19 de maio de 2015

Olhares sobre a Educação Integral

19 de maio de 2015
"Mais do que ampliar o tempo de permanência na escola, a educação integral oferece condições para o desenvolvimento pleno dos alunos e para a redução de desigualdades" afirma Antônio Matias

Fonte: Revista ISTOÉ



Melhorar a qualidade do ensino para crianças, adolescentes e jovens brasileiros é uma meta que passa pela adoção da educação integral. Este conceito, porém, vai muito além de simplesmente aumentar o tempo que os alunos ficam na escola. É necessário adotar práticas educacionais consistentes, que possibilitem o desenvolvimento pleno de cada aluno. A construção de uma educação integral de qualidade exige a integração entre os saberes da escola, família, comunidade e o acesso aos potenciais educativos das cidades.
Pesquisas importantes ("Equity and Quality in Education”; “Making Reforms Happen”; “Educação Integral/Educação integrada e(m) tempo integral”) apontam a relevância da educação integral e a transformação que ela promove, quando bem estruturada e desenhada, impactando positivamente os alunos, os educadores e a comunidade. Em um cenário em que o Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado em 2014, fortalece a adoção da educação integral no País – prevista na Meta 6 –, nosso desafio é apostar em experiências pedagógicas que aproveitem a oportunidade oferecida pela ampliação da jornada escolar.
Diferentes modalidades de educação integral podem ser implantadas e as opções devem ser avaliadas considerando as potencialidades e necessidades locais, sempre ampliando as possibilidades de aprendizagem dos alunos. Com a aprovação do PNE, Estados e Municípios devem rever ou elaborar planos de Educação, até junho deste ano. É uma oportunidade de agirem em conjunto com vários setores da sociedade para formularem ou revisarem políticas de educação integral buscando maior aprendizagem e equidade educacional.
Com o lançamento do Programa Mais Educação, do Ministério da Educação (MEC), em 2007, a educação integral ganhou mais espaço na agenda brasileira, o que representou um marco importante para impulsionar novos projetos e programas e fortalecer iniciativas existentes, como o Prêmio Itaú-Unicef, que desde 1995, têm contribuído com a reflexão e mobilização sobre o tema.
Para a implantação desta alternativa pedagógica com qualidade, é preciso recorrer a situações de aprendizagem que possibilitem a ampliação de repertórios e favoreçam o protagonismo das crianças, adolescentes e jovens em sua própria comunidade e município. Atividades diversificadas no currículo somadas ao aproveitamento dos diversos espaços públicos e privados – como museus, parques, bibliotecas, teatros e centros esportivos – representam a chance de uma compreensão vasta da realidade, enriquecida ainda pelo convívio familiar e comunitário.
Esse conhecimento dota os alunos de meios para se tornarem cidadãos que vão influenciar os rumos do País, contribuindo para a redução das desigualdades. O desafio de garantir educação de qualidade para todos exige a articulação dos mais diversos setores da sociedade – Estado, empresas e organizações sociais sem fins lucrativos.
Nesse contexto, reconhecer e incentivar a exploração de diferentes espaços educativos para favorecer o aprendizado e proporcionar o desenvolvimento integral exige uma articulação intersetorial, envolvendo diversas secretarias municipais e estaduais, como Cultura, Esportes e Assistência Social. Para fomentar tal articulação, é necessário mobilizar os municípios para identificar oportunidades de ação, mapear espaços, formar parcerias com projetos, ONGs e universidades, além de envolver a sociedade a fim de pensar conjuntamente as necessidades e tornar a cidade corresponsável pelo projeto.
A educação integral será o resultado daquilo que for criado e construído em cada escola, em cada rede de ensino, de forma participativa, e que envolva a sociedade como um todo para ampliar os tempos, os conteúdos e os espaços de aprendizagem, visando a garantir o direito à educação pública de qualidade.
Para ampliar e enriquecer o debate sobre o tema da educação integral, que já é realidade e deve ser ampliada no País, o movimento Todos pela Educação e a Fundação Itaú Social organizaram encontros com representantes do poder público e da sociedade civil.

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