazer com que eles façam parte. Depois é entendê-los e saber se eles nos entendem", diz. "A maioria é de bolivianos e da América do Sul, que é mais fácil. Os próprios alunos se habituam. Certa vez, um deles colocou um DVD em espanhol e traduziu para os outros."
Desafio. A melhor amiga de Eleonora é Camila, de 5 anos, cujos traços bolivianos não negam sua origem. O pai Augusto Merma, de 36 anos, que trabalha em confecção, diz que a experiência tem sido muito boa, diferentemente do que aconteceu com o filho mais velho, de 15 anos. "Ele se sentia discriminado, ficava isolado. Um dia apareceu com o olho roxo e não quis voltar para escola. Hoje mora com os avôs na Bolívia e, por isso, penso em ir embora."
Para lidar com o preconceito, as escolas devem oferecer uma acolhida especial, "que permita uma verdadeira inserção", explica a professora Neide Noffs, da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). "Na educação infantil, a integração costuma ser de forma natural. A criança se adapta mais rápido do que os mais velhos", afirma.
A direção da Escola Lombardi Braga, na Vila Leonor, zona norte, providenciou atendimento psicológico às mães de imigrantes - 40% dos alunos são bolivianos. "Alguns professores foram estudar espanhol. Os bolivianos não são mais minoria, participam de projetos e são excelentes alunos", diz a diretora Cleonice Alonso.
Jonatan Brian, de 12 anos, filho de boliviano, conta que tem amizade com todos e nunca viu casos de violência. "Não quero voltar para a Bolívia, aqui é muito melhor", diz. Ele e outros bolivianos, no entanto, permaneciam isolados antes da aula.
O secretário de Educação, César Callegari, diz que a pasta está atenta à questão. "Estamos procurando entender melhor os movimentos migratórios, mas não passa pelos nossos planos separar alunos ou criar salas ou escolas exclusivas."
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