Correio Braziliense de 15 de agosto
A Universidade de Brasília (UnB) foi criada nos termos da Lei n. 3.998 de 15/12/1961. No inciso II do artigo 28 de seu Estatuto, consta como um dos seus objetivos essenciais é "preparar profissionais e especialistas altamente qualificados em todos os ramos do saber, capazes de promover o progresso social, pela aplicação dos recursos da técnica e da ciência". Apesar das crises tão bem registradas por Roberto Salmeron no livro: "A Universidade Interrompida", ela cumpriu com admirável sucesso essa missão, formando cientistas que hoje produzem conhecimentos relevantes em diversas áreas de conhecimento. Por limitação de espaço e a título de ilustração, mencionarei alguns exemplos de egressos da UnB que hoje ocupam posição de destaque no cenário científico da área biomédica.
Destaco inicialmente dois biólogos que iniciaram a sua formação científica quando ainda cursavam o ensino médio: Sidarta Ribeiro e Dario Zamboni. São exemplos que justificam o estímulo à formação científica ainda no ensino básico. Sidarta após graduar-se em Ciências Biológicas, fez o mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro e o doutorado na Rockefeller University. Após um pós-doutorado na Duke University retornou ao Brasil. Atualmente é o diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. É um neurocientista de renome internacional e tem contribuído para o entendimento da fisiologia cerebral da aprendizagem e da memória. Dario graduou-se na UnB, obteve o doutorado na Universidade Federal de São Paulo e realizou um pós-doutorado na Yale University. Sua pesquisa tem como objetivo entender o processo inflamatório. Lidera na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) um grupo que recentemente publicou um trabalho relevante na revista Nature.
Outro par, com vida acadêmica impar, são: Luiz Vicente Rizzo e Edécio Cunha Neto. Ambos na década de 80 do século passado, quando ainda estudantes de graduação de Medicina, fizeram um estágio, durante o período de férias, na Harvard Medical School. Rizzo é hoje um dos superintendentes do Hospital Israelita Albert Einstein. Edécio é Professor da USP e lidera pesquisas que visam o desenvolvimento de vacinas contra o vírus HIV (AIDS).
Ainda no campo da medicina, destaco Paulo Hoff renomado oncologista brasileiro, que atua no Hospital Sírio Libanez de São Paulo e de Brasília. Outro destaque é John Ding-E Young que obteve o doutorado na Rockefeller University, descobrindo uma nova proteína, a perforina, que desempenha um papel importante no processo da imunidade.
No campo da biologia molecular destaco 04 cientistas formados na UnB: O primeiro, Samuel Goldenberg, mestre pela UnB e doutor pela Université de Paris VII. Atualmente é pesquisador titular e diretor do Instituto Carlos Chagas da FIOCRUZ do Paraná onde desenvolve projetos de fronteira, relacionados com a Doença de Chagas. O segundo, Spartaco Astolfi Filho, que na UnB, na década de 80, desenvolveu uma metodologia de produção de insulina através da engenharia genética. Atualmente é pesquisador na Universidade Federal do Amazonas, desempenhando um papel importante no desenvolvimento da biotecnologia na Amazônia. A terceira, Marilene Vainstein, mestre pela UnB, obteve seu doutorado na Universidade de Nottingham. Desenvolve pesquisas em biologia molecular de fungos tendo sido diretora do Instituto de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O quarto, Claudio Mello, ex-estudante de medicina da UnB, obteve seu doutorado na Rockefeller University. Hoje é pesquisador da University of Oregon. Claudio desenvolveu, utilizando como modelo o canto dos pássaros, pesquisas pioneiras sobre os mecanismos moleculares envolvidos no processo cognitivo.
Outro destaque é representado por João Batista Calixto, formado em Ciências Biológicas. Mestre e doutor pela USP, ele é responsável pela implantação de um dos melhores grupos de Farmacologia do País, na Universidade Federal de Santa Catarina. Tem também desempenhado papel importante na caça de novos talentos para a ciência.
O sucesso da UnB como celeiro de cientistas, é fruto da dedicação de seus professores e a programas de iniciação científica para estudantes universitários e do ensino básico e ao ambiente estimulante de seus cursos de Pós-Graduação. Parabéns UnB.
* Isaac Roitman é professor Emérito da Universidade de Brasília e Coordenador do Núcleo do Futuro (CEAM/UnB)
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15 de agosto de 2013
UnB: um celeiro de cientistas, Isaac Roitman
Postado por
jorge werthein
às
16:02
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