Diario Catarinense, 21/8/2013
Para Miriam Abramovay, doutora em Ciências da Educação pela Université Lumiere Lyon 2, na França, o episódio de segunda-feira é inédito e abre precedentes no Brasil. Ela coordena o Projeto Violência e Convivência nas Escolas Brasileiras, parceria da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), do Ministério da Educação e da Organização dos Estados Ibero-americanos,
Ela acredita que as questões da escola têm que ser resolvidas pelos profissionais da Educação e não da Segurança e da Justiça.
Eu espero que a escola se dê conta do que fez e da exceção que abriu no Brasil, não só por chamar a polícia, mas por deixar que o menino fosse atingido com choque. É gravíssimo o que ocorreu analisou a especialista em violência escolar.
Miriam acredita que houve uma inversão de papel total e completa no caso, pois a polícia tem o dever de cuidar da segurança fora das instituições de ensino.
É triste a escola não conseguir dar conta de seus alunos e o Conselho Tutelar mandar chamar a polícia. Infelizmente o que está ocorrendo na escola é consequência de acharem que as medidas repressivas podem resolver tudo o que acontece disse.
Mesmo que o jovem, lutador de judô, tenha apresentado comportamento agressivo em sala de aula, a estudiosa faz o alerta para que a sociedade tenha cuidado em não culpabilizar pessoas de classe sociais populares. Segundo relatos da direção da escola, o adolescente de 16 anos, que é pobre, morador de favela e filho de pais recicladores de papel, teria sido violento e se negado a deixar a sala de aula quando abordado pelo professor e pelo diretor do colégio localizado no Bairro Capoeiras.
E por ter um comportamento violento pressupõe-se que é um jovem ligado a drogas. Mesmo que fosse, o tratamento não é com taser, mas sim com medidas preventivas afirmou Miriam.
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