8 de março de 2013

Mortes por arma de fogo se espalham


Jornal de Comercio, PE, 8/3/2013

PESQUISA Mapa da Violência mostra que, nas últimas três
décadas, óbitos provocados por armas de fogo se
descentralizaram, migrando de grandes centros para Estados
menores

SÃO PAULO - Na última década, o Brasil viveu uma descentralização da violência por armas de fogo.
Estados que ocupavam posições entre os primeiros da lista, a exemplo de Rio de Janeiro e São Paulo,
registraram quedas, enquanto outras unidades da federação, antes com índices reduzidos, galgaram
colocações. É o que mostra o Mapa da Violência, publicado pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-
Americanos e pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais.
De acordo com o documento, a mortalidade por armas de fogo aumentou, de 1980 a 2010, 346% no País.
No mesmo período, a população brasileira cresceu 60,3%.
Estado com a maior taxa de mortalidade por armas de fogo em 2000, com 47 óbitos por 100 mil
habitantes, o Rio de Janeiro aparece nesta edição em oitavo lugar (26,4 mortes/100 mil habitantes em
2010). Sexto lugar uma década atrás, São Paulo despencou para a 24ª posição em 2010, apresentando uma
redução de 67,5%.
De acordo com Julio Jacobo Waiselfisz, sociólogo coordenador do estudo, o Brasil experimentou, entre
2000 e 2010, uma interiorização e uma descentralização da violência por armas de fogo. "Isso é explicado
por vários fenômenos justapostos: descentralização do desenvolvimento econômico, que esgota um
modelo centrado em grandes regiões metropolitanas, refluxo migratório e a criação de novos polos
industriais", como Camaçari (BA) e Suape (PE).
Como resultado, houve uma expressiva concentração populacional fora das antigas áreas metropolitanas,
regiões que não contam com a mesma estrutura de segurança pública dos centros tradicionais. Ao mesmo
tempo, os investimentos em segurança pública na última década, entre eles a instituição do Fundo
Nacional de Segurança Pública, em 2000, priorizaram as regiões que ocupavam a lista do ranking dez
anos atrás.
Os dados do mapa mostram, por exemplo, que Alagoas, em 2000 com a nona pior taxa de óbitos por
armas de fogo no País (17,5 mortes/100 mil habitantes), ocupa em 2010 o topo do ranking. Já o Pará,
Bahia e Paraíba, que em 2000 ocupavam 24ª, 15ª e 16ª posição, respectivamente, aparecem dez anos
depois na terceira, quarta e quinta colocação, respectivamente. "A violência deixou de ser um problema
local e passou a ser nacional", conclui Waiselfisz.
O estudo considerou ocorrências de três tipos: óbitos acidentais, por agressão intencional de terceiros
(homicídios), autoprovocados (suicídios) ou de intencionalidade desconhecida, "cuja característica
comum foi a morte causada por uma arma de fogo".

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