9 de março de 2013

Acre é o 14° estado mais violento para mulheres


08/03/2013 20h05 - Atualizado em 08/03/2013 20h05


São 6,4 homicídios a cada 100 mil mulheres na capital acreana.
Rio Branco é a décima capital brasileira mais violenta no mesmo ranking

Veriana RibeiroDo G1 Acre

Joelda, diretora de Direitos Humanos da SEPM explica sobre os tipos de violência contra a mulher.  (Foto: Yuri Marciel/ G1)Joelda Pais explica sobre os tipos de violência contra
a mulher. (Foto: Yuri Marciel/ G1)
Acre é o 14° estado mais violento em relação ao número de homicídios femininos. Nas capitais brasileira, Rio Branco é a 10° capital mais violenta do país para as mulheres, com 6,4 homicídios a cada 100 mil mulheres. Os dados são do Mapa da Violência sobre o Homicídio de Mulheres no Brasil realizado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), publicado em 2012.
Segundo a diretora de Direitos Humanos da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Acre (SEPM), Joelda Pais,  de 2010 a 2012 foram registrados 54 homicídios de mulheres, sendo 20 homicídios em 2012, 12 homicídios em 2011 e 16 no ano de 2012. Nesses últimos três anos também foram registrados 6.122 boletins de ocorrência de casos de violência contra mulheres.
Em Rio Branco, a Casa Rosa Mulher é o centro de referência de atendimento à mulher. Segundo a coordenadora da instituição, Vanessa Motta uma média de 2 mil mulheres foram atendidas no local em 2012.
Na segunda maior cidade do Acre, Cruzeiro do Sul, o número de denúncias de violência contra a mulher aumenta a cada ano. A delegada Carla Ívane de Brito, da Delegacia de Proteção à Mulher de Cruzeiro do Sul, explica que em 2012 foram instaurados 311 inquéritos, um acréscimo de 110% em relação ao ano anterior. Só nos dois primeiros meses de 2013 a polícia já abriu 45 procedimentos de investigação.
Rosalina de Oliveira Souza, coordenadora do Centro de Referência de Cruzeiro do Sul avalia que os trabalhos de prevenção realizados com grupos de mulheres pela cidade têm despertado as vítimas. “Nós sabemos também que com a vinda de uma delegada, as mulheres ficam mais a vontade para relatar o que estão passando. Nada contra o delegado que atendia anteriormente, mas hoje é uma conversa de mulher pra mulher”, avalia.
Em 2011, por exemplo, foram registrados 140 inquéritos por agressão. No ano passado, este número chegou a 311 casos, sendo 3 homicídios e duas tentativas de assassinato. Nos dois primeiros meses de 2013 a polícia já abriu 45 procedimentos de investigação.
Os homicídios femininos ou feminicídios acontecem geralmente na esfera domésticas. Segundo a pesquisa do Cebela, 68,8% das mulheres que sofrem violência doméstica no Brasil sofrem as agressões em suas residências, e 42,5% dos casos é realizado por parceiros ou ex-parceiros.
Tipos de Violência
Os maiores índices de violência contra a mulher são de violência física, segundo Joelda Pais, Diretora de Direitos Humanos da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SEPM). "Pelas estatísticas, os índices mais altos são de agressão física, mas quando acontece esse tipo de agressão significa que os outros tipos de violência estão acontecendo há algum tempo"  comentou a diretora da SEPM.
A violência doméstica que constitui crime pode ser classificada em cinco tipos, sendo elas violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. A violência física é a mais conhecida, sendo aquela em que há agressão a integridade ou saúde ao corpo mulher.
Também existe a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que cause dano emocional e diminuição da autoestima, limitando as possibilidades da mulher crescer como pessoa, tentando degradar ou controlar ações, comportamentos, crenças e decisões. "Por exemplo, não deixa a mulher estudar ou não deixa ir no posto de saúde fazer algum tipo de atendimento, tem casos que não deixa a mulher nem ir à igreja" explicou Joelda.
Violência sexual é  aquela conduta que obriga a pessoa a presenciar,  manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. "É quando a pessoa força uma relação sexual quando a mulher não quer, às vezes isso acontece dentro do próprio matrimônio e a mulher não sabe que isso é violência sexual. O estupro vai além da Lei Maria da Penha, chega ao código penal", comenta a diretora da SEPM.
 Também é considerada violência sexual induzir alguém a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição.
É entendido como violência patrimonial qualquer comportamento que configure retenção, destruição parcial ou total de objetos "É quando o homem destroi objetos da mulher, documentos, objetos de trabalho, as vezes ate a própria casa", afirma Joelda.
O último tipo é a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. "É quando faz insinuações das atitudes morais dela, dizendo que ela vai para escola só para trair ou que ela não é confiável", falou a diretora de direitos humano da SEPM
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